As exportações este ano atingiram a impressionante marca de 1,3 milhão de toneladas, totalizando US$ 848,5 milhões
O setor de rochas naturais do Espírito Santo consolidou sua liderança em 2024, representando 82% das exportações nacionais e alcançando o maior faturamento da última década. Com uma alta de 8,3%, foram exportadas 1,3 milhão de toneladas, totalizando US$ 848,5 milhões.
“De forma geral, o ano de 2024 apresenta um saldo positivo para o setor de rochas naturais, tanto no mercado interno quanto no externo. A expectativa é que o ano se encerre com um volume total de vendas na ordem de R$ 15 bilhões, considerando ambos os mercados”, explica o presidente do Sindirochas, Ed Martins.
O presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Tales Pena Machado, explica que o Estado lidera tanto no valor do que é comercializado como no peso. “O Espírito Santo mantém-se amplamente à frente dos demais estados nas exportações brasileiras de rochas naturais, respondendo por aproximadamente 82% do faturamento nacional e 75% do peso total exportado de janeiro a outubro de 2024”, afirma.
Esse desempenho, embora animador, deve ser analisado com cautela. Segundo Ed Martins, “a grande heterogeneidade do setor, em aspectos como porte das empresas, mercados de atuação, tipos de produtos comercializados e níveis de investimento, resulta em uma considerável variação nos resultados obtidos. Enquanto algumas empresas registraram expressivo crescimento em suas vendas, outras enfrentaram quedas em faturamento e resultados”.

Mas o momento é bom para o setor no Espírito Santo. Mesmo com a maior feira de mármore e granito do país tendo saído do Estado e migrado para São Paulo – agora com o nome de Marmomac Brazil 2025 –, o Espírito Santo ainda sairá beneficiado, acredita o presidente do Centrorochas.
“Para o Espírito Santo, essa transição traz benefícios importantes. A exposição ampliada e o acesso a novos mercados criam oportunidades significativas para as empresas capixabas”, acredita Tales.
Entre os desafios, Ed Martins destaca a deficiência na infraestrutura para o transporte de matérias-primas e o escoamento da produção. “Permanece essencial pleitear medidas que promovam a ampliação e a melhoria das nossas malhas rodoviárias e ferroviárias, além de fortalecer a infraestrutura portuária”, aponta.


Inclusive, o problema no “déficit logístico” de exportação, que acomete o modal portuário do Espírito Santo, começou a ser resolvido. A falta de contêineres de 20 pés para acomodar as placas de pedras naturais nos navios está sendo suprida com uma iniciativa criada no Espírito Santo.

O “StoneLift”, a embalagem que funciona como uma alternativa aos contêineres convencionais, permite o transporte seguro e eficiente de até 28 toneladas de chapas de pedras naturais em cada unidade.
Em sua operação teste, realizada entre outubro e novembro deste ano, quatro unidades do sistema transportaram 86 toneladas de chapas de granito embarcadas em Portocel, no Espírito Santo, até o Porto de Arthur, no Texas.
Segundo Ed, outro ponto crítico, com reflexos no curto e longo prazo, “é a disponibilidade de mão de obra qualificada para atender às diversas funções necessárias ao setor. Essa carência limita o crescimento das empresas existentes e pode inviabilizar a instalação de novos empreendimentos em diferentes áreas”.
Para ajudar o setor, o Centro Tecnológico do Mármore e Granito (Cetemag) tem investido na qualificação de mão de obra e no desenvolvimento tecnológico. “Este ano nos trouxe oportunidades para redefinição de ações a serem desenvolvidas, mantendo o foco no desenvolvimento tecnológico e inovação. Recentemente assinamos, juntamente com o Sindirochas e o Centrorochas, um termo de colaboração com o IFES, para o desenvolvimento de ações conjuntas de planejamento e desenvolvimento do Hub de Inovação, Distrito 28. Há ainda algumas iniciativas em curso com o Sebrae”, destaca Marcel Fiório, presidente do Cetemag.
Meta é atingir U$ 1,5 bilhão em exportações
A perspectiva para 2025 é otimista. O setor tem uma meta ambiciosa de atingir US$ 1,5 bilhão em exportações. De acordo com o presidente do Centrorochas, essa meta é baseada em uma série de ações, como o projeto It’s Natural – Brazilian Natural Stone, realizado em parceria com a ApexBrasil. Ele intensifica a comunicação no mundo todo sobre as pedras naturais do Brasil.

Outro ponto importante é a participação do setor de rochas capixaba em eventos “Bond”, que são encontros realizados para grupos específicos de arquitetos e designers internacionais. “Além disso, organizamos as tradicionais feiras Coverings, nos Estados Unidos, Marmomac, na Itália, Xiamen, na China, e Big 5 Global, em Dubai, realizamos estudos de mercados e missões prospectivas em regiões com potencial a ser explorado e compartilhamos com nossos associados”, detalha.
No quesito evolução e desenvolvimento, Marcel aponta que o Cetemag vai ajudar na busca de práticas de inovação. “Para 2025 trabalharemos na busca de levar conceitos e práticas de inovação ao setor de rochas naturais, no qual a inovação de processos já permitiu o aproveitamento de muitos materiais que não estariam no mercado, além da positiva contribuição para melhoria da competitividade do setor. A expectativa é de trabalhar em parcerias com a academia, outros Centros Tecnológicos, e entidades que fomentem o desenvolvimento econômico”, adianta o presidente do Cetemag.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.