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terça-feira, 30 abril, 2024

Como a recessão nos EUA pode afetar o Espírito Santo

Os Estados Unidos, por ter a maior economia do mundo, afeta a cadeia produtiva global ao ter qualquer diminuição em sua atividade econômica

Por Ricardo Paixão

Quando há queda da atividade econômica durante um período prolongado, dizemos que um país está em recessão. Ou seja, recessão é o nome usado para indicar que o ciclo econômico de um país entrou em uma fase de encolhimento, provocando uma diminuição da produção e da prestação de serviços das empresas e do poder de compra das famílias. São eles que alimentam os principais efeitos na sociedade, como por exemplo, aumento no desemprego; diminuição da renda familiar; redução da taxa de lucro; aumento do número de falências e concordatas; queda dos níveis de investimentos.

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Para qualquer país conviver com esse problema já é ruim, mas imagina se os indicadores da economia de um dos seus grandes parceiros comerciais começar dar sinais de que ele está entrando em recessão, todos nós devemos ficar em alerta pois o cenário pode piorar ainda mais. Ao analisar alguns indicadores percebemos claramente que a economia dos Estados Unidos não anda muito bem. Em maio, a inflação americana atingiu a maior taxa para o período em mais de 40 anos, de 8,6%, e em sua última reunião o Federal Reserve (Banco Central Americano) anunciou que a taxa de juros será reajustada em 0,75 ponto percentual na tentativa de controlar a alta nos preços. Preocupando principalmente os países em desenvolvimento.

Segundo o Banco Central Americano a inflação deve avançar 5,2% este ano, acima dos 4,3% previstos em março. Para o PIB, as estimativas desaceleraram para 1,7% este ano, ante a projeção de expansão de 2,8%. Já o desemprego pode subir de 3,6% para 4,1% no final de 2024. Importante destacar que os EUA por ter a maior economia do mundo, qualquer diminuição na atividade econômica americana afeta a cadeia produtiva global e pressiona ainda mais as inflações de outros países, além de reduzir os fluxos do comércio exterior.

Para o Espírito Santo, o cenário também se traduz em injeção para a inflação. O efeito da valorização da moeda americana costuma ser de alta em produtos como os combustíveis, energia, logística e alimentos. São produtos que já são os vilões da nossa alta de preços. Os produtores de alimentos, por exemplo, preferem exportar seus produtos a um dólar valorizado do que vender para indústrias nacionais. O efeito é diminuição de oferta interna e aumento dos preços. Para os combustíveis, a lógica é parecida. Como o barril de petróleo é cotado na moeda norte-americana, ele fica mais caro conforme o real fica mais desvalorizado.

Caso esse cenário persista, dificilmente repetiremos o bom desempenho que tivemos na geração de emprego formal em 2021 com a abertura de mais de 53.000 postos de trabalho. Comprometendo assim a possibilidade de criação de um ciclo de aumento da renda, redução do desemprego, e melhoria na qualidade de vida do capixaba, conforme demonstram os dados do IBGE. 

Ricardo Paixão é economista do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES).

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