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sexta-feira, 29 março, 2024

JOSÉ
EUGÊNIO
VIEIRA

Conheça a trajetória do empresário Dante Michelini

Antes conhecida como Beira-Mar, a Avenida Dante Michelini, em Vitória, homenageia um homem de negócios que anteviu o desenvolvimento do Espírito Santo

Por José Eugênio Vieira

Ao percorrer a orla de Camburi, em Vitória, desde a Ponte Prefeito Ceciliano Abel de Almeida (Ponte de Camburi), até o Cais de Tubarão, em pouco mais de cinco quilômetros de extensão, entre os modernos edifícios e a areia quase dourada afagada pelo mar, sou levado a evocar a figura quase lendária de Dante Michelini, personalidade que dá nome à extensa via que, em tempos passados, era conhecida como Avenida Beira-Mar.
Com Dante Barros Michelini, foi para mim inevitável associar, por ilação, um pouco da história da formação do povo brasileiro.

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O processo de miscigenação aqui desenvolvido foi um dos mais instigantes de todo o mundo. Da metade do século XIX até a primeira parte do século XX, o Brasil recebeu quase 5 milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italianos, alemães e espanhóis. Registre-se que a população do país, em 1890, era de apenas 14,3 milhões de habitantes.

Esse pensamento se justifica exatamente porque o Espírito Santo guarda, ainda hoje, os efeitos desse fascinante processo, mas não só pela herança atávica dos seus pioneiros europeus, mas também pelos brasileiros de outros estados que aqui aportaram e fincaram raízes, incorporando nossos costumes e contribuindo para o progresso do país. Dante Michelini aqui firmou seu nome e a grande maioria o vê como autêntico capixaba, pelo seu amor à nossa terra. Mineiro de Carmo do Rio Claro, Dante nasceu em 1897, constituiu família em Santos (SP) e só conheceu Vitória em 1939. No período de um ano em que viveu aqui, exercendo trabalho na firma Hard Rand, nosso personagem anteviu as grandes possibilidades que o Estado oferecia a quem se dispusesse a superar eventuais obstáculos e se lançar sem medo na rota do futuro. Voltou a Santos, mas a imagem do que viu aqui não o abandonou.

Em 1944, retornou a Vitória. Gerenciou a filial da empresa inglesa Mac Kinlay, exportadora de café, até 1965, ano em que faleceu. Seu filho, Gilberto Michelini, ocupou o cargo até comprar a empresa dos ingleses, tornando-a capixaba. Dante Michelini teve importância na vida da cidade muito maior que sua atividade como homem de negócios, ramo que marcou fortemente sua biografia.

Governador do estado em dois períodos, Jones dos Santos Neves implantara como meta de governo um plano de valorização voltado para quatro setores: Porto de Vitória, energia elétrica, malha rodoviária e fomento da produção, campo propício para a fértil imaginação de homens com a fibra de Dante Michelini.

Se o Espírito Santo tem hoje a marca de maior produtor de café conilon do Brasil, respondendo por 75% da produção nacional, isso se deve, em grande parte, à visão de Dante Michelini, pioneiro na exportação da rubiácea.

Já em 1951, com outros produtores, criou o Centro do Comércio de Café de Vitória, sediado na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Foi seu primeiro presidente, cargo que ocupou por duas vezes. Seu filho, e continuador de suas ideias e de seu trabalho, Gilberto Michelini, foi por três vezes presidente da entidade maior dos cafeicultores do Espírito Santo.

Além de colaborar e estimular o desenvolvimento da economia capixaba, Dante Michelini, com a participação de outros empresários, doou a iluminação do Convento da Penha, maior símbolo religioso do Espírito Santo. Assessor do governador Jones dos Santos Neves, Christiano Dias Lopes o convidou a ocupar a Chefia de Compras e Distribuidora de Cobertores aos Pobres, assim denominada na estrutura administrativa do Estado.
Nos meses mais frios do ano, Dante Michelini liderou a distribuição de milhares de cobertores aos mais necessitados.

A antiga CVRD foi beneficiada nos seus projetos de instalação e ampliação com a doação de 2.500 metros quadrados de área de propriedade de Dante Michelini, iniciativa repetida com a cessão de terrenos à Prefeitura de Vitória, para utilização pública.

A avenida, referência pela sua importância, comparada pelos que nos visitam com a Vieira Couto, em Ipanema, Rio de Janeiro, recebeu o nome de Dante Michelini no dia 16 de janeiro de 1967, na gestão do prefeito Jair Andrade.

No dia de seu sepultamento, em 14 de janeiro de 1965, todo o comércio localizado ao longo do percurso percorrido pelo carro fúnebre, que passou pelo centro da cidade, Vila Rubim e Santo Antônio, cerrou suas portas em reverência à grande figura imortalizada pelos feitos que marcaram sua passagem entre nós.

 

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