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quarta-feira, 22 maio, 2024

Quem disse que a história do Brasil começou em 1.500?

Estudos arqueológicos e etnográficos indicam que a presença humana no Brasil remonta a, pelo menos, 12.000 anos

Por Ricardo Paixão

A história do Brasil não começa no século XVI, com a chegada dos portugueses liderados pelo navegador Pedro Álvares Cabral. Na verdade, antes dessa data emblemática, vastas populações indígenas já ocupavam o território brasileiro há milhares de anos. Esses povos originários não eram homogêneos; compunham uma complexa estrutura de sociedades com culturas, línguas e tradições distintas.

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Estudos arqueológicos e etnográficos indicam que a presença humana no Brasil remonta a pelo menos 12.000 anos, possivelmente até mais cedo, com algumas estimativas sugerindo até 30.000 anos. Esses primeiros habitantes da região chegaram na América do Sul através do estreito de Bering, que na época era uma ponte de terra conectando a Ásia às Américas, e gradualmente migraram para o sul, povoando os diversos ecossistemas brasileiros, desde a vasta Amazônia até os pampas do Sul.

Essas comunidades desenvolveram modos de vida adaptados às condições locais. Na Amazônia, por exemplo, povos como os ancestrais dos Tupis e dos Aruaks praticavam a agricultura, complementada por caça, pesca e coleta, e eram mestres na arte da cerâmica e na construção de grandes aldeias. No cerrado e nos pampas, outros grupos dependiam mais diretamente da caça e do manejo sustentável da vegetação nativa.

Os conhecimentos tradicionais desses povos abrangiam vastos entendimentos sobre a fauna e a flora locais, incluindo técnicas avançadas de cultivo, manejo de recursos naturais, medicina natural e astronomia. A organização social variava significativamente entre os grupos, com sistemas políticos e religiosos complexos que regulavam suas relações internas e externas.

Portanto, é fundamental que os povos originários e afrodescendentes sejam os protagonistas nas pesquisas e narração de suas próprias histórias, oferecendo interpretações alternativas e mais realistas. Só assim poderão se contrapor a visão frequentemente eurocentrada que tem predominado em várias áreas.

Ricardo Paixão é economista, Mestre em Economia e Doutorando em Educação – UFES
Professor Efetivo da Faculdade de Ensino Superior de Linhares – FACELI
Conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo.

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