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terça-feira, 30 abril, 2024

Estatísticas do PIB Interpretadas com o Pé no Chão. Por quê?

A real ameaça ao crescimento do PIB brasileiro está no volume de investimento necessário para ampliar a estrutura produtiva do País

Por Arilda Teixeira

É cedo para considerar que há uma retomada do crescimento. Porque os percentuais de crescimento indicados pelo IBGE são insuficientes para sinalizar retomada de crescimento. E porque há muito ruído nas interpretações do desempenho do PIB – e pouco fundamento de economia para explicar as estatísticas do 1º trimestre de 2023.

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Boa parte das interpretações favoráveis das estatísticas do IBGE desconsideram os obstáculos estruturais para retomada de crescimento que traga desenvolvimento para a economia brasileira. Ou seja, não estão mirando nos elementos estruturais que levam ao desenvolvimento.

Há empolgação para enxergar as estatísticas do 1º trimestre de 2023; que se justifica pelas restrições que o País tem enfrentado. Mas isso não pode iludir os agentes econômicos.

É preciso ter claro que, apesar de as estatísticas estarem positivas, desenvolvimento econômico ainda está longe da alça de mira da economia brasileira. E, Interpretações enviesadas disseminam ruídos no ambiente de negócios, comprometendo a qualidade das decisões. Os números não aceitam retóricas; apontam o que estimam.

Como todo 1º trimestre do ano, novamente estamos diante as estatísticas do PIB do primeiro trimestre de 2022 – comparado com o do 1º trimestre de 2023 – felizmente, com taxa de crescimento de 4%. No mesmo período, em 2022, havia sido 2,4%. Olha o perigo batendo à porta!

Leitura literal para esses números, podem induzir a otimismos insustentáveis. E é aí que mora o perigo!

O ritmo de atividade da economia brasileira, indicado pelas estatísticas, ainda não é suficiente para considerar que há retomada de ritmo de atividade econômica. No máximo, é possível admitir que, a permanecer nessa rota, a economia poderá ampliar suas taxas de crescimento.

Mas, desenvolvimento – que leva à mudança estrutural de um mercado – está longe da alça de mira que o Brasil precisa alcançar para fazer seu catch-up. Pegando o primeiro trimestre dos períodos 2013-2023 chega-se a uma média de crescimento de PIB no primeiro trimestre em torno de 1%.

Sob a ótica dos setores da economia, em 2023, em relação à 2022, observa-se crescimento positivo da Agropecuária (18,8% em 2023 enquanto 2022 havia sido queda de 5,2%).

Entretanto, deve-se lembrar que em 2022.1 a economia brasileira dava seus primeiros passos para retomar crescimento após Pandemia do Covid; quando foi atropelada pelo choque inflacionário provocado pela Guerra da Rússia contra a Ucrânia. Impacto análogo ao do setor serviços – havia crescido 4,1% no primeiro trimestre de 2022 e caiu para 2,9% em 2023.

Mas, a real ameaça ao crescimento econômico brasileiro está no volume de investimento que precisa ser feito para ampliar qualitativamente a estrutura produtiva do País. No primeiro trimestre de 2022 (ainda sob efeitos da COVID) houve queda de 6,4% nesse volume. E, em 2023 aumentou somente 0,8%.

Sendo esse investimento aquele que determina ritmo, qualidade, e quantidade de investimento; mesmo as estatísticas do primeiro trimestre mostrando-se positivas, são insuficientes para considerar o País em rota do crescimento/desenvolvimento.

No 1º trimestre de 2022 a Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) cresceu 10,2%; no 1º trimestre de 2023 a FBKF aumentou 2,7%. Na esteira desse processo, volume de importações que foi de 7% em 2022, caiu para 4,2% em 2023.

Com o pé no chão: a estrutura produtiva da economia brasileira está longe de ser um mercado em rota de crescimento.

Arilda Teixeira é doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestra em Economia pela Universidade Federal Fluminense. Coordenadora dos cursos de Gestão Estratégica de Negócios e de Gerenciamento de Projetos, da Pós-Graduação da Fucape Business School. É coordenadora do Projeto PIBIC FUCAPE.

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