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terça-feira, 7 maio, 2024

A importância da 1ª missa no Brasil para a evangelização

Sabemos que Evangelho, etimologicamente, significa “Boa-Nova”. Portanto, refere-se a algo bom que é, em si, uma novidade

Por Frei Jorge Lázaro de Souza

No dia 26 de abril de 1500, há exatos 524 anos, foi celebrada a primeira missa no Brasil, país considerado “o mais católico do mundo” por ser a nação mais fiel de todo o planeta.
Naquele dia, domingo do oitavo dia de Páscoa, a missa foi presidida por Frei Henrique de Coimbra e concelebrada por outros padres na praia de Coroa Vermelha, na cidade baiana de Santa Cruz Cabrália.Toda a Igreja se alegra e celebra esta comemoração por ter sido a chegada da fé, o inicio do anúncio e a difusão da mensagem evangélica no Brasil.

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Sabemos que Evangelho, etimologicamente, significa “Boa-Nova”. Portanto, refere-se a algo bom que é, em si, uma novidade. Portanto, é a mensagem de salvação de Cristo, o Verbo encarnado, o Deus feito homem, que vem salvar todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares. E só Cristo pode salvar o homem, pois, em virtude da sua dupla condição de Deus e homem, ele é o único mediador entre Deus e os homens.

Então, Deus, em sua misericórdia, movido pela compaixão e puro Amor, se torna homem. E assim Jesus Cristo, Nosso Salvador, encarna-se e se faz um conosco.
Sendo assim, com a celebração da primeira missa se deu início a evangelização no Brasil.
Porém, vamos ver antes o que é evangelização?

Como diz o santo Papa Paulo VI, a evangelização deve ser definida em termos do “anúncio de Cristo aos que o ignoram, da pregação, da catequese, do batismo e da administração dos outros sacramentos. Nenhuma definição parcial e fragmentária reflete a realidade rica, complexa e dinâmica que a evangelização implica, a menos que corra o risco de empobrecê-la e até mesmo de mutila-la” (Pablo VI, encíclica Evangelii Nuntiandi, 17).

A dinâmica da evangelização consiste em levar a Boa Nova a todos os âmbitos da humanidade e, com a sua influência, transformar a partir de dentro, renovar até mesmo a própria humanidade: ‘Eis que faço novas todas as coisas’ (Ap 21,5). O objetivo da evangelização, portanto, é provocar uma mudança interior, ou seja, procurar ao mesmo tempo converter a consciência pessoal e coletiva dos homens e mulheres, a atividade em que estão empenhados, sua vida e seu entorno.

Sendo assim, não se trata apenas de anunciar o Evangelho em áreas geográficas cada vez maiores ou populações cada vez maiores, mas de alcançar e transformar com a força do Evangelho os critérios de julgamento, os valores determinantes, e os modelos de vida da humanidade, que contrastam com a Palavra de Deus e com o plano de salvação.
Supondo isso, como se faz a evangelização?

Em primeiro lugar, é necessário o testemunho de vida. Testemunho sem palavras. Pois o testemunho é em si mesmo um anúncio silencioso, mas também um anúncio muito claro e eficaz da Boa Nova. Porém, o anúncio explícito também é necessário. Porque a mensagem do Evangelho deve ser anunciada pela Palavra. A Palavra de Deus, enquanto pregação ou catequese, adquire um lugar muito importante na evangelização. Pois o anúncio só adquire toda a sua dimensão quando é ouvido, aceito, assimilado e quando dá à luz uma adesão sincera naqueles que o receberam.

É importante ressaltar que a evangelização não se esgota na pregação e no ensino de uma doutrina. Deste modo, a evangelização desdobra toda a sua riqueza quando realiza a união mais íntima do ser humano com Deus. A primeira missa: início de uma evangelização das culturas. Vimos o que é o Evangelho e o que é evangelizar. Resta-nos ver em que consiste a importância da primeira Missa no Brasil. Seguramente, antes de tudo, foi o início de uma evangelização das culturas. Ou seja, Encarnação do Filho de Deus nelas, prolongando assim a obra redentora de Cristo em todos os povos, raças e línguas.

Mas essa evangelização é algo ainda não concluído, que deve continuar a ser feito, pois é uma realidade complexa, composta de vários aspectos. Podemos dizer que a inculturação do Evangelho deve passar por um processo longo de inserção da Igreja nas culturas dos povos porque não se trata de uma adaptação externa, exige uma transformação íntima dos valores culturais, integrando assim o Evangelho com as culturas. Sem dúvida, que é um processo lento, demorado, porém que já está iniciado.

Todo este processo requer uma atenção especial para não comprometer as características e a integridade da fé cristã. Ao mesmo tempo, isto enriqueceria a própria Igreja nas diversas e diferentes expressões e valores da vida cristã. Além do mais, o desenvolvimento do modo e formas originais devem estar em conformidade com as próprias tradições culturais, necessariamente em sintonia com as exigências objetivas da própria fé. É relevante que o processo de inculturação deve envolver todo o Povo de Deus. Isto é, deve amadurecer dentro da comunidade e não ser fruto exclusivo de estudos acadêmicos.

Portanto, eis os desafios, desde a época da chegada dos primeiros missionários ao Brasil até os dias de hoje. Recordemos a figura do frei Henrique de Coimbra, que atendendo ao chamado de levar o Evangelho a todos os povos, aqui chegou e, celebrando a primeira missa, marcou profundamente a presença do Verbo Encarnado, o Filho de Deus, nestas terras de Santa Cruz.

Naquele momento se deu início a instauração de um Estado Católico. Consequentemente, os portugueses que aqui se instalaram, além dos costumes, das tradições, das culturas, trazidas por eles, também começaram a difundir a fé católica. Tanto se difundiu que, ainda hoje, somos considerados o país, em número, mais católico.

Frei Jorge Lazaro de Souza é Religioso da Ordem dos Frades Menores.
Cursos: Filosofia, Teologia e Mestrado em Franciscanismo pela Escola Superior de Estudos Franciscanos em Madri. Missionário em Marrocos durante 15 anos.
Atualmente reside no Convento da Penha, Vila Velha, Espirito Santo.

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