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sexta-feira, 3 maio, 2024

A N.A.V.I. está voando!

O Núcleo de Apoio e Viabilização da Inovação (N.A.V.I.) saiu de estrutura metálica sem uso a instrumento para impulsionar a inovação no ES

Por Luciano Raizer

Esta é daquelas histórias gostosas de se contar, porque foi vivida e tem final feliz. Quem passa pela Reta da Penha, em Vitória, inevitavelmente olha para a estrutura metálica que mais parece uma nave espacial em cima do Edifício Findes. Abaixo dela, está escrito: Findeslab. Muitos ainda imaginam que seja um restaurante giratório. Felizmente, não é. O que acontece ali? O Findeslab, um ambiente que virou referência no país de como fazer inovação de verdade. É a improvável história de uma estrutura metálica que enferrujava e passou a ser o local em que se desenvolvem centenas de projetos, abrangendo grandes empresas, startups, pesquisadores, alunos, professores, empresários.

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Para concluir a obra paralisada havia anos, eram necessários mais R$ 7 milhões; para desmanchá-la, o custo ficava em R$ 4,5 milhões. Mas, em 2016, foi iniciado um movimento de empresários da indústria que visava a dar maior protagonismo à Findes no tema inovação. Uma visão estratégica e ousada definiu o programa Inovic – Inovação na Indústria Capixaba, com as bases para fortalecer o ecossistema capixaba.

Tive a honra de coordenar esse programa, como vice-presidente da Findes (2017/2020). O Inovic propôs organizar os atores e motivou o surgimento da MCI – Mobilização Capixaba para Inovação. Em parceria com o Governo Estadual, surgiu o Funcitec/MCI, garantindo aporte de recursos. E uma ação das mais importantes foi criar o locus para desenvolver projetos. O nome inicial N.A.V.I – Núcleo de Apoio e Viabilização da Inovação, em uma referência ao aspecto da estrutura metálica – não vingou. A estrutura foi então batizada de Findeslab.

Trouxemos para o ES dois temas, até então, pouco conhecidos: hub e inovação aberta. Em setembro de 2019, com atuação de muitos, foi inaugurado o Findeslab, para ser um conector (hub) de quem tem a “dor” (necessidade ou desafio) com quem tem propostas de soluções (startups, pesquisadores, fornecedores), a chamada inovação aberta.

O que o torna tão especial são os resultados. Em três anos, mais de 1.500 oportunidades de inovação envolvendo mais de 300 empresas e 5.500 visitas; 115 projetos desenvolvidos, captando mais de R$ 31 milhões de recursos. ArcelorMittal, Vale, Unimed, Fortlev, Shell, EDP, Suzano, Banestes e Samarco, entre outras, lançaram 68 desafios de soluções, recebendo 711 propostas de startups de 18 estados. Além disso, o Findeslab acaba de receber a certificação Cerne para ambientes de inovação, sendo o pioneiro do Estado nessa conquista.

A quem pergunta “e quanto custou?”, respondo: R$ 10 milhões. Valeu a pena? Faça as contas: mais de R$ 30 milhões captados a projetos, centenas de startups conectadas a grandes empresas que passaram a atuar mais no ES no tema inovação e muita gente capacitada.

O que está por trás do Findeslab? Seu drive. Não bastam uma sala com sofá colorido, um coworking, lives e eventos. Tem que ser desenhada a linha de atuação, da necessidade à solução, empregando métodos e gente talentosa. O drive consiste em: desafios aos quais são apresentadas ideias, que viram projetos, que levam a protótipos, que são validados e viram inovação. Sem isso, é só oba-oba, com pouco resultado.

Felizmente, no ES, temos uma nova era. A MCI cumpre seu papel de alinhar instituições, empresas, academia e Governo. Muitos investimentos públicos e privados a um crescente número de projetos. Estamos ganhando maturidade, ambientes de inovação e startups, já com sucesso. Nesse novo rumo, o Findeslab é referência para muitos outros hubs que foram criados. Exemplo de como se faz inovação de verdade.

Luciano Raizer é professor doutor do Departamento de Tecnologia Industrial da Ufes, com pós-doutorado em indústria 4.0 pelo Instituto Fraunhofer, da Alemanha.

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