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sexta-feira, 17 maio, 2024

Altas temperaturas: necessidade de mais áreas verdes na Grande Vitória

Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cerca de três árvores por morador para mitigar as ondas de calor

Por Kebim Tamanini

O ano de 2023 foi oficializado como o mais quente já registrado na história, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Espírito Santo seguiu a tendência mundial, e os capixabas sentiram os efeitos do aumento das temperaturas. Eventos como este tornam o pensamento sobre métodos de resfriamento dos ambientes urbanos cada vez mais urgentes.

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A grande quantidade de pessoas em um espaço contribui para as emissões de gás carbônico, que, por sua vez, contribuem para o aquecimento global. Segundo a arquiteta e urbanista conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo, Nayara Gava, esse fenômeno ocorre em cidades com grande concentração de asfalto e concreto, materiais que retêm calor e o liberam ao longo do dia, aumentando a temperatura local.

Na Grande Vitória, espaço mais denso do Espírito Santo, o número de habitantes chegou a 1.880.828 pessoas em 2022, representando cerca de 49% da população capixaba. Segundo dados do IBGE, a concentração da população por quilômetro quadrado (km²) na Região Metropolitana aumentou de 2010 para 2022, saindo de 724 habitantes/km² em 2010 para 809 habitantes/km² em 2022. Esta é a quinta posição no ranking de densidade entre as regiões metropolitanas, ficando atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Campinas.

O que fazer para melhorar?

Mas o que pode ser feito para que a situação amenize, uma vez que a tendência é de temperaturas cada vez mais altas? Nayara sugere a implementação espaços verdes e mais arborização das cidades.

Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cerca de três árvores por morador para mitigar as ondas de calor
Em um mundo em aquecimento, as cidades sofrem ainda mais com as altas temperaturas do que as zonas rurais. Foto: Fabricio Lima/ES BRASIL

“O aquecimento global é uma condição complexa e que necessita de amplas estratégias para ser atenuado. A arborização urbana pode não ser a solução para esse problema, mas é uma alternativa relevante. Ela ajuda no controle de temperatura pois auxiliam na fixação de gases de efeito estufa que já estão soltos, impedindo-os de chegar à atmosfera”, afirma a arquiteta.

As árvores são cruciais para a qualidade de vida nos centros urbanos. A quantidade mínima preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 12 m² de área verde por habitante, e a ideal é de 36 m², cerca de três árvores, por morador.

Momento requer mais que o plantio de árvores

O engenheiro florestal e ex-secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo, Luiz Fernando Schettino, acrescenta que, além de uma maior arborização, é essencial um plano urbano que mantenha espaços entre os prédios.

“As árvores são importantes e ajudam bastante, mas é necessário implementar uma série de ações para maximizar seus efeitos. Algumas construções, por exemplo, utilizam vidros espelhados que refletem a luz, intensificando o calor. As pessoas devem optar por construir suas casas de forma a permitir uma boa ventilação, utilizando janelas adequadas”, destaca.

Os especialistas consultados enfatizam que há espaço para mais árvores na Região Metropolitana de Vitória. Contudo, ponderam não se tratar apenas de plantar árvores monumentais, mas sim arbustos ou árvores menores nas calçadas de concreto puro para amenizar o clima.

“É totalmente viável aumentar significativamente a quantidade de árvores na região da Grande Vitória. Basta haver empenho, dedicação e buscar espaços disponíveis. No entanto, isso deve envolver a comunidade. Não se trata apenas de plantar árvores, mas também de ensinar a comunidade a cuidar, valorizar e proteger as árvores. Tenho ficado alarmado ao notar que muitas árvores estão sendo cortadas em Vitória, principalmente. Alguns cortes são justificados pelo risco de galhos caírem sobre residências. No entanto, este não é o momento de cortar árvores, a menos que representem um perigo iminente para as pessoas ou tenham problemas estruturais graves”, pontua Schettino.

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