22.9 C
Vitória
sexta-feira, 3 maio, 2024

A logística que destrói o país

Nenhum país do mundo consegue evoluir limitando a si mesmo ou desperdiçando as oportunidades para uma boa logística 

Por José Ernesto Conti

É inconcebível como um país que possui uma costa com mais de 7.300 km tenha como mais importante modal de transporte, o rodoviário. Que governos da década de 1950 e 60, tivessem cometido o erro de privilegiar o modal rodoviário, talvez possamos desculpá-los, porém nos últimos 50 anos, perdemos a chance de tornar o Brasil um país de ponta e desenvolvido simplesmente por desprezar nossa vocação marítima. E no ritmo que vai, nem nos próximos 50 anos mudaremos nossa história, pois, exceto um pequeno lampejo nos últimos quatro anos, percebemos que continuaremos aplicando a mesma receita para nossa área de logística.

- Continua após a publicidade -

A realidade é que nossa logística, com raras e poucas exceções, está do mesmo jeito que há 50 anos. Gostaria que alguém me explicasse como conseguimos exportar em 2023 uma produção que cresceu nas últimas décadas mais de 600%, insisto, usando a mesma estrutura de logística de transporte e portuária de 50 anos atrás? Ou nossos portos, ferrovias e rodovias devem ser as estruturas mais eficientes do mundo, ou a ociosidade de 50 anos atrás era monumental.

Como sabemos que nem uma nem outra é verdade, o que temos atualmente é um caos gigantesco nessa área de logística brasileira, que, felizmente, é mantido por brasileiros que fazem das “tripas, corações”. Consequência: temos um ambiente mais do que favorável para a proliferação de coisas absurdas que levarão o país a se tornar inviável a curto prazo.

E o maior de todos os absurdos, está atrelado a um dos maiores erros comerciais que se tem notícia: a ideia de que a cartelização seja uma solução eficiente para um país. Nenhum país do mundo conseguiu evoluir limitando ou colocando barreiras para proteger o mercado. É óbvio que não estamos falando aqui de desregulamentação ou mesmo de uma anarquia documental, mas da criação de procedimentos normais que uma empresa estabelecida e com competência legal e financeira, consiga se habilitar e se estabelecer neste mercado portuário e marítimo.

No Brasil de hoje, competência financeira e experiência operacional não são pré-requisitos para que uma empresa inicie suas atividades. Prolifera em nossas “agências e repartições” governamentais pessoas que não tem a mínima ideia do que estão fazendo ali. Logo, como um exportador, não importa seu nível, poderá superar uma logística que destrói todas as possibilidades de crescer?

A única alternativa será mudar a mentalidade daqueles que hoje possuem o poder de fazer algo por nossa logística portuária e marítima. Basta olhar para a China, ou qualquer outro asiático e entender o que fizeram para transformar seus países em polos de crescimento. Com toda a capacidade brasileira, aliada a uma logística pró-exportação, teremos em menos de uma década, um país transformado e pronto para ser relevante nesse novo cenário mundial.

José Ernesto Conti é engenheiro mecânico, empresário, escritor e consultor portuário.

Mais Artigos

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Fique por dentro

ECONOMIA

Vida Capixaba