Caracterizada, principalmente pela intensa dor pélvica e a dificuldade para engravidar, a doença também traz consequências com graves sequelas emocionais
Por Thaissa Tinoco
Doença que está presente na vida de muitas brasileiras em idade reprodutiva, a endometriose afeta cerca de 6,5 milhões de mulheres no Brasil e 176 milhões em todo o mundo, de acordo com levantamento feito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2020.
Caracterizada, principalmente pela intensa dor pélvica e a dificuldade para engravidar, a doença também traz consequências com graves sequelas emocionais.
Os avanços nos tratamentos, que incluem até técnicas cirúrgicas com o uso da robótica, despontam como esperança e alívio para tantas mulheres atingidas pela endometriose. Contudo, vale lembrar que compreender os aspectos emocionais da doença é tão importante quanto entender as questões fisiológicas do problema, uma vez que a ansiedade e o estresse podem interferir negativamente no quadro de qualquer dor crônica.
Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade (Gapendi) com 3 mil mulheres diagnosticadas com endometriose revelou que 50% delas também sofriam de transtorno da ansiedade, enquanto 34% eram acometidas por depressão.
A demora no diagnóstico e a dificuldade de acesso a tratamentos aumentam ainda mais os riscos para transtornos depressivos e outras alterações de humor, pois prejudicam a qualidade de vida da mulher.
O momento do diagnóstico não é menos difícil. É quando a mulher tem a confirmação de que tem uma doença que pode impactar a sua vida, a sua rotina e até os seus sonhos, como o de ser mãe, por exemplo.
Vale lembrar que nenhuma doença pode ser resumida apenas a um quadro clínico. Por isso, o caminho do tratamento não precisa ser centralizado em apenas um profissional ou procedimento, mas deve ser multidisciplinar.
A união de forças que vai trazer resultados positivos começa quando a mulher identifica as suas fragilidades e a necessidade de buscar ajuda. Não precisa enfrentar o problema sozinha, e tampouco se entregar ao desamparo. O apoio da família, principalmente do parceiro, é fundamental.
O fortalecimento dos laços e a compreensão são aliados poderosos, capazes de combater os sentimentos de insegurança, ansiedade e culpa que podem abater uma mulher, especialmente quando ela se depara diante do risco de não poder ser mãe.
Com apoio e compreensão, é possível contribuir para que a mulher se fortaleça e consiga lidar da melhor forma com a doença e superar seus desafios.
Thaissa Tinoco Sassine é médica ginecologista e mastologista