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sexta-feira, 3 maio, 2024

Deus está morrendo

Eu, que gosto de viver, vivo em permanente sorriso. Cada vez mais consciente, porém, da nossa humana e fatal finitude

Minhas referências de vida estão morrendo. Morreu Jane Birkin, que mais da metade dos que me leem não saberão quem foi, mas povoou minha vida de música e sonho. Milan Kundera morreu outro dia. Gal, Rita Lee, José Celso Martinez Correia. Recentemente foi a vez do grande mestre João Donato, pai da Bossa Nova. Por delicadeza não vou citar os que estão morrendo… São muitos, porém. Eu mesmo, como escreveu genialmente Mario de Andrade, seguramente tenho menos anos a viver do que já vivi… mais passado que futuro. Posso até chegar a noventa e seis anos como meu pai, não muito mais, talvez.

Uma estranha sensação de morte próxima me assalta todas as noites em que acordo para atender aos apelos da próstata preguiçosa. Eu, que gosto de viver, vivo com alegria, amo cada dia, cada hora, cada minuto que passa. Vivo em permanente sorriso. Cada vez mais consciente, porém, da nossa humana e fatal finitude. Morrem assim, as referências, lenta e inexoravelmente. Lembro de Ariano Suassuna citando Cazuza, ao dizer que seus heróis morreram de overdose, e dizendo que seu herói morreu crucificado entre dois ladrões.

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E pensar que hoje vivemos e, provavelmente, morreremos entre milhares de ladrões… um mundo bem diferente do que me recebeu em 1944. Só falta agora, a exemplo do que a revista Time anunciou há alguns anos, a notícia que Deus está morto. Seguramente, porém, Deus pode estar morrendo. Principalmente no coração daqueles que praticam o mal, levando guerra, tristeza e morte ao mundo inteiro. Os Putins desta vida. Oremos e lutemos, porém. Vamos salvar Deus! Antes que seja tarde demais…

Ronald Z. Carvalho é professor, consultor de marketing e palestrante.

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