Primeiro embarque, saindo de Portocel, vai levar quatro estruturas com um total de 168 placas rumo aos Estados Unidos, em um navio de carga geral
Por Kikina Sessa
Não é de hoje que o setor de rochas reclama do chamado “déficit logístico” que acomete o modal portuário do Espírito Santo, prejudicando as exportações de rochas pelos portos capixabas.
O problema tem origem na falta de contêineres de 20 pés para acomodar as placas de pedras naturais.
Buscando solucionar esse problema, duas empresas capixabas iniciaram nesta terça-feira (17) o primeiro teste de uma nova estrutura, denominada stonelift (na tradução livre elevador de pedra), capaz de transportar até 28 toneladas de chapas de pedras naturais, em qualquer tipo de navio.
As carretas com o transporte das pedras naturais nos quatro stonelifts partiram da empresa Vitória Stone para Portocel, em Aracruz. O porto, especializado em celulose, está diversificando suas atividades e as pedras serão embarcadas na próxima semana em um navio que vai transportar também celulose.
Toda a estrutura do stonelift é fruto de uma parceria de duas empresas capixabas. A Spinola, especializada em equipamentos portuários, e a Cruzzto, que já patenteou o produto e fará a comercialização.
Exportação
O stonelift não vai substituir o contêiner de 20 pés, mas vai permitir que a exportação de chapas de granito para o mercado americano seja ampliada, reconquistando esse grande mercado, já que a falta de contêineres provocou uma redução superior a 40% da exportação de chapas para o mercado americano, um dos maiores consumidores do granito capixaba.
O stonelift é uma estrutura metálica que levará o granito para o mercado americano e depois retorna para ser novamente utilizado. Para isso, a Spinola e a Cruzzto fizeram uma parceria com a empresa de navegação G2Ocean, que fará toda a operação marítima de levar e trazer de volta.
A grande vantagem dessa estrutura metálica, de acordo com os fabricantes, é que ela se ajusta a qualquer tipo de navio de carga geral (Bulk Carriers) e pode ser embarcada em qualquer tipo de terminal de carga. Essa vantagem permitirá uma escala comercial maior, resultando em menor custo para todas as partes envolvidas, permitindo que os granitos mais comuns, cujos preços são menores, voltem a ter competitividade no mercado americano.
Para ter uma ideia de custo, o frete de contêiner de 20 pés do Brasil para os Estados Unidos está na faixa de US$ 7.700/unidade. A previsão da Cruzzto é que o transporte das chapas com o stonelift seja no mínimo 20% mais barato, já que não precisa de navios especializados e nem de portos especiais.
O embarque que será feito na próxima semana através do terminal de Portocel é um teste para que todas as partes tenham segurança de que o stonelift de fato é uma realidade no mercado de granito capixaba. Se tudo for aprovado, há uma expectativa junto com a G2Ocean de iniciar já entre novembro e dezembro com um embarque mensal de até 200 stonelifts aumentando até 500 unidades a partir de maio de 2025.