Cerca de 24,1% da população brasileira poderia aderir ao home office, mas é preciso tomar alguns cuidados para não comprometer a imagem profissional trabalhando em casa
Por Wesley Ribeiro
No Brasil, aproximadamente um a cada quatro pessoas poderia trabalhar de forma remota, o chamado home office, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados estão em Nota de Conjuntura divulgada em maio de 2022.
Desse modo, o estudo sobre home office do Ipea mostra que 20,4 milhões de pessoas, que representam 24,1% do total da população ocupada do país, poderia aderir à modalidade.
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Entretanto, trabalhar de forma remota com ética profissional pode ser um desafio para os profissionais e até comprometer a carreira de quem aderiu à modalidade. Como se apresentar em uma reunião virtual? O que vestir? Como deve ser o ambiente onde o trabalhador se conecta com os demais colegas?
Para responder a essas e outras questões, o Portal ES Brasil entrevistou com exclusividade a consultora de imagem Janaina Gurgel. Vale a pena conferir as dicas que a especialista oferece!
Quando cresceu a demanda por trabalho remoto no país, especialmente durante a pandemia de Covid-19, você realizou muitas palestras sobre imagem profissional online. Por que?
As pessoas estavam confundindo o fato de estar em casa e só usarem o computador para falarem em família e de maneira informal com o trabalho. Isso estava causando uma confusão muito grande na cabeça dos profissionais, que muitas vezes entravam em reuniões com trajes informais como se estivessem falando com amigos. Mas é preciso tomar uma série de cuidados.
Como o profissional pode romper com esse comportamento e fazer a distinção entre ambiente profissional e doméstico natural e espontaneamente?
O principal ponto de quando nós entramos numa reunião on-line é se teletransportar mentalmente para o ambiente de trabalho, imaginando como estaríamos vestidos para receber um cliente.
Até que ponto a aparência merece atenção?
É relevante zelar pelo vestuário como se estivesse no ambiente de trabalho. Deve-se prestar atenção nos cuidados com o rosto e o cabelo deve estar em ordem, porque o rosto é a parte que mais aparece na tela. Sem os cuidados, o profissional pode transparecer uma ideia de desleixo e de antiprofissionalismo.
Em casa, as pessoas tendem a ficar mais à vontade e preferem roupas mais leves e curtas. Até que ponto a pele pode ficar à mostra?
É importante usar roupas que cubram a maior parte do colo. É preciso ter muito cuidado com decotes e peças de alça porque já tem muita pele exposta, que é a do rosto. Então, do pescoço para baixo deve-se deixar o mais coberto possível para equilibrar essa exposição de pele.
O senso de moda e composições devem entrar nessa equação?
Quanto à cor da roupa, deve existir um contraste entre a peça e o fundo do ambiente. Se o fundo é branco, por exemplo, deve-se usar uma roupa de cor. E a cor depende do trabalho da pessoa. Se for mais formal, o ideal é usar tons sóbrios como preto, branco, cinza, azul-marinho e bege. Se for mais informal, pode ser mais colorido, mas de preferência peças lisas, sem estampas”.
E sobre o ambiente de trabalho em si, quais são as dicas para manter a integridade da imagem profissional?
Um ponto importante é prestar atenção na iluminação do ambiente. Isso porque quando a pessoa está mal iluminada, fica com um semblante pesado e as demais pessoas não enxergam suas expressões faciais. A dica é não usar apenas a luz do teto, que gera sombras abaixo dos olhos e traz uma sensação de cansaço. Para resolver essa questão, pode-se usar também uma iluminação frontal ou diagonal. E isso se consegue com luminárias, ring ligths e até mesmo posicionando o computador de frente para uma janela, onde é possível aproveitar melhor a luz natural do dia.
Pode parecer uma pergunta óbvia, mas qual o peso da organização do ambiente para a imagem do profissional que está trabalhando de forma remota?
Observar o fundo do ambiente onde se está também é necessário. Quanto mais desordem existir, mais as pessoas prestarão atenção na desordem. E quanto mais equilíbrio, mais o foco ficará na pessoa que está em reunião ou trabalhando on-line. Então, o ideal é procurar um espaço mais vazio ou colocar aqueles fundos falsos já muito utilizados atualmente.
Cada vez mais, fala-se em home office. São comuns casos em que o profissional acaba levando trabalho para casa por causa do volume de trabalho imposto por algumas empresas. Isso é home office? Qual o conceito de home office?
Traduzindo para o português, home office significa escritório em casa. Assim como o termo sugere, home office é exatamente ter uma estrutura de trabalho no ambiente doméstico, local onde todas as suas atividades profissionais são realizadas. Trabalho remoto, trabalho à distância ou teletrabalho são algumas variações do home office. Afinal, muitos profissionais optam por trabalhar em outros lugares, como espaços de coworking, cafeterias e hotéis, além de sua moradia.
O trabalho remoto é uma modalidade que veio para ficar?
Esse modelo de trabalho é uma tendência mundial que a cada ano ganha mais adeptos, tanto por parte dos candidatos quanto dos empregadores. Afinal, o home office oferece benefícios para ambas as partes. A gigante de tecnologia Dell é uma das que vêm colhendo bons frutos do trabalho remoto. De acordo com a empresa, foi possível economizar 12 milhões de dólares com a adoção do trabalho à distância. Além disso, com organização, disciplina e responsabilidade, os funcionários também têm resultados positivos ao começar a trabalhar fora do ambiente da empresa. Esses profissionais têm um aumento da produtividade e mais autonomia para gerir suas demandas, além de contar com o conforto de casa.
Qual o perfil do trabalhador remoto e os aspectos legais dessa modalidade de trabalho?
Mesmo que seja mais comum encontrar profissionais autônomos trabalhando em home office, trabalhadores de todas as áreas podem usufruir desse modelo de trabalho. O home office pode ser adaptado tanto à rotina daqueles que trabalham sob regime de CLT quanto àqueles que atuam como freelancers. O artigo 75-B da CLT define o teletrabalho (que engloba o home office) como a prestação de serviços realizada fora das dependências da empresa. Nesse caso, o funcionário presta serviços de carteira assinada, mas sem a exigência de estar presencialmente nas dependências da empresa. Nesse regime de trabalho, é responsabilidade da empresa prover os equipamentos e a infraestrutura necessários para o exercício das funções fora do ambiente da empresa. Além disso, não é por estar em casa que o funcionário faz suas próprias regras. É comum que esses profissionais tenham que bater ponto virtual e cumprir os horários estipulados pela empresa. Em home office, os profissionais com carteira assinada também têm direito aos mesmos benefícios, como férias e 13º salário.
E na modalidade freelancer, como o home office funciona?
Para os profissionais freelancers, a dinâmica é diferente. Esses profissionais não possuem vínculo empregatício ou carteira assinada por uma empresa. Desse modo, o profissional costuma atender mais de um cliente, adequando suas tarefas e sua rotina de trabalho conforme sua vontade. Nesse modelo de trabalho, o profissional é responsável pela sua infraestrutura e ferramentas de trabalho, sendo sua responsabilidade garantir um ambiente adequado. Além disso, esses profissionais têm mais autonomia e flexibilidade para fazer seus horários e organizar sua rotina. Em resumo, tanto profissionais com carteira assinada quanto freelancers podem usufruir do home office. Contudo, cada um terá uma dinâmica de trabalho diferente.