De acordo com o setor, houve aumento no item Alimentação Fora Do Domicílio (0,28%), mas abaixo da inflação geral do mês (1,78%)
Por Amanda Amaral
O setor de bares e restaurantes está evitando repassar o aumento no preço dos alimentos para os cardápios visando não perder os clientes. A constatação é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que divulgou uma análise sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no último dia 27.
O IPCA-15, que está a 12,03% no acumulado e registrou 1,78% em abril, o pior desempenho para o mês em 27 anos, mostrou um descolamento do preço praticado em bares e restaurantes em relação ao aumento da inflação, segundo a Abrasel.
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Alimentação e Bebidas
O item Alimentação Fora do Domicílio teve aumento de 0,28%, índice muito abaixo da inflação geral. Já quando comparado ao aumento de Alimentos e Bebidas, os principais insumos dos estabelecimentos aumentaram em média 2,25%, quase dez vezes mais do que os preços dos cardápios.
De acordo com uma pesquisa da Associação, realizada em fevereiro deste ano, 38% dos empresários do setor trabalham no prejuízo e, pressionados pelo baixo faturamento, evitam repassar os aumentos nos cardápios para não perder clientes. Há casos, segundo a Abrasel, em que eles tentam faturar no volume.
Espírito Santo
“No Espírito Santo, a estratégia de segurar os preços é uma tendência natural do setor, sempre buscamos absorver o aumento de custo para não onerar o consumidor. De olho no futuro, nosso foco é no Dia das Mães, é um período muito importante e a expectativa é de um aumento de 30% no faturamento, se comparado com período pré-pandemia. Será o primeiro Dias das Mães com plenas atividades, depois de dois anos de pandemia e com muitas restrições”, destaca Rodrigo Vervloet, presidente do SindBares e da seccional capixaba da Abrasel.

No Rio de Janeiro, enquanto o índice de inflação na capital fluminense foi de 2,11%, os bares e restaurantes tiveram deflação (-0,44%). Em São Paulo também houve deflação, com -0,05%. Entre as principais capitais, o maior aumento foi em Belo Horizonte, com 1,25%, mas aquém da inflação geral. A assessora de imprensa da Abrasel informou que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não realizou levantamento no Espírito Santo.
Taxa de Juros e Inadimplência
Diante dos números do setor, o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca que a estratégia de contenção dos preços põe pressão sobre os empresários do setor. “É um desafio adicional e mostra que o setor precisa de uma política pública específica de ajuda, pois não vem de hoje essa diferença. Nos últimos 12 meses, enquanto a inflação chegou a 12,03%, no nosso setor o índice foi de 6,51%, quase a metade”, aponta.
Para conter a inflação, o Banco Central (BC) dá indícios de novo aumento da taxa Selic nesta quarta-feira (04). Isso traz ainda mais preocupação, de acordo com a Abrasel. “A Selic é o indexador de contratos de empréstimo, principalmente o Pronampe. A inadimplência do programa já é de 19% no nosso setor e tende a se aprofundar com o aumento da taxa de juros”, afirma Paulo Solmucci.
Com informações da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).