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terça-feira, 16 abril, 2024

Inflação chega a 12,03% com a maior alta para o mês em 27 anos

Integrante do Corecon-ES, Thiago Matias, avalia as projeções do Boletim Focus sobre a desaceleração da inflação até o final de 2022

Por Amanda Amaral

Saiu a nova prévia da inflação oficial, que está em 1,73% em abril deste ano, é o pior resultado para o mês nos últimos 27 anos, quando ela estava a 1,95%. Em 12 meses, a taxa acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) chega a 12,03%. Apesar da alta, especialistas projetam uma desaceleração para 2022, conforme previsões do Boletim Focus nesta semana.

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Os dados do IPCA foram divulgados, nesta quarta-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No dia anterior, os especialistas do mercado financeiro projetaram o IPCA a 7,65% no fechamento de 2022. Há quatro semanas a previsão era 6,86%, segundo o Focus. Contudo, apesar do aumento, a previsão traz uma perspectiva positiva se comparada à 2021, quando a inflação fechou o ano em 10,06%.

Desaceleração da Inflação

Para o integrante do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), o economista especialista em controladoria e finanças, Thiago Duarte Matias, a elevação da taxa básica de juros, a Selic, pode contribuir para a desaceleração.

“As pessoas estão vacinadas, com isso as atividades comercial e industrial estão voltando a normalidade. Além disso, a gente tem a alta da taxa de juros, que visa conter a inflação. Entretanto, apesar de desestimular o consumo, favorece a atração de investimentos estrangeiros. Outro ponto a ser destacado é que, o Brasil é um grande exportador de matérias-primas como minério de ferro, aço e soja e os preços dessas commodities estão altos, podendo aliviar os efeitos colaterais externos”, explicou.

Para o economista, caso não haja nenhum outro grande problema mundial como pandemias ou guerras, há perspectiva de o IPCA diminuir e chegar ao patamar dos 7%. Ele destacou ainda que, fechando 2022 a 7,65%, ficará acima do previsto pelo Banco Central (BC), que trabalha com a meta da inflação de 2022 em 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Alta no Preço dos Combustíveis

Oito dos nove grupos de despesa tiveram alta de preços em abril, segundo o IBGE. O maior impacto veio dos transportes, que registraram inflação de 3,43% na prévia do mês. O setor está ligado a outro item de grande destaque no período, os combustíveis. Houve aumento da gasolina (7,51%), óleo diesel (13,11%), etanol (6,60%) e gás veicular (2,28%).

“Mais uma vez os combustíveis puxando a inflação para cima. Reflexo do conflito no leste europeu, já que a Rússia é uma grande produtora mundial de petróleo e gás, além de ser um player de commodities no mercado global. Os preços praticados pela Petrobrás seguem flutuações do preço de barril de petróleo no mercado internacional, trazendo um efeito cascata no mercado doméstico”, analisou o economista.

Taxa de Juros

Inflação chega a 12,03% com a maior alta para o mês em 27 anos
Thiago Matias é especialista em controladoria e finanças e integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES). Foto: Arquivo Pessoal

Com relação à inflação, Thiago Matias pontuou ainda a questão do aumento da taxa básica de juros, a Taxa Selic, que atualmente está em 11,75%, com previsão de terminar o ano em 13,25%, segundo ele. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para discutir o assunto acontece nos dias 04 3 05 de maio.

“É muito provável que eles aumentem a taxa para 12,75%. É uma medida para conter a inflação, uma forma de diminuir o consumo com o aumento dos juros. Vivemos a pandemia da Covid-19 e agora a pandemia da inflação, o mundo inteiro está passando por isso. Nos EUA a inflação comparada entre março de 2021 e março deste ano chegou a 8,54%, além deles também terem aumentando a taxa de juros”, destacou.

Produto Interno Bruto

Para o Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e dos serviços produzidos no país, os especialistas do Boletim Focus continuaram a prever crescimento. Ele foi de 0,56% na última semana para 0,65%. Há quatro semanas, a previsão era de 0,50%.

Apesar de estar em acordo com o divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que no início de abril afirmou que manterá a previsão de crescimento de 1,1% para a economia brasileira em 2022, a expectativa para o PIB este ano é baixa se comparada ao ano anterior.

Em 2021, ele cresceu 4,6%, uma arrancada após o período de restrições sanitárias em razão da pandemia da Covid-19 no ano de 2020, que foi marcado pela queda de 4,1%, pior série desde 1996, segundo o IBGE.

 

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