Existem na boca bilhões de bactérias. Ela é a porta de entrada para muitos problemas sistêmicos e, às vezes, nem nos damos conta
Por Dr. Edson Moreira Ferreira
“A boca é a porta de entrada de quase todas as doenças”, já dizia Confúcio, o grande sábio, no século V a.C. No fim do século XIX e na primeira metade do século XX, focos de infecção odontológicas já eram relacionados com o início e progressão de várias doenças inflamatórias em regiões mais distantes da boca, como por exemplo: úlceras, artrites e apendicites. Durante um bom tempo esse assunto ficou esquecido, mas atualmente, ganhou força e estudos relacionados ao assunto voltaram a ser estudados, e hoje já existe um consenso de que não há saúde sem a saúde oral, isto porque, a boca faz parte do corpo e não pode ser tratada isoladamente.
Precisamos nos conscientizar de que, além dos dentes, língua e gengivas, existem na boca bilhões de bactérias. Mal cuidada ou não, ela é a porta de entrada para muitos problemas sistêmicos e, muitas vezes, nem damos conta disso. Sendo a maior cavidade do corpo a ter contato direto com o meio externo, nossa boca é uma das principais portas de entrada para bactérias e outros microrganismos prejudiciais à nossa saúde.
Tudo começa com a má higienização bucal. Isso faz com que o número de bactérias na boca aumente consideravelmente e provoque primeiro as doenças periodontais (gengivites, periodontites) e depois podem atingir todas as outras partes do nosso corpo, pois as bactérias na boca conseguem penetrar na corrente circulatória (bacteremia) e chegar aos demais órgãos do corpo humano. Uma vez encontrado algum órgão que se apresente debilitado, este pode ser alvo dessas bactérias e de seus produtos, causando ou agravando certas doenças.
No Instituto do Coração (Incor), por exemplo, 40% dos pacientes atendidos com endocardite bacteriana (infecção bacteriana nas válvulas do coração) têm a origem da doença na má higienização bucal. Pior: 20% delas vão a óbito. Portanto, faz-se necessário, além de uma boa higiene bucal, visitas regulares ao dentista, para diminuir os riscos de desenvolvimento de problemas bucais e consequentemente, da saúde como um todo.
Importa ressaltar também, que não somente a dieta cariogênica compromete a saúde oral, mas o fumo, o álcool e determinados hábitos deletérios de levar à boca determinados objetos contaminados, ou até mesmo o de roer unhas, são prejudiciais à saúde oral.
A melhor forma de mantermos a saúde bucal é por meio da prevenção. Abaixo estão dispostas algumas recomendações que funcionam como medidas preventivas e minimizantes contra as afecções bucais mais comuns:
- Mantenha visitas regulares ao dentista, idealmente a cada 6 meses;
- Procure realizar a higiene oral no mínimo três vezes ao dia;
- Evite hábitos ruins, como por exemplo o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros;
- Realize a higiene oral diária de forma adequada utilizando escovas dentárias macias, creme dental com flúor e fio dental;
- Solicite ao seu dentista as orientações corretas para a realização da escovação dentária e quais os produtos mais indicados para o seu caso;
- Evite o excesso de alimentos açucarados;
- Se observar qualquer alteração bucal, procure o seu cirurgião-dentista para que seja realizado um exame clínico apropriado;
- Troque sua escova dentária de três em três meses para garantir a sua eficiência (é importante também trocar a sua escova após episódios de gripe, resfriados ou dor de garganta, pois os vírus e bactérias podem se alojar em suas cerdas).
Cuidar da saúde da boca, não é somente visar a estética, mas a saúde do corpo como um todo.
Dr. Edson Moreira Ferreira é Consultor Parlamentar Temático IV (assuntos de saúde) da Assembleia Legislativa do ES.