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quarta-feira, 1 maio, 2024

2023, um desafio à cultura capixaba

Meta é transformar acervo em recursos nas escolas, distribuir mais as obras… Enfim, desburocratizar a cultura

Por Manoel Goes Neto

Primeiras a serem interrompidas durante a pandemia, as atividades culturais passaram o ano de 2021 ainda sob instabilidade no país – sendo os últimos segmentos a vivenciarem reabertura, em 2022, com visitações restritas e o natural receio de parte do público em frequentar espaços fechados.

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Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontaram, por exemplo, que mais de 900 mil trabalhadores da cultura foram afetados pela pandemia e, mesmo com a gradativa reabertura dos eventos em fins de 2021, a recuperação dos postos de trabalho foi lenta.

Vivemos num país rico em diversidade cultural e de dimensões continentais. É preciso que haja uma política à altura para fazer jus a todo este potencial. A cultura sobreviveu a uma pandemia dupla – sanitária e financeira. A Lei Aldir Blanc 1 foi muito importante para ajudar o setor a sobreviver, mas como política pontual não é suficiente para garantir a continuidade destas ações.

O ano de 2022 se iniciou ainda sob grandes dúvidas e desconfianças. Mesmo assim tivemos no Espírito Santo na contramão de tudo o que aconteceu, com o desmonte e a falta absoluta de recursos federais para a fragilizada Cultura nacional significativas vitórias: os inéditos Editais de Coinvestimento Fundo a Fundo, entre o Governo Estadual (Secult) e os municípios, permitiram a consolidação do sistema de políticas públicas no setor.

Antes, não tínhamos Lei de Incentivo e agora temos R$ 15 milhões a mais para o setor. Por isso, os municípios foram incentivados a criar seus conselhos e fundos da cultura, a fim de potencializar todo esse investimento. O município de Vila Velha irá distribuir R$ 980 mil em editais Fundo a Fundo, o maior valor do ES.

E no final do ano, foram lançados os Editais de Cultura 2022, com mais R$ 16 milhões, que contaram com um aumento significativo nos investimentos nos últimos anos. Uma demonstração do empenho em desenvolver e cuidar da cultura capixaba, em um novo ciclo de consolidação de políticas públicas prioritárias, o que renova e fortalece as expectativas positivas para 2023. Afinal, uma comunidade que se enxerga através do conhecimento fica menos vulnerável ao senso comum e imposições de regimes totalitários.

A cultura, quando toma a forma institucional de um ministério para fomentar suas atividades, demonstra toda a sua força, e a possibilidade do retorno do Ministério da Cultura, prometida para 2023, irá confirmar essa tese. Os repasses anuais de R$ 3 bilhões para estados e municípios, da Lei Aldir Blanc 2, e R$ 3,8 bilhões, da Lei Paulo Gustavo, representam para a classe artística um alívio e importante marco para o campo cultural voltar a impulsionar a economia brasileira. Afinal, cultura também é empreendedorismo.

O esforço em 2023 será para transformar o rico acervo produzido pelos projetos contemplados pelos editais em recursos didáticos nas escolas, fortalecer mecanismos de distribuição das obras resultantes, desburocratizar. Criar indicadores e, com eles, mensurar os impactos sociais e econômicos do setor produtivo da cultura no ES, agora mais unido que nunca, aguardando os novos desafios.

Manoel Goes Neto é escritor, diretor no IHGES e subsecretário da Cultura de Vila Velha.

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