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domingo, 12 maio, 2024

2022, um ano para (não) esquecer

Que o próximo ano seja diferente… o Brasil merece mais

Por André César

O ano que se encerra deixou muitas lições e sepultou definitivamente algumas ilusões sobre o Brasil e os brasileiros. Máscaras caíram, antigas suposições foram revisadas e novas realidades vieram à tona. O país é outro, no final das contas.

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Dividimos os últimos 12 meses em categorias distintas, mas que dialogam entre si. Assim, temos “pandemia”, “crise política”, “crise econômica/social”, “pré-campanha”, “campanha” e “transição”. Tudo junto e misturado, sintetizando um período conturbado da vida nacional.

A eclosão da pandemia, no início de 2020, ainda é sentida em todo o planeta. No Brasil, em especial, o que se viu – e ainda se vê – é um misto de medo, ceticismo e, em vastos setores da sociedade, negacionismo. Muitas das centenas de milhares de mortes de brasileiros se deram em razão da não vacinação, seguindo os preceitos de alguns integrantes do Governo Federal que defendiam medidas heterodoxas para combater a doença, como o uso de cloroquina.

Inevitavelmente, a pandemia foi um dos temas da campanha eleitoral e, mais ainda, a questão deixou sequelas em todos.

O início da crise política está lá atrás, nas manifestações populares de junho de 2013. O roteiro é mais que conhecido. Reeleição de Dilma Rousseff em 2014, seu embate com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, culminando no impeachment da titular do Planalto.

Logo após, ascensão da chamada “nova política”, baseada em valores conservadores e contra a corrupção, que desaguou na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018. Agora, ao novo Governo cabe o desafio de retomar a normalidade do debate público, contaminado pela profunda divisão que se vê na sociedade. Tarefa difícil.

As crises econômica e social caminham de mãos dadas.

O Brasil atingiu elevados índices de desemprego, o PIB cresceu pouco e, com inflação em alta, o Banco Central se viu obrigado a elevar as taxas de juros. A conta recaiu em especial sobre os mais pobres. As imagens de pessoas buscando restos de comida no lixo sintetizam essa terrível realidade.

Na prática, o período de pré-campanha teve início em abril de 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula no âmbito da Lava Jato. A partir daí, o petista voltou a campo e iniciou o embate com Bolsonaro, concluído somente no final de outubro, com o segundo turno eleitoral. Campanha permanente, eis a definição.

O que se viu foi um debate empobrecido, com ausência de ideias e propostas e excesso de ataques e desinformação. Um desserviço para nossa combalida democracia, que sofre ataques constantes e é diariamente posta à prova. Resiliência é a palavra do momento.

Por fim, a transição mostrou os limites para a formação de uma frente ampla que pretende governar o Brasil. Não é fácil conciliar interesses tão diversos, que vão do Psol ao MDB, passando pelos economistas de perfil liberal, formuladores do Plano Real.

Para obter êxito, o Governo que se inicia precisará superar essas diferenças. Mais um desafio a se apresentar.

Em suma, temos muito a aprender com 2022. O único desejo é que 2023 não seja apenas uma versão revisada do ano encerrado.

O Brasil merece mais.

André césar é cientista político e sócio da Hold Assessoria Legislativa.

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