Estabelecer processos de rastreabilidade nas cadeias produtivas é fundamental para garantir a presença da agropecuária capixaba nos mercados internacionais
Por Ênio Bergoli
Os mercados consumidores de produtos agropecuários que melhor remuneram no mundo estão cada vez mais exigentes nos quesitos de qualidade e de sustentabilidade. E o Espírito Santo tem tudo para se firmar como referência em produtividade, excelência e responsabilidade social e ambiental nos próximos anos, a partir das práticas adotadas pelos agricultores capixabas, bem como pela ação direta do poder público e das entidades que apoiam e desenvolvem o setor.
Um exemplo recente foi o anúncio do Governo do Estado sobre o início da implementação da plataforma Selo Verde-ES, um sistema de verificação de conformidade ambiental, que estará associado ao mapeamento de áreas que cultivam cafés, cacau e florestas plantadas.
Esse mapeamento será realizado a partir de sensoriamento remoto, inteligência artificial, imagens de satélite e drones. O objetivo é atestar a sustentabilidade das propriedades capixabas e garantir que a procedência não seja de locais recentemente desmatados.
Isso vai ao encontro das adequações necessárias para atendimento às normas mais recentes da União Europeia, que não permitem a importação de produtos procedentes de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020.
A administração estadual está atuando na criação de instrumentos que comprovem a origem sustentável dos produtos. Estabelecer processos de rastreabilidade em todas as cadeias produtivas é fundamental para estar de acordo com essas exigências, garantir a presença da agropecuária capixaba nos mercados internacionais e estimular a geração de receitas para os agricultores.


O principal produto da pauta de exportações do agronegócio do Espírito Santo é o café, que gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos e está presente em mais de 75 mil das 108 mil propriedades agrícolas do Estado. Até outubro de 2024, as exportações do agro capixaba ultrapassaram a marca dos US$ 2,9 bilhões, sendo que mais de US$ 1,7 bilhão foi fruto do complexo cafeeiro. Essa expressiva marca representa crescimento de 120% nas receitas das exportações do café, em comparação ao mesmo período de 2023.
Por essa importância econômica, o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo busca inserir o estado como uma das principais origens de cafés no mundo, destacando-se em diversidade, qualidade e sustentabilidade, além de ser reconhecido como referência em produtividade e bem-estar das famílias produtoras.
O programa, composto por 27 projetos, já possui diversas ações em campo, com investimentos históricos do Governo do Estado para escalar a sustentabilidade da cafeicultura capixaba. Os resultados chamam a atenção da comunidade internacional, colocando o Espírito Santo na rota de diversas missões de autoridades de vários países e especialistas diversos do setor.
Estamos certos de que o ambiente de grande integração entre os elos da cadeia produtiva do café é o fator primordial para que seja possível chegar a resultados que nos posicionem de maneira privilegiada globalmente. Vamos Juntos!
Ênio Bergoli é engenheiro agrônomo e atual secretário da Agricultura do Espírito Santo