Apesar das dificuldades enfrentadas no mercado internacional, siderurgia registrou recuperação no consumo interno e no fortalecimento da cadeia produtiva
Por Cristiano Stefenoni
O ano de 2024 trouxe um misto de desafios e avanços para os setores de siderurgia e mineração no Brasil, com reflexos significativos no Espírito Santo. Apesar das dificuldades enfrentadas no mercado internacional, especialmente devido à pressão dos preços do aço chinês, o país registrou sinais de recuperação no consumo interno e no fortalecimento de sua cadeia produtiva.
De acordo com a Worldsteel Association, o Brasil ocupa o nono lugar entre os maiores produtores globais de aço, com uma produção de 2,9 milhões de toneladas em junho, um crescimento de 11,8% em relação ao mesmo período de 2023. Dados do Instituto Aço Brasil revelam que, em outubro, o país alcançou a marca de 3 milhões de toneladas produzidas. As vendas no mercado interno subiram para 1,9 milhão de toneladas, e o consumo aparente cresceu 14,4%, evidenciando um aquecimento da demanda doméstica.
No entanto, o mercado externo continua sendo um ponto crítico. As exportações brasileiras de aço recuaram 11,8% em volume e 21,6% em valores, no mês de agosto, impactadas pela concorrência chinesa.
No acumulado dos três primeiros trimestres do ano, a ArcelorMittal teve um lucro líquido de US$ 1,7 bilhão, número bem abaixo dos US$ 3,88 bilhões do mesmo período do ano passado. As quedas foram se acumulando em cada um dos trimestres.
“A esperança do setor está para a política de industrialização ‘Nova Indústria Brasil’, do Governo Federal e que visa fomentar exatamente os setores cruciais para a siderurgia, como a indústria de veículos nacionais (que caiu por conta da facilitação das importações), as obras de infraestrutura capitaneadas pelo governo e os bens de capital”, explica o CEO da DVS Consultoria, especialista em siderurgia, Durval Vieira de Freitas.
Mineração em alta
Na mineração, a Vale (VALE3) apresentou desempenho positivo. A empresa registrou lucro líquido de US$ 6,87 bilhões no acumulado dos três primeiros trimestres, superando as expectativas do mercado. Mesmo com a queda de 15% no terceiro trimestre (US$ 2,41 bi), em relação ao mesmo período de 2023, atribuída a ajustes relacionados ao rompimento da barragem de Samarco, a alta do segundo trimestre (US$ 2,76 bi) segurou o saldo positivo.
A produção de pelotas foi 1,2 Mt maior em relação a 2023, alcançando a maior produção trimestral desde 2018, impulsionada pela maior disponibilidade de pellet feed das minas de Brucutu e Itabira, aumentando a produção de pelotas nas plantas de Tubarão.
A melhora do mercado de minério de ferro e pelotas do Brasil também fez a Samarco reativar a usina P3. A ação faz parte da consolidação do plano de negócios da empresa, visando alcançar 60% da capacidade produtiva até o final de 2024, operando de forma segura e sustentável. A receita líquida da empresa no terceiro trimestre foi de US$ 434,8 milhões de dólares (alta de 18% em relação ao ano anterior).
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.

