No Espírito Santo, assim como no Brasil, mulheres empreendedoras representam uma força econômica poderosa e crescente, apesar dos desafios
Por Suzana Fernandes
O Dia do Empreendedorismo Feminino é uma data que nos convida a refletir sobre o papel fundamental das mulheres na economia e comemorar nossos avanços rumo à equidade no cenário empresarial. No Espírito Santo, assim como no Brasil, mulheres empreendedoras representam uma força econômica poderosa e crescente, apesar dos desafios que ainda enfrentam. No último trimestre de 2023, o número de mulheres donas de negócios no país já atingia 10 milhões, uma marca que revela a determinação e a resiliência das empreendedoras, especialmente em um cenário econômico marcado por desigualdades de gênero e barreiras estruturais.
Um levantamento realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) no início deste ano traçou um “raio X” das mulheres que empreendem no nosso Estado. Mesmo com um vasto campo ainda a ser explorado e conquistado pelo público feminino, a pesquisa trouxe alguns dados passíveis de comemoração.
Intitulado “Empreendedoras Capixabas”, o estudo revelou que 85,6% das entrevistadas gerenciam seus negócios sozinhas, sendo que 54,1% atuam principalmente no setor de Serviços e 38,9% no Comércio. Além disso, o levantamento apontou que 57,5% das empreendedoras locais deixaram o emprego formal para abrir o próprio negócio.
A pesquisa também indicou que 59% das entrevistadas estão à frente de negócios com até cinco anos de existência, enquanto aproximadamente 24% já têm empresas consolidadas há mais de 10 anos. Outro dado relevante é que 35% conciliam a gestão do negócio próprio com um emprego formal.
Entre as participantes, 53,9% possuem registro como MEI, 21,9% administram micro ou pequenas empresas e 22,6% se identificaram como trabalhadoras informais, sem CNPJ. No aspecto demográfico, a maioria (64,6%) tem entre 30 e 49 anos, e cerca de 55% se declararam pardas ou pretas.
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Outra barreia é a sobrecarga de responsabilidades, especialmente para mulheres que conciliam a gestão de seus negócios com o cuidado familiar, gerada pela desigualdade de gênero que dificulta o desenvolvimento profissional das mulheres, sem que elas precisem renunciar a outras esferas de sua vida. Infelizmente, ainda existe uma lacuna em termos de reconhecimento e valorização do papel feminino nos negócios, reflexo de uma cultura que, muitas vezes, subestima a capacidade e a criatividade das mulheres empreendedoras.
Ciente desta realidade, o Sebrae/ES tem se empenhado para promover oportunidades e fortalecer a presença feminina no mundo dos negócios. Através do Sebrae DELAS, projeto voltado exclusivamente para o desenvolvimento de negócios liderados por mulheres, as empreendedoras são capacitadas sobre gestão e aprimoramento de competências socioemocionais, sendo apoiadas e estimuladas ao desenvolvimento contínuo. Além disso, as empreendedoras podem fazer parte da Comunidade Sebrae DELAS, uma iniciativa que promove conexões, apoio mútuo, oportunidades de networking e acesso a conteúdos, experiências e ferramentas exclusivas.
Sabemos, entretanto, que os desafios relacionados à atividade empreendedora feminina vão além do apoio econômico e técnico: envolvem o respeito e a valorização das mulheres em todas as esferas sociais, o reconhecimento do seu impacto na transformação social, geração de empregos, desenvolvimento econômico e sua contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e diversa. Essa visão é essencial para construirmos um ecossistema de negócios mais inclusivo, que inspire novas gerações de empreendedoras a sonhar e a realizar.
Neste Dia do Empreendedorismo Feminino, o Sebrae/ES reafirma seu compromisso de apoiar e de fortalecer as empreendedoras capixabas, contribuindo para que a sociedade compreenda e valorize a potência das mulheres, suas capacidades e sua importante contribuição para o crescimento e para a prosperidade do nosso Estado.
Suzana Fernandes é gestora do Sebrae Delas no Espírito Santo
