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sábado, 27 abril, 2024

ES promove mutirão para diminuir lotação em penitenciárias

Uma nova metodologia de mutirão foi criada pelo Conselho Nacional de Justiça

Um novo formato de mutirão judiciário vai ter início no Brasil e o Estado escolhido para aplicá-lo pela primeira vez foi o Espírito Santo. Representantes dos poderes judiciário e executivo, do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública do estado e da união participaram apresentação da metodologia do Mutirão Carcerário Eletrônico nessa segunda-feira (29) em solenidade no auditório da Corregedoria Geral da Justiça.

A nova configuração de mutirão a ser realizado no país, proposto pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do programa Justiça Presente, terá início pelo Espírito Santo devido aos bons resultados obtidos com a implantação do Sistema de Execução Eletrônico Unificado (SEEU), o Sistema de Execução Eletrônico Unificado.

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O presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), desembargador Sérgio Luiz Teixeira Gama, registrou que o CNJ tem prestigiado o Estado com excelentes projetos que estão proporcionando avanços significativos na Execução Penal, como, por exemplo, o Cidadania nos Presídios, as Audiências de Custódia e o Justiça Presente. “E agora, uma vez implantado o SEEU, o CNJ propõe a realização do Mutirão Eletrônico, uma ideia muito bem recebida pelos juízes de execução penal e pelos operadores do sistema de justiça, sendo de interesse de todos fazer desse evento um sucesso e contribuir de forma proativa para a redução da crise carcerária em nosso estado”, completou.

Durante o evento de apresentação, o diagnóstico do sistema prisional do ES e a metodologia proposta pelo CNJ para o Mutirão Carcerário Eletrônico foram apresentados pelo juiz auxiliar da presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Medidas Socioeducativas, Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, e pelas analistas do programa Justiça Presente, Thais Duarte e Liana Lisboa.

“Segundo os dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) ao programa, o Espírito Santo apresenta uma superlotação carcerária, com 23.693 pessoas privadas de liberdade e uma taxa de encarceramento de aproximadamente 589 presos para cada 100.000 habitantes. Diante das 13.863 vagas disponíveis no sistema prisional local, a taxa de ocupação é de aproximadamente 161%. Conforme o Infopen [que é o sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro], essa é a 6ª maior taxa de encarceramento do país”, ressaltou Thais.

De acordo com o juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, o Mutirão Carcerário Eletrônico surge como uma ação complementar à implantação do SEEU, na tentativa de promover um desencarceramento responsável, a partir do diálogo interinstitucional. O novo formato de mutirão apresenta quatro pontos diferenciais em relação aos mutirões já propostos pelo CNJ em anos anteriores:

1 – O primeiro é o Regime Especial de Atuação, que é o reconhecimento, em ato formal da presidência do TJES, de que existe uma situação de superlotação a ser enfrentada no sistema prisional, e que dependerá de recursos humanos e administrativos.

2 – O segundo é a Plataforma Eletrônica. Agora não haverá mais processos físicos, apenas eletrônicos. O SEEU fornece uma visão global sobre os processos de Execução Penal e permite identificar quais deles precisam de intervenção jurídica imediata. Além disso, haverá economia de tempo e energia para que seja possível configurar a atuação do juiz, promotor e defensor naquilo que realmente merece investimento. “A perspectiva é que o mutirão dure três semanas. Que nesse período todos os atores estejam envolvidos para dar uma resolutividade efetiva a esses processos. A pretensão é terminar o mutirão sem deixar passivos, ou seja, sem processos para serem analisados”, destaca Liana Lisboa.

3 – O terceiro diferencial é a Meta: “A ideia é redesenhar o panorama prisional e voltar ao cenário de 2014, quando havia 10% a menos no contingente de presos. Mas os números ainda serão objetos de estudos e serão debatidos nas reuniões com juízes, defensores e promotores, em que será traçado o plano de trabalho operacional”, revela Lisboa.

4 – O último e grande diferencial é a Qualificação da Porta de Saída. Haverá um empenho no atendimento às pessoas que serão liberadas, por equipes multidisciplinares com apoio de psicólogos, assistentes sociais, médicos, voluntários das nações unidas. O Escritório Social será valorizado como política pública para ajudar a suprir necessidades que quem for liberado.

“De nada adiantaria trabalharmos pelo alívio do sistema prisional, se esses presos fossem deixados à própria sorte. Precisamos do comprometimento do Poder Executivo para que essas pessoas possam ser ressocializadas. Espero que nós possamos quebrar o ciclo de violência, a trajetória delitiva dessas pessoas, evitando a reentrada no sistema”, finalizou Lisboa.

Ainda nesta segunda-feira (29) foi realizada uma reunião com os juízes da Execução Penal do TJES para aprofundar as discussões sobre a metodologia. A equipe do CNJ também agendou reuniões com representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Escritório Social ao longo da semana.

*Da redação com informações do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo


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