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sexta-feira, 17 maio, 2024

Dia do Patrimônio Cultural: Conheça bens históricos do ES

Data celebra elementos culturais formadores da sociedade e valoriza papel do Iphan na preservação

Por Mariah Friedrich

O Brasil celebra nesta quinta (17), o Dia do Patrimônio Cultural, uma data dedicada a reconhecer a importância da preservação dos bens culturais que contam a história dos povos e nos ajudam a entender nossas raízes e moldar o futuro. Confira a lista do ES Brasil e conheça alguns patrimônios culturais do Espírito Santo.

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Convento e Igreja de Nossa Senhora da Penha

Convento é considerado o o maior ícone da cultura, do turismo e da fé capixaba. Foto: Victor Leonel
Convento é considerado maior ícone da cultura, do turismo e da fé capixaba. Foto: Victor Leonel

Uma das principais referências visuais dos capixabas, o Outeiro e Convento de Nossa Senhora da Penha é um conjunto arquitetônico e paisagístico formado pela igreja e convento sobre o penhasco, junto à Baía de Vitória. Sua história começa com a chegada do Frei Pedro Palácios à Capitania do Espírito Santo, em 1558, quando trouxe um painel de Nossa Senhora das Alegrias.

Em 1562, ele construiu a Capela de São Francisco, no lugar conhecido por Campinho. De 1566 a 1570, Palácios edificou no cume do Outeiro a Ermida das Palmeiras, dedicada a Nossa Senhora da Penha. Em 1570, Frei Palácios recebeu a imagem de Nossa Senhora encomendada de Portugal e foi celebrada pela primeira vez a maior manifestação religiosa do Estado, a Festa de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo. 

O lugar pode ser visitado em todos os dias do ano, das 6h às 16h. A entrada é gratuita. 

Casa e Chácara Barão Monjardim

Abrigando o Museu Solar Monjardim, a Casa e Chácara Barão de Monjardim é um dos raros museus federais no Estado e o primeiro bem tombado pelo Iphan no Espírito Santo. Antiga sede da Fazenda Jucutuquara, a residência estrategicamente localizada em relevo elevado desempenhava vários papéis nas últimas décadas do século XVIII: ponto de referência para viajantes, centro de controle para o engenho e senzala.

Casa e Chácara Barão de Monjardim compõe um conjunto urbano remanescente da Fazenda Jucutuquara,.jpg
Casa e Chácara Barão de Monjardim é remanescente da Fazenda Jucutuquara Foto: Divulgação/Ministério da Cultura

A construção herdada ao longo do tempo foi iniciada na década de 1780 e tornou-se a moradia oficial da família Monjardim no século XIX e resplandece como um portal para a vida de uma família abastada da época.

O monumento mantém viva a única arquitetura rural do período colonial no Espírito Santo, que revela aos seus visitantes aspectos da vida cotidiana no século XIX por meio da coleção de objetos, mobiliário e arte sacra, testemunhos de costumes sociais e manifestações artísticas.

As visitas são gratuitas e guiadas por profissionais do museu, de terça a sexta-feira, das 10h às 16h30. O agendamento de grupos deve ser feito por telefone no número 3223-6609 e nos finais de semana o agendamento deve ser feito pelo e-mail do museu ([email protected])

Igreja dos Reis Magos

Igreja dos Reis Magos - Creative Commons
Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, Serra. Foto: Creative Commons

A Igreja dos Reis Magos, situada em Nova Almeida, Serra, Espírito Santo, é um ícone histórico que remonta ao século XVI. Testemunha de eventos significativos na região, que abrigou o maior aldeamento do Brasil, a igreja e sua anexa, a Residência dos Reis Magos, foram construídas por jesuítas e índios tupiniquins por volta de 1580 e  desempenharam um papel crucial na aldeia jesuíta de Reis Magos.

Com detalhes arquitetônicos ricos, a igreja é um exemplo notável do patrimônio religioso da época. O local fica aberto à visitação entre 9h e 17h. 

Ruínas de São José do Queimado (ES)

As Ruínas de São José do Queimado, situadas no município de Serra, guardam a memória de luta e resistência dos negros escravizados na região. Esse museu a céu aberto dentro do Sítio Histórico São José do Queimado é um sítio arqueológico reconhecido pelo Iphan e a restauração recente revelou estruturas arquitetônicas originais, como escadas, arco, cruzeiro e piso da nave, oferecendo uma visão das edificações antes do estado de ruína.

Sítio Histórico de Queimados fica aberto ao público 24h
Sítio Histórico de Queimados fica aberto ao público 24h. Foto: Divulgação: Iphan

O lugar foi palco da Revolta do Queimados em 1849, insurreição de negros escravizados protagonizada por combatentes como Elisiário Rangel, Chico Prego e João da Viúva, que reivindicavam a liberdade prometida como recompensa pelo trabalho na construção da igreja e foram duramente reprimidos, inclusive com reforços militares enviados do Rio de Janeiro.  Após o fim da revolta, os principais líderes foram condenados à morte, mas um deles, Elisário, conseguiu fugir: desapareceu nas matas do Morro do Mestre Álvaro.

O local é aberto ao público 24h por dia e permite aos visitantes explorar as estruturas arqueológicas e refletir sobre a história de resistência e luta por liberdade, servindo como um lembrete do compromisso de preservar a memória das lutas passadas por justiça e igualdade, além da necessidade de reconhecimento e respeito pelas contribuições dos negros na construção do país.

Nossa Senhora da Ajuda

Outro monumento do século XVIII tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a igreja Nossa Senhora da Ajuda se localiza no distrito de Araçatiba, na cidade de Viana, no Espírito Santo. O templo é a única construção arquitetônica que restou da antiga fazenda de Araçatiba, que teve residência desde 1716.

Dia do Patrimônio Cultural: Conheça bens históricos do ES
Monumento do século XVIII é tombado pelo Iphan. Créditos: SECOM / Prefeitura de Viana

Destinado à produção de açúcar, aguardente e mel, foi até a expulsão dos jesuítas a maior das fazendas que possuíram em extensão. Devido a sua proximidade com a capital e para escoamento da sua intensa produção, acabou por beneficiar a construção do canal de Camboapina, obra dos jesuítas, entre o rio Jucu, que corre no interior da propriedade, e a baía de Vitória, na qual os jesuítas mandaram fazer um pequeno porto perto do colégio de São Tiago, atual Palácio Anchieta, sede do governo. 

As celebrações acontecem aos domingos, 9h, quartas-feiras, às 19h30, e quintas-feiras, às 19h.  Fora das celebrações, as visitas devem ser agendadas, pelo número de telefone: (27) 3255-1237 

Santuário José de Anchieta

O Santuário Nacional de São José de Anchieta, localizado em Anchieta, Espírito Santo, emerge como um testemunho histórico da presença jesuíta no Brasil, mesclando riqueza arquitetônica com significado religioso. Acomodado na imponente Igreja Nossa Senhora da Assunção e na antiga residência jesuíta, o complexo compreende a igreja, um centro de interpretação, café, loja, centro de documentação e paisagismo cultural. As visitas podem ser feitas todos os dias gratuitamente.

Santuário Nacional de São José de Anchieta: Conjunto arquitetônico do período colonial do Brasil
Santuário Nacional de São José de Anchieta: Conjunto arquitetônico do período colonial do Brasil. Foto: Divulgação

O interior da igreja e ao Quarto de Anchieta ficam abertos de 8h às 18h. Aos domingos, no entanto, esse horário é interrompido para as celebrações das 8h30 e 10h30. O Centro de Interpretação abre de 9h às 12h e 13h às 17h. Já o Centro de Documentação pode ser acessado exclusivamente por agendamento e funciona de 9h às 12h e 14h às 17h. Os visitantes podem conferir ainda a Loja do Santuário, que funciona todos os dias de 9h às 12h e 13h às 17h e o Café Rerigtyba, de terça a domingo, de 14h às 20h.

Viaduto Caramuru

Construído em 1925, o Viaduto Caramuru tinha como propósito ligar as ruas Dom Fernando e Francisco Araújo, servindo de passagem para o bonde que circulava pela Cidade Alta. No entanto, o bonde nunca cruzou o viaduto devido a preocupações com sua resistência e a impossibilidade de fazer a curva que levava às ruas.

Viaduto Caramuru, construído em 1925, passa por reformas Foto: Creative Commons
Viaduto Caramuru, construído em 1925, passa por reformas Foto: Creative Commons

Abaixo do viaduto, encontra-se a histórica rua Caramuru, associada à batalha contra holandeses em 1640 e ao Cais São Francisco, usado pelos freis do Convento São Francisco. O nome “Caramuru” foi dado em homenagem aos membros da extinta Irmandade de São Benedito do Convento São Francisco, surgindo de conflitos com outra irmandade chamada “Peroás”.

O viaduto passou por reformas e alargamentos ao longo das décadas e vai ganhar uma cara nova com as intervenções que estão em fase final. A obra inclui a manutenção e recuperação do tabuleiro, adornos, postes, muros de arrimo e do pavimento de concreto do viaduto, e têm um investimento de R$ 841 mil.

Congo

Festa de São Benedito em Serra Sede FOTO Divulgação PMS
Festa de São Benedito em Serra Sede – Foto: Divulgação PMS

O Congo do Espírito Santo é uma rica expressão cultural enraizada na devoção a São Benedito e em homenagem a outros santos, registrado a nível estadual pela Secretaria de Cultura do Espírito Santo. 

Originado da reverência a São Benedito, cuja proteção é associada a um naufrágio na costa capixaba, o congo envolve vários conceitos, práticas e símbolos ligados às celebrações, que se desenrolam com ritos, performances e músicas das bandas de congo, marcando o período de dezembro à Páscoa.

 Neste cenário cultural vívido, figuras como mestres, rainhas, dançarinas e congueiros desempenham papéis importantes, acompanhados por elementos simbólicos como toadas, estandartes, bandeiras, mastros e instrumentos musicais, como a casaca. 

Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D'Água – ES BrasilFoto: Claudio Postay
Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D’Água – ES Brasil
Foto: Claudio Postay

As Bandas de Congo estão em todos os momentos do Ciclo Folclórico-Religioso da Festa de São Benedito: na Cortada, Puxada, Fincada e Derrubada do Mastro. A celebração marca o aniversário da cidade e acontece no dia 26 de dezembro.

Em Cariacica, o Carnaval de Congo de Máscaras é a maior festa folclórica. Acontece anualmente no dia da padroeira do Espírito Santo, em 17 de abril e reúne espectadores de diversas regiões.

O Encontro Nacional de Folia de Reis e o Boi Pintadinho, no município de Muqui, também são duas manifestações culturais tradicionais que acontecem no carnaval. 

Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES)

O processo de produção no bairro de Goiabeiras Velha, em Vitória (ES), envolve saberes e técnicas tradicionais, com matérias-primas provenientes do meio natural. Eminentemente feminina, a fabricação artesanal de panelas de barro, é tradicionalmente repassada pelas artesãs paneleiras às suas filhas, netas, sobrinhas e vizinhas, no convívio doméstico e comunitário. A atividade é o primeiro bem cultural registrado pelo Iphan como Patrimônio Imaterial, em 2002. 

fabricação artesanal de panelas de barro em Goiabeiras Velha Marcio Vianna_ Iphan
Fabricação artesanal de panelas de barro em Goiabeiras Velha Foto: Marcio Vianna/Iphan

As panelas continuam sendo modeladas manualmente com o auxílio de ferramentas rudimentares, a partir de argila sempre da mesma procedência. Depois de secas ao sol, são polidas, queimadas a céu aberto e impermeabilizadas com tintura de tanino. A técnica cerâmica utilizada é reconhecida como legado cultural Tupi-guarani e Una, sendo o maior número de elementos identificados com os da tradição Una.

O Galpão das Paneleiras pode ser visitado entre 10h e 17h de segunda a sábado e de 9h às 15h no domingo.

Jongo

O Jongo é praticado por descendentes de escravo, que por meio da dança e do batuque, relembram os hábitos ancestrais africanos. Foto Guilherme Reis
O Jongo é praticado por meio da dança e do batuque e relembra hábitos ancestrais africanos. Foto: Guilherme Reis/ Iphan

O Jongo no Sudeste é uma forma de expressão afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e elementos de religiosidade.

É uma forma de louvação aos antepassados, consolidação de tradições e afirmação de identidades, com suas raízes nos saberes, ritos e crenças dos povos africanos.

Considerado a raiz mais primitiva do samba, difundiu-se nas regiões cafeicultoras e canavieiras no sudeste brasileiro. Doze mulheres, vestindo blusa branca, saia e lenço azul na cabeça são componentes do Jongo. Fazem parte também três homens, que tocam tambores e um reco-reco. 

Dia do Patrimônio Histórico Cultural

O dia 17 de agosto foi escolhido por ser o dia em que foi sancionada a Lei nº 378, de 1937, no governo Getúlio Vargas, que criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Esq. para dir.: Candido Portinari, Antonio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco
Esq. para dir.: Candido Portinari, Antonio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco. Foto: Divulgação/Iphan

O projeto de lei para criação do órgão foi proposto pelo escritor Mário de Andrade que, até então, dirigia o Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Ele indicou para a direção o jornalista, advogado e também escritor Rodrigo Melo Franco, que hoje é homenageado como principal responsável pela consolidação da da instituição de proteção ao patrimônio nacional. 

Os bens culturais incluem monumentos, edifícios, sítios arqueológicos, obras de arte e tradições transmitidas ao longo do tempo, sendo a base de nossa identidade coletiva. Eles refletem os modos de vida, as crenças, as conquistas e as adversidades das sociedades que vieram antes de nós.

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