31.9 C
Vitória
segunda-feira, 13 maio, 2024

Cabeleireiros celebram o seu dia

Profissional é a estrela dos mais de 20 mil espaços de beleza no Espírito Santo

Por Gustavo Costa

Profissão com séculos de atuação, nas mais diversas culturas, os barbeiros ou cabeleireiros comemoram nesse dia 3 de novembro o seu dia. A data é uma alusão ao Dia de São Martinho de Porres (ou de Lima), padroeiro dos cabeleireiros e barbeiros, e que trabalhou como barbeiro-cirurgião.

- Continua após a publicidade -

Um dos destaques dentro dos salões de beleza, o cabeleireiro pode realizar um grande leque de serviços, indo do corte à selagem, passando por escova, botox capilar, mechas, cauterização, hidratação entre muitos outros.

Joyce Chagas trabalha há 10 anos como cabeleireira - Foto: Estúdio Tá Linda
Joyce Chagas, há 10 anos cabeleireira – Foto: Estúdio Tá Linda

Com 10 anos na profissão, a cabeleireira Joyce de Almeida Chagas diz que trabalhar com algo que tem um papel tão importante para a estética, sobretudo feminina, é uma responsabilidade. Segundo ela, depois que ganha a confiança com um bom trabalho, a cliente acaba se tornando fiel.

“Quando a profissional é boa, em pouco tempo já tem uma clientela fiel, e que a segue onde ela estiver. Acredito que a qualidade da técnica é fundamental, mas a forma com que as clientes são recebidas também conta muito. Durante esses 10 anos fiz não apenas muitas clientes, como amigas”, disse ela, que descobriu que era isso o que queria fazer ainda jovem, quando teve uma oportunidade na recepção de um salão de Vitória. “Fiz um estágio em um salão e como era algo que gostava de acompanhar, depois de um tempo entrei em um curso profissionalizante. E daí não parei mais. Gosto muito de fazer mechas, corte e sobrancelha. A carreira de cabelereira é de muitos desafios e aprendizado. É seguir sempre se atualizando para atender cada vez melhor”, explicou.

Com três décadas de experiência, Jorge Bernardo Bihain, ou simplesmente “Gaúcho do salão” para os clientes de Jardim Camburi, em Vitória, tem muitas histórias para contar. Ele chegou no Espírito Santo novo e aqui decidiu ter o seu negócio. Mas conta que é preciso ter perseverança.

“Eu comecei a gostar da profissão mesmo foi depois de 1 ano que comecei a trabalhar. As coisas começaram a dar certo, no começo nada é fácil. Mas as coisas vão se encaixando, você vai conquistando clientes e tudo dá certo. Eu cheguei no Espirito Santo na década de 90. Sou do interior do Rio Grande do Sul e vim para cá. Aprendi a profissão e comecei a trabalhar. Na época Jardim Camburi tinha 20 mil habitantes, era muito tranquilo. Hoje ainda é muito bom, comércio bom para trabalhar, mas claro, cresceu bastante e com mais gente, mais concorrência. De auqlauer forma, o bom barbeiro sempre terá os seus clientes. Formei minha família e meus clientes aqui. Hoje me considero um ‘gaúxaba’”, enfatizou ele.

Gaúcho fala que não adianta no entanto ser bom no que faz se não tiver paciência para fazer os clientes. E explica que muitos jovens na profissão hoje tem dificuldade justamente em entender que esse tempo de maturação é necessário. “A profissão de barbeiro é boa, mas bem desgastante. São muitas horas dentro da barbearia. Não adianta o profissional achar que vai poder ficar saindo e vai ter clientes quando voltar. É como pegar ônibus: você precisa estar no ponto. E barbeiro tem que estar dentro do seu local de trabalho. Eu fico 10 horas pelo menos todos os dias, de segunda a sábado. O maior desafio para os jovens que querem ingressar na profissão hoje é esse: ter paciência. E muitos não têm. “Percebo que o jovem de hoje não quer tanto compromisso em ficar na barbearia, em manter o horário” disse.

Já Ester Teles Ferreira atua em barbearia há 7 anos, tendo descoberto a paixão pela atividade com o seu pai ainda muito jovem. “Quando era bem mais nova meu pai pedia pra eu ajudar ele fazendo o ‘pezinho’ (acabamento) do cabelo dele, creio que ele me apresentou essa profissão mesmo que inconsciente. Quando fiz 23 anos, me profissionalizei. Eu ganho dinheiro fazendo o que eu amo, e como se estivesse pintando um quadro. Hoje meu pai é acamado e como meu primeiro cliente hoje é O cliente Master VIP”, lembrou.Ester conta ainda que precisou se empenhar dobrado por ser uma mulher em uma barbearia, um ambiente tradicionalmente masculino.

“É um mercado muito desafiador, um universo que em tese não é meu. Um rostinho bonito não vai te fazer crescer neste mercado. Existem ainda muitas pessoas com pensamentos atrasados em achar que uma mulher não pode exercer uma profissão em que sua grande 

Cabeleireiros celebram o seu dia
Ester Teles Ferreira é cabeleireira há 7 anos – Foto: Arquivo Pessoal

maioria seja homem. Mas com o tempo as coisas foram mudando e eles foram percebendo que as mulheres conseguem se encaixar perfeitamente ali também, por sermos biologicamente mais atentas aos detalhes e termos mais leveza nas mãos. E isso faz total diferença na execução de um trabalho de qualidade. Se impor com aquele ‘cliente sem noção’ também é importante. Para isso o cliente não tem sempre razão não, viu?”, riu ela.

Assim como o Gaúcho, Ester também abordou a necessidade de paciência e amor quando o assunto é se dar bem na profissão. “Trabalhar com a barbearia requer amor ao que faz e paciência. Você lida com a autoestima das pessoas não é só simplesmente um corte ou uma barba. Não é só dinheiro, há um ser humano ali que as vezes não está bem psicologicamente e você tem o poder de fazer ele se sentir melhor nem que seja um pouco. Atendemos todos os tipos de pessoas nesta profissão, inclusive pessoas ‘especiais’. Quando começa a trabalhar com barbearia até as pessoas sentirem confiança em você leva um tempo, e até ter uma cartela de clientes fiéis também leva tempo. Por isso é tão importante gostar do que se faz, se não tiver paciência e amor pela profissão vai acabar desistindo. E por último e não menos importante, nunca deixe de se aperfeiçoar, continuar estudando sobre a profissão e saber o que está acontecendo neste mercado é muito importante. Leve para os seu clientes sempre o melhor que possa oferecer”, disse a profissional, que finalizou com uma citação de Mário Cortella. “Deixo aqui uma frase que me inspira muito: ‘Faça o seu melhor na condição que você tem, até ter condições para fazer melhor ainda’”, destacou.

Adequação às leis ainda é desafio para os profissionais

O Espírito Santo conta hoje com mais de 20 mil salões, estúdios e institutos de beleza, segundo informação do Sindicato Patronal dos Salões de Cabelereiros do Espírito Santo (Sindibel). Para o presidente do sindicato, Adelmo Camilo Pereira, os profissionais da área precisam ter uma mudança de mentalidade no que se refere à legislação vigente. “Temos legalizados hoje cerca de 2 mil barbeiros, mas sabemos que isso não representa sequer 10% dos profissionais da área no Estado.

Com a criação da Lei do Salão Parceiro, no qual o profissional deixa de ser empregado para ser um parceiro da empresa onde trabalha, muitas coisas ficaram melhores para os dois lados. O salão deixa de ter tantos encargos com trabalhadores, passando a ter o cabelereiro como um prestador de serviços. E o profissional não precisa ficar preso a um salário fixo, pode ganhar muito mais.

Mas o problema é que poucos acham que vale a pena criar o seu Microempreendedor Individual (MEI) para atender como Pessoa Jurídica. E aí começam os problemas: o profissional tem direitos e deveres, mas muitas vezes ele só pensa no que vai ter que pagar. E esquece que se atuar de forma legalizada estará coberto por uma série de vantagens, como poder se aposentar, tirar férias ou ter auxílio em caso de não poder trabalhar. Conheço muitos casos de barbeiros já idosos que tem que continuar trabalhando porque não correram atrás de acertar as questões legais para exercer o seu trabalho”, frisou.

Adelmo lembra ainda que ao estar em contato com a entidade que representa o setor, esses profissionais recebem ainda subsídios importantes para a atividade. “O cabeleireiro precisa buscar informações na prefeitura, no sindicato. Com isso, ele ganha bastante em conhecimento para trabalhar melhor. Temos por exemplo convênio com entidades como o Senac, e oferecemos cursos de aperfeiçoamento que são sempre muito importantes para o profissional se destacar ainda mais” finalizou o presidente.

Consciência, paciência, resiliência e claro, amor. Para quem desenvolve essas virtudes, o trabalho como cabeleireiro ou barbeiro pode ser uma garantia de carreira bem-sucedida e um futuro mais tranquilo. Além do corte preciso e do estudo de químicas nos cabelos, são caraterísticas como essas que muitas vezes separam os bons dos verdadeiros vencedores.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 221

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA