Bebida mistura impurezas do café ao levar em sua composição cascas, mucilagem, pau, pedra e palha, itens proibidos por lei para o consumo humano
Por Kikina Sessa
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) denunciou às autoridades a comercialização de produtos preparados com “sabor café”, classificando a prática como fraude contra o consumidor.
O “café fake” imita o sabor do café de forma artificial e mistura impurezas do café ao levar em sua composição cascas, mucilagem, pau, pedra e palha, itens proibidos por lei para o consumo humano.
A notificação da Abic foi encaminhada ao Ministério da Agricultura, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de comunicar parceiros do setor supermercadista.
De acordo com o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, a entidade defende uma fiscalização mais rígida por parte dos órgãos competentes a fim de identificar esse tipo de fraude na fonte.
A Acaps não registrou comercialização desse tipo de “café fake” à venda no Estado. “Alertamos sempre os nossos associados, inclusive o departamento comercial das empresas, que tenham atenção e não adquiram produtos irregulares”, disse Schneider.


No Brasil, a legislação sanitária e de defesa agropecuária proíbe a comercialização de café misturado com resíduos. “Há quatro décadas, os setores público e privado trabalham juntos na garantia da oferta de um bom produto através das certificações. Portanto, a recomendação é que os consumidores adquiram apenas café que possuam o selo de pureza e qualidade da Abic”, diz a Associação.
A Abic identificou um produto da marca Oficial do Brasil exibindo no rótulo as frases “bebida sabor café” e “pó para preparo de bebida à base de café”. Em nota, esclareceu que o mesmo não é café e ainda engana o consumidor.
“A legislação sanitária prevê que a disponibilização de novos alimentos e novos ingredientes no mercado requer autorização prévia da Anvisa mediante a comprovação da segurança de consumo. O comércio irregular e o consumo de produtos clandestinos por empresas sem registro nos órgãos oficiais, além de violar a legislação, oferecem riscos à saúde”, diz o documento.

Imagens da embalagem viralizaram nas redes sociais, principalmente pelo “sabor café” e o preço baixo: R$ 13,99 por 500 gramas, enquanto marcas conhecidas vendem a mesma quantidade pelo dobro ou mais.
Outro exemplo encontrado nas prateleiras é o produto Melissa. Além do nome semelhante a uma marca conhecida, apresenta dois detalhes curiosos: as mesmas cores e uma xícara de café na embalagem.
A diferença está na parte inferior do rótulo. Enquanto a marca mais consumida descreve o produto como “café torrado e moído“, a outra destaca “pó para preparo de bebida sabor tradicional” e “contém aromatizante sintético idêntico ao natural” A Abic explica que o Melissa não é considerado café porque não se enquadra na categoria correta da bebida.