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terça-feira, 30 abril, 2024

As estações do ano e o Aquecimento Global

As estações do ano e o Aquecimento Global
O aquecimento global está influenciando significativamente o funcionamento das estações do ano, inclusive, com consequência prejudiciais ao funcionamento dos ecossistemas. Foto: Freepik

Por Luiz Fernando Schettino

As estações do ano – primavera, verão, outono e inverno, ocorrem em consequência do permanente movimento que o Planeta Terra realiza, possuindo características próprias, que são vitais para o funcionamento da vida. Bem como nos permitem ver os ciclos da natureza e suas particularidades, em cada época do ano, tais como: períodos quentes, frios, com mais ou menos chuvas, a perda das folhas, o florescer das plantas, as épocas mais propícias à procriação, migração e hibernação da fauna, entre outros aspectos, bem como as mudanças e interações da vida humana em cada uma dessas estações. Sendo que em algumas regiões do planeta, esses ciclos são bem percebidos nas paisagens e na vida das pessoas, enquanto que em outras, essa percepção diminui bastante, como ocorre em muitos lugares do Brasil que pouca percepção de diferença é vista entre uma estação e outra.

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Porém, no dia a dia cada vez mais se sente e está confirmado cientificamente, que o aquecimento global está influenciando significativamente o funcionamento das estações do ano, inclusive, tendendo a trazer ainda mais alterações nos funcionamentos desses ciclos da vida, se os níveis de gases que causam o efeito estufa continuarem subindo; e, consequentemente, a temperatura média do Planeta. Sendo que, em alguns poucos casos, essas alterações poderão até ser benéficas, mas na maioria das vezes são prejudiciais ao funcionamento dos ecossistemas e da sobrevivência de muitas espécies, dependendo da região do planeta e da adaptação de cada espécie e do próprio ser humano. Razão pela qual é fundamental que medidas efetivas sejam tomadas de forma planetária e em cada país, região (estados e municípios) para reduzir, de forma célere, as emissões de gases estufa, visando conter os impactos das mudanças climáticas dentro do preconizado pelos estudos do IPCC, através de uso racional e sustentável da natureza, através de inovações tecnológicas e do uso de energias renováveis; a fim de preservar muitas espécies, a qualidade de vida, a beleza e o funcionamento natural de cada uma das estações do ano.

Que com suas características próprias, permitem a vida continuar a existir através de seus padrões próprios de funcionamento, ritmos e cores, o que permite a nós humanos termos sonhos e alegrias, desejos e necessidades, tanto na primavera, quanto no verão, outono e inverno; e isto continuar a ajudar a movimentar a moda e o turismo; o funcionamento escolar; o calendário da saúde, entre outros e muitos setores da economia que giram, ciclicamente, com as estações do ano.

Exemplos dessas alterações tem sido bem percebidos na primavera, estação que está se iniciando no Brasil e que é marcada pela transição entre o inverno e o verão. Caracterizada pelo aumento da temperatura, pelo florescimento das plantas e pelo aumento da biodiversidade. No entanto, há sinais claros de que a primavera está sendo afetada pelo aquecimento global com diversas consequências, tais como: Antecipação da primavera: o aumento da temperatura faz com que as plantas iniciem o seu ciclo de crescimento e floração mais cedo, o que pode alterar o equilíbrio ecológico e afetar a polinização, a dispersão de sementes e a interação entre as espécies; Aumento da duração da primavera: o aquecimento global também faz com que a primavera se prolongue por mais tempo, o que poderá até favorecer o aumento da produtividade agrícola, mas afetar a diversidade de flora e a fauna de dadas regiões; Mudanças na precipitação: o aquecimento global altera o padrão de chuvas em diferentes regiões do mundo, o que pode causar secas ou inundações na primavera, afetando a disponibilidade de água, a qualidade do solo e a saúde das plantas e dos animais; Aumento dos eventos extremos: o aquecimento global intensifica os fenômenos climáticos como ondas de calor (como as que estamos vendo no Brasil neste início de primavera), tempestades, furacões e tornados, que podem ocorrer nesta estação e causar danos materiais, ambientais e humanos.

Ficando claro de que as mudanças climáticas estão afetando o funcionamento das estações do ano; e, consequentemente, o funcionamento dos ecossistemas e a vida dos seres humanos. Razão que se requer, reafirmando, ações efetivas, céleres e coletivas por governantes e sociedade para serem enfrentadas. Existindo algumas medidas que independente da estação do ano devem ser feitas para um uso racional dos recursos naturais e reduzir as emissões de gases estufa; e que ainda ajudam a sociedade adaptar-se aos impactos climáticos e contribuir para um futuro mais sustentável. Para combater o aquecimento global, é preciso reduzir essas emissões e adotar hábitos mais sustentáveis no dia a dia.

Algumas atitudes simples, que pode no dia a dia, ajudar a reduzir as emissões de gases estufa, tais como:

• aproveitar mais a luz e ventilação natural e evite acender luzes e usar o ar condicionado – preferir ventiladores, janelas abertas, o que ajuda a economizar energia elétrica e reduzir liberação de gases de efeito estufa; utilizar eletrodomésticos mais eficientes e que consumam menos energia em caso de necessidade de aquecimento ou refrigeração dos ambientes de casa e trabalho.

• optar pelo uso de transportes alternativos nos deslocamentos: bicicletas, patinetes e, ou transportes coletivos, para evitar a emissão desnecessária de gases que contribuem para o efeito estufa e a poluição do ar;

• economizar água e energia – evitar tomar banhos muito longos e quentes, que gastam água e energia, reduzir o desperdício de alimentos, cuja produção é fonte de emissão de gás carbônico e os resíduos e dejetos de nossa alimentação na sua decomposição geram e metano, um gás de efeito estufa muito potente; utilizar eletrodomésticos mais eficientes e que consumam menos energia. Além disso, desligar a televisão, computador e demais equipamentos eletroeletrônicos quando não estiverem sendo usados, para evitar o desperdício de energia e a emissão de gás carbônico (CO2);

• evitar o uso de agrotóxicos, principalmente na primavera, pela necessidade de polinização das plantas pelos insetos, principalmente pelas abelhas, que vem sendo dizimadas por agrotóxicos;

• plantar árvores e restaurar as florestas e jardins, (realizar projetos de plantios florestais com fins ambientais e mesmo de produção de madeira, de modo que ajude a atender a demanda madeireira de forma sustentável) – a primavera que ora se inicia é época de chuvas e, portanto, ótima para o plantio de árvores, o que ajuda embelezar e melhorar o
equilíbrio climático, pois absorvem gás carbônico, produzem oxigênio, regulam a temperatura e a umidade e abrigam e permitem uma grande biodiversidade. Na primavera, é importante também aproveitar a beleza e vibração da “explosão” da vida para intensificar a realização de educação ambiental, especialmente ao ar livre, visando promover a consciência da proteção ambiental e o desenvolvimento da cidadania, fundamental para o uso racional e sustentável dos recursos naturais;

• cada um de nós deve contribuir de forma pessoal, voluntária e cidadã, para haver mais proteção ambiental, eficiência no uso de energia e água e trabalhar pelo uso de energias limpas e renováveis, assim como cobrar das autoridades, o cumprimento da legislação ambiental vigente e a realização de políticas de proteção ambiental mais efetivas, voltadas para proteger a biodiversidade, mitigar os efeitos do aquecimento global, para haver mais qualidade de vida e proteção das pessoas, especialmente dos setores mais vulneráveis da população.

Essas ações, se praticas diariamente, com certeza, a ajudam a combater as mudanças climáticas e a mitigar seus efeitos nas estações do ano. No entanto, elas não são suficientes se não houver um compromisso dos governos, das empresas e da sociedade civil para contribuir de falto e serem realizadas políticas públicas e práticas no meio empresarial que visem a redução das emissões de gases de efeito estufa, a transição para uma economia de baixo carbono, a proteção dos ecossistemas e das pessoas das comunidades mais vulneráveis às consequências do aquecimento global. Por isso, é importante que colaboremos, nos informemos, participemos e cobremos dos nossos governantes ações concretas e ambiciosas para enfrentar a emergência climática e as estações do ano continuarem a ser o que sempre foram: uma sinfonia perfeita através das mudanças de ritmo cíclicas dos parâmetros naturais de temperatura, luminosidade e chuvas, o que permite a vida como um todo a existir; e, em cada uma das estações, nós seres humanos, termos ainda o direito de desfrutarmos de suas características, belezas e possibilidades de viver e sonhar com qualidade de vida.

Luiz Fernando Schettino – Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal, Advogado, Escritor, Professor Titular Ecologia e Recursos Naturais da Ufes -1992 a 2021.

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