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quinta-feira, 2 maio, 2024

A desCNPJtização dos anunciantes

A desCNPJtização dos anunciantesPor Cláudio Rabelo 

Os momentos mais importantes da vida são feitos em formas de anúncios. O comunicado para a família sobre o casamento, a mudança de cidade, o nascimento de um filho, a revelação do sexo de um bebê e até mesmo o divórcio são anunciados de forma especial. São espetacularizados, como um show de Truman, nesses tempos caracterizados pela economia da atenção. E assim como a atividade publicitária evoluiu, nossas práticas socioculturais também precisaram se tornar mais espetaculares. Uma integração entre as mídias de massa, o live marketing e as estratégias digitais é usada para anunciar uma promoção em um emprego, por exemplo. Esses dias li a notícia sobre um homem que contratou uma banda, com direito a trompete, saxofone e bumbo para anunciar a sua demissão da empresa em que trabalhava. Recentemente também assisti a um vídeo no Tiktok sobre o espetáculo de uma mãe que, ao lado do constrangido filho adolescente, iria revelar o resultado do teste de DNA que comprovaria ou não a paternidade do ex-companheiro.

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Até mesmo a natureza usa seus recursos para anunciar as transformações. Desde a dança do acasalamento promovida pelas aves Diamante de Gold, até o canto do galo que precisa comunicar o início da manhã. As nuvens densas, os raios e os trovões nos dizem muito sobre o futuro próximo e dão sinais sobre os cuidados que devemos ter ao sair de casa. As expressões faciais também são anúncios de demissão, divórcio, brigas, assaltos, romances e perigos. A vida é repleta de índices semióticos, ou seja, sinais que indicam e muitas vezes antecipam cenários. Como seria a história sem os anunciantes e seus anúncios?

Em tempo, hoje é o dia do anunciante. Data que não passa em branco nas agendas dos veículos de comunicação. Tenho insistido em uma quebra de paradigmas sobre os jargões da atividade publicitária. Há um bom tempo já superamos o fato de que consumidores são muito mais do que clientes e compradores. São pessoas de corpo, mente e espírito, que também são usuários. Muito além do uso produto, interagem com a marca em múltiplos pontos de contato, desde a descoberta até o momento da pós-venda. E por que não podemos voltar o mesmo olhar para os anunciantes? Não seriam eles mais relevantes como pessoas, do que os CNPJs que representam no processo de compra da mídia? E assim, convido os veículos, os anunciantes, os consumidores, os concorrentes, os novos entrantes, a mídia e a sociedade como um todo para um novo olhar em direção a um ecossistema de mercado. Um olhar que considere as pessoas e não as suas funções. Hoje é dia de lembrar do anunciante em sua forma humana, que está além da planilha, seja ela na mídia programática e no pedido de inserção do Excel. E que isso se multiplique e inspire, para que consumidores, colaboradores, fornecedores e a comunidade impactada pelas marcas também passem a ser lembrados como pessoas que habitam o mesmo tempo e espaço tão breves para a vida humana.

Cláudio Rabelo – Professor da Ufes e autor do Best Seller “A estratégia do cafezinho: como transformar produtos em marcas imbatíveis”.

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