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quarta-feira, 1 maio, 2024

Comércio capixaba tem raízes na imigração italiana

A vinificação, o cultivo do café, a gastronomia, a alfaiataria, a arquitetura e a medicina são apenas alguns exemplos dos ganhos com a imigração italiana

Por Idalberto Moro

Em fevereiro de 1874, o Espírito Santo recebia os primeiros imigrantes italianos no Brasil, com a chegada do navio La Sofia e da Expedição Tabacchi, marcando o início da grande epopeia da imigração italiana para o país, um processo contínuo que se estendeu por praticamente um século. É com orgulho que celebramos os 150 anos da Imigração Italiana no Espírito Santo.

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O Dia Nacional do Imigrante Italiano é comemorado em 21 de fevereiro, data que se refere ao desembarque dos primeiros imigrantes da Expedição Tabacchi em solo capixaba. A Lei Nº 11687/2008, uma iniciativa do então senador capixaba Gerson Camatta, foi sancionada em 2 de junho de 2008.

Nosso Estado é considerado, oficialmente, o berço da imigração italiana no Brasil. Milhões de camponeses, artesãos e operários embarcaram em grandes transatlânticos em busca de novas oportunidades para as futuras gerações em terras brasileiras. Hoje, vemos como essa movimentação marcou o desenvolvimento do comércio e da economia do Espírito Santo.

A vinificação, o cultivo do café, a gastronomia, a alfaiataria, a arquitetura e a medicina são apenas alguns exemplos dos muitos ganhos das relações ítalo-brasileiras, criando bases de comércio e serviços capixabas.

De norte a sul do Espírito Santo, vemos marcada na economia a presença dos sobrenomes italianos. Muitas empresas tradicionais, inclusive, levam os próprios nomes das famílias ou os nomes das cidades de origem dos antepassados da Itália.

A cidade de Santa Teresa é reconhecida por lei como a pioneira da imigração italiana no Brasil. Lá se deu o início da cultura do vinho. Entretanto, devido à escassez da uva para produzir a principal bebida consumida na terra natal, criou-se uma bebida semelhante utilizando a jabuticaba, fruto nativo da Mata Atlântica. Até hoje, essa tradição é mantida em Santa Teresa, tanto na produção de vinho como de fermentado de jabuticaba, atraindo turistas de todas as partes para o Circuito Caravaggio.

A Rua do Lazer, localizada no centro da cidade, caracteriza-se por um conjunto arquitetônico muito preservado e é palco para festivais tradicionais de música, dança, gastronomia e celebração da cultura italiana.

No município de Venda Nova do Imigrante, a Festa da Polenta tem o título oficial de patrimônio cultural imaterial do Espírito Santo. Realizada desde 1979, é a mais tradicional festa italiana do Espírito Santo e uma das maiores do Brasil. A celebração ocorre sempre no mês de outubro e busca manter viva a cultura do imigrante italiano, recebendo milhares de visitantes todos os anos.

O ponto alto da festividade é o tombo da polenta, quando o caldeirão gigante entorna mais de uma tonelada da iguaria. Em italiano, diferentes gerações cantam juntas “La Bella Polenta”, rememorando o ciclo do plantar-crescer-colher-cozinhar-mexer-cortar-comer até acabar (e cia cia pum, cia cia pum).

O nome do município reforça a ligação intrínseca do trabalho dos imigrantes e o surgimento do comércio, originando as cidades. Antigamente, havia ali uma pequena mercearia, que era chamada simplesmente de venda. Quando essa mercearia foi reformada, ficou conhecida como venda nova. Como a cidade foi colonizada por imigrantes italianos, foi adotado o nome de Venda Nova do Imigrante, com a emancipação em 1988.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) foi criada em 1954 para ser a casa do comerciante capixaba, representando os setores lojista, atacadista, varejista, exportador e importador, de café, de turismo e eventos.

Como não poderia deixar de ser, a aliança da Fecomércio com a Itália vem de longa data e se fortalece a cada ano, resultando em parcerias sociais, culturais e comerciais que beneficiam os dois lados e contribuem para o progresso do nosso Estado.

Idalberto Moro é presidente da Fecomércio-ES.

 

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