A alimentação em bares e restaurantes registrou inflação de 13,54% em julho, já a domiciliar subiu 4,09%
Por Amanda Amaral
A subida nos preços dos alimentos, tem gerado dúvidas entre os capixabas se o melhor é se alimentar em casa ou na rua. Isso porque, no mês de julho, a inflação da alimentação em domicílio registou 13,54% na Grande Vitória e a alimentação fora dele, 4,09%, uma diferença de 9,45 pontos percentuais.
Os dados são Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de julho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O item Alimentação e Bebidas na Grande Vitória no mês passado registrou alta de 17,64%.
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Além disso, segundo o Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Espírito Santo (Sindbares), os estabelecimentos comerciais não conseguem repassar os aumentos dos custos.
Margem de lucro
“A principal explicação é a absorção de parte desses custos por parte dos bares e restaurantes. Na pandemia o setor foi muito afetado, mas depois se iniciou a retomada com uma demanda reprimida devido as restrições sanitárias, então existe volume. Porém, a margem de lucro vem caindo, porque há também uma concorrência bem representativa no setor, que não consegue aplicar os reajustes nos preços. Então, eles diminuem a margem de lucro e apostam na demanda para ganhar volume de vendas. Lógico que há repasse de parte dos custos, porém a maioria não tem condições de repassar todo o reajuste”, comentou o presidente interino do Sindbares, Fabiano Ongaratto.
Para Ongaratto, em uma comparação o consumidor consegue visualizar a diferença entre os gastos com a alimentação em sua própria casa e com a opção de se alimentar em bares ou restaurantes.
“A situação que vivemos hoje é bem visual, porque o consumidor percebe que o reajuste no bar ou no restaurante está em uma proporção muito menor do que na fonte que ele utiliza para obter seus alimentos. Ele começa a fazer uma análise de quanto gastava antes na padaria e no supermercado e de quanto está gastando agora. Se ele pegar a conta de um restaurante, consegue identificar um aumento, mas na comparação, talvez perceba que a alimentação fora de casa possa compensar”, analisou.
Inflação no segundo semestre
Em agosto, a prévia da inflação oficial no Brasil, o IPCA-15, registrou sua menor taxa desde de 1991, com queda de 0,73%. Segundo Ongaratto, a expectativa para o segundo semestre de 2022 é boa, mas o setor apresenta algumas peculiaridades com relação à prática de preços.
“Uma questão é a redução dos preços no mercado varejista, em que você percebe o aumento e a redução acompanhando mais a evolução dos índices, mas no nosso setor, este acompanhamento vem de forma mais lenta, tanto no aumento quanto na redução dos preços. É preciso de um certo equilíbrio, em razão da margem de lucro e concorrência”, avaliou.
Encerramento do semestre
No encerramento de 2022, Ongaratto destacou o evento da Copa do Mundo no Catar como fator potencializador para o setor, seguido das festividades de final de ano e da chegada do verão.
“Nós tínhamos a expectativa de que terminando a pandemia, haveria uma demanda reprimida que potencializaria o setor, mas também estamos cientes de que há um período de adaptação. Então a gente acredita que mais para o final de 2022, em razão do período de eventos e festas, retomemos aos padrões de 2019, de antes da pandemia, mas aguardamos mesmo um reequilíbrio do setor a partir de janeiro e fevereiro de 2023”, concluiu.
Cenário nacional
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indica que 46% dos estabelecimentos aumentaram seus preços abaixo do índice de inflação em julho, enquanto 25% não conseguiram nem reajustar. Outros 27% acompanharam a inflação e 3% subiram os preços além do índice.