Por Luciene Araújo e Marcelo Rosa
O consumidor que quis sair de uma das 155 concessionárias de veículos no Espírito Santo, dirigindo/pilotando um zero quilômetro, teve que aguardar, em média, 60 dias, em 2021.
A espera decorreu da falta de peças – como os kits multimídias – que inviabilizou a fabricação nas 46 montadoras do país e, consequentemente, o envio de carros, ônibus e motocicletas às revendedoras. A escassez na oferta ‘jogou um balde de água fria’ nas expectativas dos empresários para o comportamento do setor, no período.
Com o ambiente econômico favorável, registrado na primeira metade do ano, quando foram registrados aumento nas linhas de crédito e queda nas taxas de juros e nas de mortes pela Covid-19, o clima era de otimismo. Os revendedores esperavam que as vendas alavancassem para, pelo menos, amenizar o sufoco apurado no primeiro ano da pandemia.
Entretanto, o Espírito Santo fechou outubro com a venda de 5410 veículos novos, contra a de 6598, constatada no mesmo mês do ano anterior. Resultado que representa uma queda de 18%.
Por sua vez, o volume de vendas acumulado entre janeiro e outubro/21, foi de 57.373 veículos, ante os 47.801 vendidos, em igual período de 2020. O aumento de 21% foi bem abaixo da faixa entre 40% e 50%, vislumbrada pelos empresários do setor.
“O sentimento que fica é o de frustração, já que não foram aproveitadas variantes positivas do mercado, como a facilidade ao crédito. Vale ressaltar que sejam presenciais, sejam virtuais, 85% das negociações de vendas de veículos são por meio de financiamentos”, enfatiza o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives), José Francisco da Costa.
Seminovos
A venda de veículos seminovos no Espírito Santo, em 2021, foi em torno de 20% menor do que no ano anterior. Ainda assim, o volume foi considerado satisfatório pelo presidente da Associação dos Revendedores Independentes de Veículos, Paulo Souza.
“Por incrível que pareça, mesmo com a pandemia, a venda de seminovos, em 2020, foi surpreendente. Tanto que, apesar da queda apurada, em 2021, os números não foram ruins, já que o ano anterior, na verdade, é que foi atípico, vendeu demais”, analisa.
Souza atribuiu o comportamento da venda de veículos seminovos, em 2021, sobretudo, à falta de peças que inviabilizou a fabricação nas montadoras do país e, consequentemente, o envio de carros, ônibus e motocicletas às revendedoras. “Essa situação deve prosseguir até julho ou agosto de 2022”, apontou o presidente da Arives.
Qualificação inédita
O Espírito Santo contará, a partir de 2022, com um curso para formação de revendedores de veículos. Segundo Paulo Souza, “a intenção é, principalmente, cobrir a defasagem de profissionais, nas três mil revendedoras de veículos seminovos, instaladas no estado e que empregam 15 mil vendedores”. Desse total, 40% é formado por mulheres. “Elas são mais detalhistas, atenciosas e têm demonstrado cada vez mais interesse por essa área”, afirma.
Ele adianta que a ideia é aproveitar peritos e vendedores experientes de veículos para as aulas, que deverão ser ministradas no auditório da sede da Associação, na Praia do Suá, em Vitória. “Vamos usar, inclusive, um carro para facilitar o aprendizado dos futuros profissionais”, esclarece Paulo Souza.
A previsão é de que o curso tenha duração de quatro meses e de que, por turma, sejam formados cem vendedores. “Essa qualificação será muito importante já que, mesmo com a queda em torno de 20% nas vendas de seminovos, em comparação a 2020, o volume registrado neste ano é satisfatório para o setor”, avaliou o presidente da Arives.