22.1 C
Vitória
terça-feira, 23 abril, 2024

Batalhas perdidas, guerra vencida

Apesar das muitas perdas para a Covid-19, o ES se torna referência em cobertura vacinal e mostra que acertou no pacote de medidas adotadas para o enfrentamento da pandemia

Por Luciene Araújo e Marcelo Rosa

Administrar a saúde durante esta pandemia provocada pelo novo coronavirus não foi um trabalho simples para os gestores públicos este ano. E a guerra contra o vírus começou diante de um cenário em que ninguém podia atestar certeza alguma e ainda marcado pelo descaso inicial do governo federal quanto à gravidade do problema.

- Continua após a publicidade -

O país ultrapassou a marca de 600 mil mortes, em outubro, mas a vacina chegou e o Espírito Santo se tornou exemplar no processo de imunização e também na execução da testagem.

“Nesse momento no Espírito Santo só não testa para covid-19 quem não quer. Temos 390 pontos de testagem distribuídos pelos 78 municípios capixabas e há a opção de ir direto a um desses locais ou fazer o agendamento online no site agendamento.saude.es.gov.br”, garante o médico sanitarista e secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Junior.

Mais de um milhão de testes disponibilizados no Espírito Santo e o governo estadual já solicitou ao Ministério da Saúde mais um milhão para garantir a plena capacidade de testagem, mediante a possibilidade de liberação dos eventos de verão e ano novo, além do carnaval. “Nossa estratégia de associar um bom desempenho na vacinação, com a persistência do uso das máscaras e a testagem, te mostrado êxito no rompimento da cadeia de transmissão do vírus e redução dos riscos na pandemia”, apontou.

Ao secretário, que também é especialista em Medicina Preventiva e Social, a ES Brasil questionou se a liberação de eventos como ano novo e carnaval, nos quais as aglomerações são certas, não seria um risco muito alto de gerar um novo pico de contaminação como os vivenciados em 2020 e no primeiro semestre deste ano.

Batalhas perdidas, guerra vencida
Foto: UPA Castelândia/Divulgação

“Vou dizer a mesma coisa que afirmei no Senado da República durante uma audiência. O vírus não escolhe data e evento. E os eventos de entretenimento, de shows, boates, estádios de futebol, reconhecidamente tem acontecido sem que as pessoas usem máscara e, mesmo assim, se aglomeram em um comportamento de altíssimo risco para transmissão do vírus”, argumenta o sanitarista.

Ele acrescenta: “Na minha avaliação como médico e gestor de saúde, nesses eventos deveria haver a obrigatoriedade de algumas medidas, tanto da vacinação, quanto da testagem. Então hoje estamos discutindo com o governo para um verão seguro, a estratégia de a realização de testes e de uma cobertura vacinal adequada para reduzir o risco de uma nova onda”, detalhou o secretário.

Ele comenta que vacinas têm resultados comprovados, mas a partir de seis meses, a necessidade do reforço já se mostrou real, após a segunda dose. “Então se a gente chegar em janeiro e fevereiro com muita gente atrasada na imunização completa, vamos ser um contexto de suscetibilidade da população que pode colocar em risco a proteção”.

E explica que a estratégia local será apostar sempre nas vacinas como principal ferramenta de prevenção primária, para possibilitar o retorno à vida normal. “Estamos insistentemente recomendando a vacinação e nos posicionando nessa defesa nacionalmente, porque nesse momento, não temos análises concluídas sobre o potencial de transmissão da nova variante Ômicron”.

Batalhas perdidas, guerra vencida
Fonte: Sesa

Diante dessa incerteza, para o fim do ano, o gestor considera prudente cancelar a intensidade de grandes festas. Porém, admite a possibilidade de que as conclusões sobre o “tamanho do problema” apontem que a imunização realizada até hoje é suficiente para não colocar a população em risco. “Somente embasados pela ciência, iremos afirmar sobre a possibilidade de realizar eventos de verão e carnaval com uma relativa normalidade”, completou.

Ainda sobre o Covid-19, o secretário afirmou que tem “uma suspeita pessoal” de que a doença terá um comportamento cíclico sazonal, com aumento da incidência em determinada época do ano. “Mas, serão necessários mais dois anos para reconhecer esse comportamento, uma vez que ele só pode ser aceito no contexto de plena cobertura vacinal”.

Quanto ao risco de novos surtos, Nésio enfatiza que para não haver um retorno da pandemia, em 2022, é preciso alcançar 90% de cobertura vacinal da população total com duas doses e três doses. “Se não alcançarmos a vacinação de adolescentes e crianças com cobertura satisfatória, temos sim, o risco de conviver com comportamento endêmico de frequência muito elevada. Então vamos perder a oportunidade de ter de volta a normalidade”, alerta.

Metas

A ampliação da cobertura da Estratégia da Saúde da Família, planejada pela atual equipe de governo, em 2019, tem se concretizado. Naquele ano, o município de Cariacica, por exemplo, tinha oito equipes. Hoje são 78 e deve chegar a 104 equipes, e alcançando 100% de cobertura.

Batalhas perdidas, guerra vencida
Fonte: Sesa

“Uma situação, inclusive, melhor que a da capital. Uma programa de expansão básica de saúde da família junto aos municípios, que nem mesmo com a pandemia foi interrompido. “Em 2018, ocupávamos a quinta pior posição no Brasil, em relação à cobertura de estratégia de saúde da família. Hoje estamos na 7ª melhor posição”.

Os números mostram também resultados significativos quanto ao Samu. Em 2018, havia somente 17 municípios que contavam com a presença de ambulância para o serviço. Hoje são 74 municípios cobertos com serviço móvel de urgência e emergência, atendendo 97% da população capixaba. “E vamos, possivelmente até janeiro de 2022, com ambulância nos 78 municípios”.

Na média complexidade, o secretário lembra que o atendimento durante a pandemia não foi totalmente paralisado, apesar de significativo adiamento. “Chegamos a 1500 de UTI, e praticamente 500 deles sendo utilizados para outras doenças”.

Na busca por acabar com a demanda reprimida, o Estado lançou, em setembro deste ano, um mutirão. “Em 2019, fizemos 39 mil cirurgias eletivas em 12 meses. E agora, em seis meses, iremos fechar 50 mil”.

O setor privado

O Espírito Santo registrou importantes avanços na oferta de atendimento privado em saúde. Idealizado para ser um dos principais hospitais do Espírito Santo, o Linhares Medical Center foi inaugurado em julho deste ano.

Com investimento de mais de R$ 100 milhões, 110 leitos, atendimento de urgência e emergência 24h, moderno centro cirúrgico e centros de especialidades em cardiologia, oncologia, imagem de alta tecnologia. Além de áreas exclusivas de oftalmologia, hemodinâmica vascular e salas de pratos humanizados. O governador Renato Casagrande ressaltou a importância do empreendimento para a saúde dos capixabas e a economia do Estado. O hospital surgiu em um momento em que o governo do Estado buscava leito durante a pandemia e, partir de uma parceria, o Linhares Medical Center se tornou o hospital de campanha para o município e região.

Batalhas perdidas, guerra vencida
Foto: Samp/Divulgação

“É um hospital de ponta na área de saúde que se tornou referência para todo o estado. Está em Linhares, uma cidade que cresce muito, tem atraído importantes investimentos e confirmando sua posição de grande liderança no Espírito Santo”, pontuou o governador.

Samp

Em outubro deste ano, a Qualicorp ampliou em cerca de 40% a oferta de planos de saúde no Estado ao incluir três novos produtos da operadora parceira Samp ao portfólio no segmento coletivo por adesão.

Ao todo, a companhia passou a oferecer no Estado 11 opções de planos de saúde com abrangência nacional ou regional. Sete deles da Samp, com duas modalidades para a abrangência nacional. O grupo desenvolveu ainda um produto regional voltado para atender os municípios do sul capixaba, entre eles, Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Itapemirim, Marataízes, Iconha, Venda Nova do Imigrante.

Unimed

A Unimed Vitória também avançou, lançando em setembro a pedra fundamental dos Serviços em Unidade Avançada (SUA), na Serra. O moderno complexo de saúde marca um novo modelo de negócio da cooperativa: será o primeiro empreendimento realizado pela Holding Unimed Vitória.

Batalhas perdidas, guerra vencida
Foto: Unimed/Divulgação

“Um marco para a nossa história. Vai valorizar e fortalecer o cooperativismo, além de criar em torno de 150 oportunidades de trabalho aos nossos cooperados. Esse conceito de Unidade Avançada e serviços integrados é novo e escolhemos a Serra, neste primeiro momento, para atender de forma ainda melhor os usuários da região e ampliar a nossa carteira de beneficiários, acompanhando o crescimento da cidade”, explica o diretor-presidente da Unimed Vitória, Fernando Ronchi.

A Unidade Avançada terá o total de 7.500 metros quadrados de área construída e capacidade para realizar até 30 mil atendimentos/mês. O espaço vai contar com Pronto Atendimento Adulto e Pediátrico, Unidade de Oncologia, posto de coleta laboratorial e uma Unidade Básica de Diagnóstico – que estará apta a oferecer serviços como mamografia e ressonância, entre outros. Além disso, funcionará como Hospital Dia para a realização de pequenos procedimentos. Os serviços Unimed Personal e Viver Bem Unimed, que já existem no município, serão ampliados e também ficarão no novo espaço.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA