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domingo, 28 abril, 2024

Quem não planeja, planeja errar

Planejamento é um processo, isto é, transforma entradas em saída e alimentam outros processos da empresa

Por Luciano Raizer

Essa frase, me dita um dia pelo diretor da Carboderivados, Ernesto Monaser, é bastante apropriada para explicar a importância do planejamento para o sucesso (ou insucesso) das organizações em geral.

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Planejar é a atividade mais difícil realizada na gestão empresarial. Paradoxalmente, é a que requer mais organização, no entanto, a mais informal, sendo baseada em sentimentos e não em fatos; em possibilidade ao invés de probabilidade.

Quando se fala em planejamento com empresários, logo se imagina que trata-se de fazer “plano estratégico com definição de visão, missão, negócio e princípios”; ou então perguntam: “é plano estratégico, tático e operacional?”. Quase nunca associam a função planejamento com o que realmente proporciona a sua empresa: tomada de decisões. Existe um entendimento equivocado nas empresas sobre esse tema. Elaborar um documento com nome de plano produzido por um consultor é muito diferente de organizar o processo decisório na empresa, que ocorre a cada dia.

A todo instante as pessoas que dirigem a empresa tomam decisões. Sejam elas complexas, como: “qual mercado focar com quais produtos? Onde instalar a nova unidade da empresa? O que fazer para ampliar as vendas?” Ou, então, podem também ter caráter mais operacional: “quanto produzir no próximo mês? De que fornecedor comprar materiais?”

É necessário destacar o aspecto dinâmico das decisões. Uma decisão estabelecida hoje pode mudar amanhã, dependendo do correr dos fatos. Exemplo: a programação de produção para o próximo mês pode ser alterada se pedidos forem cancelados pelo cliente, sendo necessárias novas decisões.

Se o processo decisório é complexo, é necessário entendê-lo e organizá-lo antes de se conformar “que não adianta planejar, porque tudo muda”. Conceitualmente falando, é até simples organizar o planejamento. Decisão implica definição, escolha entre alternativas. É necessário ter informações para que seja feita análise das alternativas, e disciplina para fazer revisões, considerando mudanças de cenário. Na prática, a situação é outra. O dinamismo dos negócios nos leva a “deixar para depois” uma decisão (a dita procrastinação) ou então não revisar as decisões tomadas.

Muitas vezes, os gestores das empresas não têm a seu dispor um sistema de informações confiável e usam seu “feeling”, o que pode levar a decisões erradas.

Planejamento é um processo, isto é, transforma entradas em saída e alimentam outros processos da empresa. As entradas são informações e as saídas são decisões que, quando documentadas, constituem os “planos da empresa. Planejamento é uma função do tempo: decisões são tomadas no presente, com expectativa de realização no futuro. O tempo de referência é chamado de horizonte de planejamento e as decisões devem ser revisadas ao longo do planejamento.

Recomendo que sejam definidos processos de planejamento com processos de planejamento com fluxos de atividades e documentos usados para o planejamento da empresa, o que depende de cada realidade. Os mais comuns são: planejamento estratégico, planejamento de compras, planejamento de produção, de investimentos, financeiros, entre outros.

Uma dica simples e eficaz para quem acha essa organização complexa, é dedicar certo tempo, duas horas a cada semana, por exemplo, para “pensar” no seu negócio. O fato de parar, analisar e definir, mesmo de modo informal, ajuda (e muito) os negócios.

Praticando técnicas de planejamento, certamente sua empresa irá acertar mais e, com consequência, trilhar na direção do sucesso. O planejamento pode não ser infalível ou não garantir o acerto sempre. Mas, com a prática, sua empresa irá errar menos, o que fará uma grande diferença.

Luciano Raizer Moura é Coordenador Executivo do Prodfor, doutorando e mestre em Engenharia de Produção pela USP, professor do Centro Tecnológico da Ufes e diretor da Raizer Moura Consultoria.

Este artigo foi publicado originalmente em Agosto de 2005, na Edição 03 da Revista ES Brasil. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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