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sábado, 27 abril, 2024

Psicólogo alerta para sinais de dislexia em crianças

Tratamento adequado proporciona mais desenvolvimento e qualidade de vida

Por Mariah Friedrich

Dificuldades na alfabetização, atrasos na leitura, na escrita e no acompanhamento da turma escolar, além de desafios na aprendizagem de regras ortográficas e gramaticais são alguns sinais que podem indicar dislexia. O cérebro das pessoas com esse transtorno de neurodesenvolvimento não é ativado como deveria durante as tarefas de leitura e escrita, por isso precisam de um tratamento multidisciplinar para superar as dificuldades causadas pelo quadro.

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Para reforçar a importância de estar atento aos sinais que levam ao diagnóstico precoce, 16 de novembro é marcado como o Dia Nacional de Atenção à Dislexia. A ES Brasil conversou com o psicólogo Bruno Brito Fonseca, que explicou como identificar e tratar, assegurando a qualidade de vida das pessoas que convivem com o transtorno.

Sinais

Segundo o psicólogo Bruno Brito Fonseca, um aspecto importante para se observar em crianças e adolescentes em idade escolar é que a manifestação desse transtorno pode variar, pois alguns pacientes conseguem compreender e solucionar as lições escolares perfeitamente, mas apenas quando professores ou pais prestam auxílio na leitura.

“Geralmente, as crianças com o transtorno específico de aprendizagem, como é chamada a dislexia, apresentam uma leitura lentificada ou incorreta das palavras, além de um grande esforço na compreensão do que é lido. O mesmo acontece durante a escrita; algumas crianças em idade escolar podem conseguir reproduzir letras do quadro, mas não escrevem palavras de maneira autônoma quando solicitadas. Além disso, essas crianças também podem demonstrar muitas dificuldades para resolver problemas de ordem numérica ou para lidar com noções matemáticas”, explica o psicólogo.

Como a dislexia pode gerar essas dificuldades em leitura, compreensão e até em lógica matemática desde os anos iniciais de aprendizagem, é muito comum que os prejuízos se acumulem durante as séries escolares.

“Entre os danos mais comuns que os pacientes com dislexia enfrentam estão o atraso na formação escolar, dificuldades de alcançar o ritmo da turma, evasão escolar, bullying, além de questões de ordem psicológica, como baixa autoestima, dificuldades em lidar com frustração, entre outras”, cita o psicólogo.

O diagnóstico precoce é determinante para atenuar de perdas ao longo dos anos escolares, a partir da elaboração de intervenções individualizadas. Bruno ressalta a importância da avaliação neuropsicológica assim que os primeiros sinais do quadro clínico são percebidos na rotina escolar. 

“Com a avaliação neuropsicológica é possível identificar, através dos instrumentos padronizados e da observação clínica, aspectos do desenvolvimento que ainda não se manifestaram no ambiente habitual das crianças. O objetivo central do processo não é apenas apontar um diagnóstico, mas em ajudar pais e profissionais a compreenderem de que maneira os transtornos – nesse caso, o transtorno específico de aprendizagem – se manifestam na cognição e nos comportamentos da criança avaliada, possibilitando a criação de adaptações necessárias”, explica o psicólogo Bruno Brito Fonseca.

Ele destaca ainda que algumas crianças podem se sair bem nos anos iniciais de escolarização, mas apresentar maiores dificuldades apenas quando as demandas do meio superarem as suas capacidades cognitivas de resolução. “Por isso é muito importante que os pais acompanhem de perto o desenvolvimento escolar dos filhos e estejam atentos a esses detalhes”, conclui o psicólogo Bruno Brito Fonseca.

Tratamento

O tratamento para pacientes com dislexia precisa ser interdisciplinar, com a participação de profissionais que se comunicam entre as diferentes áreas, como o psicólogo, ou psicopedagogo (que possibilita a aquisição de conteúdos escolares considerados requisitos para o desenvolvimento de habilidades mais complexas), o fonoaudiólogo (que pode ajudar o paciente a associar os fonemas às letras correspondentes) e o médico especialista, como o neuropediatra.

Segundo a Doutora em Fonoaudiologia Márcia Emília Eloi, a terapia com fonoaudióloga envove os os aspectos que foram encontrados defasados na avaliação e, normalmente, apresenta demanda de habilidades fonológicas e de processamento visual.

“A intervenção fonoaudiológica pode ser necessária durante tido o percurso de vida do paciente desde que necessário, uma vez que as demandas de leitura e interpretação vão se sofisticando ao longo da vida. A maior demanda, sem dúvidas, é na fase de alfabetização”, descreve a fonoaudióloga.

Além disso, é sempre importante que a equipe esteja engajada com a escola no acompanhamento do aluno e nas adaptações necessárias para a aprendizagem adequada.
Um agente central no atendimento de pessoas com o transtorno específico de aprendizagem é o psicólogo, que atua tanto na realização da avaliação neuropsicológica, instrumento para criar um mapeamento dos aspectos cognitivos e afetivos do sujeito, quanto no acompanhamento psicoterápico, voltado para regulação emocional e manejo de dificuldades interpessoais.

O psicólogo Bruno Brito Fonseca destaca a importância de uma avaliação neuropsicológica bem conduzida para o sucesso do tratamento da dislexia. “Não apenas para possibilitar ao paciente intervenções individualizadas e autoconhecimento sobre o próprio funcionamento, como também para contribuir com o diagnóstico, auxiliando, assim, na garantia de direitos legais”, orienta.

Apoio legal

No Brasil, a Lei 14.254 institui o acompanhamento integral para educandos com dislexia, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem.

A política prevê identificação precoce do transtorno, encaminhamento do educando para diagnóstico e apoio educacional na rede de ensino, bem como apoio terapêutico especializado na rede de saúde.

Segundo a lei, as escolas da educação básica das redes pública e privada, com o apoio da família e dos serviços de saúde existentes, devem garantir o cuidado e a proteção a esses educandos, de modo a garantir seu pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, com auxílio das redes de proteção social, de natureza governamental ou não governamental.

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