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sábado, 27 abril, 2024

Desafios e soluções para o trânsito na Região Metropolitana

O congestionamento nas horas de pico ainda é um problema, prejudicando a mobilidade e o bem-estar dos cidadãos

Por Kebim Tamanini

Não há como não perceber quando uma via está próxima de sua capacidade máxima ou já a excedeu. Isso se torna evidente até para quem não é especialista no assunto. A percepção de que há um gargalo no tráfego ocorre por um motivo real: naquele ponto específico pelo menos, a via está operando no limite.

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Estradas e ruas têm uma capacidade máxima de tráfego, que pode ser afetada por várias razões, entre as quais a expansão urbana. Por exemplo, algumas vias servem como corredores de passagem para pessoas que vivem em um lugar e trabalham em outro, resultando em um grande fluxo de tráfego. Essas vias, que representam corredores de longa distância para deslocamentos significativos, frequentemente sofrem com congestionamentos, gerando atrasos significativos e longas filas.

Para o engenheiro de tráfego e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Leivisgton Jansen, a cidade de Vitória é densamente povoada e, com isso, municípios vizinhos, como a Serra, que ainda têm muito espaço para crescer, contribuem, ainda que involuntariamente, para esses congestionamentos. “Essas cidades estão crescendo em termos de frota de veículos três vezes mais rápido do que Vitória. A frota de veículos da capital praticamente estagnou, com um crescimento de apenas 1,5% a 2%, enquanto na Serra é de 4,5% a 5% ao ano”, explicou.

Jansen esclarece que, excluindo as áreas rochosas de Vitória, a maior parte das principais vias funcionam como corredores intermunicipais, planejados no século passado. A expansão urbana dos municípios que compõem a Grande Vitória sobrecarregou as vias da capital, principalmente devido ao aumento do tráfego de passagem e ao crescimento dos municípios vizinhos.

As ligações intermunicipais que cruzam a Grande Vitória apresentam os principais pontos críticos onde os usuários enfrentam congestionamentos nas horas de pico. Seja nas manhãs agitadas ou nas tardes congestionadas, essas vias desempenham um papel vital, conectando comunidades.

A solução para esse problema envolve o aumento da capacidade dessas vias para acomodar o crescente número de usuários. No entanto, enfrentar esse problema complexo muitas vezes requer uma abordagem multifacetada.

Em busca de alternativas, frequentemente ouvimos falar sobre melhorias no transporte público e na acessibilidade à micromobilidade, como patinetes e bicicletas. No entanto, essas opções exigem ajustes na infraestrutura urbana, incluindo a criação de ciclovias e ciclofaixas para separar o tráfego desses veículos do trânsito comum, majoritariamente composto por automóveis, ônibus e caminhões.

“É crucial investir na melhoria do transporte público, uma vez que ainda desempenha um papel fundamental no sistema como um todo. Além disso, a expansão da oferta de vias e opções de locomoção é uma ação paralela necessária. Projetos como a construção de uma quarta ponte podem aliviar a sobrecarga em corredores intermunicipais, como a Terceira Ponte”, aponta Leivisgton sobre soluções que desafoguem as vias que conectam as cidades da Região Metropolitana.

Além de uma ponte adicional, a possibilidade de um túnel na Baía de Vitória emerge como uma alternativa promissora, oferecendo vantagens como a redução da necessidade de desapropriações. No entanto, a viabilidade de tais projetos depende de vários fatores, incluindo a disponibilidade de financiamento e a tecnologia apropriada.

Com a ajuda de especialistas, ES Brasil examinou os principais gargalos em cada cidade e as soluções prováveis para esses problemas na mobilidade urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória.

VITÓRIA

Na capital, muitas pessoas apontam a Praça do Cauê como um ponto problemático, onde seria viável eliminar a praça ou realizar alguma obra que permitisse uma conexão direta à ponte, sem os estreitamentos que atualmente causam congestionamento. Mas muitos moradores do bairro são contrários a essa ideia.

O engenheiro de tráfego ressalta que a Engenharia busca alternativas, mas deve ser sensível às necessidades das pessoas, ouvindo todas as partes envolvidas. Segundo o especialista, é aconselhável explorar diversas alternativas e conduzir estudos, incluindo simulações, para avaliar o impacto. Após a análise, é fundamental apresentar as opções aos moradores locais, que valorizam a área de lazer, bem como à coletividade que depende do acesso entre Vitória e Vila Velha.

A Prefeitura de Vitória anunciou que em novembro deste ano lançará uma licitação para realizar intervenções destinadas a melhorar o tráfego na região da Praça do Cauê. A mudança planejada envolve a alteração do espaço geométrico para acomodar mais veículos em cada uma das três vias que a cercam.

O secretário de Obras de Vitória, Gustavo Perin, destacou que simplesmente dividir a praça ao meio não resolveria o problema, uma vez que isso resultaria em um acúmulo de veículos na Reta da Penha. “A ideia é aumentar a capacidade de tráfego na praça, pois o gargalo ocorre na chegada da ponte, onde várias vias convergem em uma única calha com três faixas, causando congestionamentos frequentes”, esclareceu.

VILA VELHA

Quando os usuários identificam problemas, isso sinaliza claramente a necessidade de intervenções na região. Um exemplo é a Rodovia do Sol, também conhecida como ES-060, que tem planos e projetos em desenvolvimento para aliviar o tráfego e melhorar a situação na área.

Um trecho da Rodovia do Sol, particularmente a área urbana que se estende de Itaparica até Itapuã, pode passar por mudanças significativas. Um projeto inovador de criação de um binário está em andamento, segundo a Prefeitura Municipal. Isso envolve a conversão de uma via em sentido único em duas vias de sentido oposto, aumentando a capacidade de escoamento e, ao mesmo tempo, aprimorando a segurança. Concentrar a atenção dos motoristas em um único sentido da via é uma medida que visa a melhorar a experiência de tráfego.

Em Vila Velha, assim como em Vitória, os desafios de acesso são uma realidade, especialmente na chegada à ponte. Projetos de melhoria no fluxo de veículos estão em andamento também em relação a Avenida Carlos Lindenberg.

SERRA

Pontos cruciais exigem atenção especial, como os cruzamentos na BR-101, especialmente nas proximidades do terminal de Carapina, e a Prefeitura da Serra parece estar ciente da situação. Além disso, está em andamento um projeto para transformar a Avenida Norte-Sul e a Lourival Nunes em um sistema binário. As obras estão em progresso, com previsão de conclusão até o final do ano.

Para o professor Leivisgton Jansen, essas intervenções desempenham um papel fundamental na melhoria da circulação, principalmente em corredores de grande deslocamento, que frequentemente servem como as principais vias de saída de bairros e áreas densamente povoadas. “O projeto do binário é um exemplo notável de como a engenharia e a infraestrutura estão trabalhando juntas para criar soluções inovadoras que beneficiem a comunidade”, destaca.

A inauguração do Contorno do Mestre Álvaro, prevista para dezembro, representa a maior obra em andamento na Serra. Promete resolver um grande problema de trânsito: a redução do tráfego em 15 mil veículos diariamente, incluindo veículos de carga, no trecho de Serra Sede a Carapina. A cidade mais populosa do Espírito Santo está na vanguarda das melhorias na mobilidade urbana e das vias intermunicipais no estado.

CARIACICA

A cidade está passando por obras de drenagem, pavimentação e acessibilidade em suas vias vicinais e bairros, resultando em uma melhoria no fluxo geral de trânsito nas áreas secundárias do município. Além disso, estão em andamento obras para a construção de uma passagem em dois níveis no entroncamento entre a Avenida Mário Gurgel e a Rua Bolívar de Abreu, proporcionando um acesso mais eficiente ao bairro Campo Grande, que é a região de maior tráfego em Cariacica.

GUARAPARI

Conhecida por suas praias deslumbrantes, Guarapari enfrenta desafios sazonais devido ao grande número de visitantes que chegam durante o verão e feriados. Jansen afirma que a obra do contorno de Guarapari desempenha um papel basilar na remoção do tráfego de passagem, principalmente veículos comerciais, das áreas urbanas da cidade. No entanto, o município também precisa enfrentar desafios mais importantes, como a escassez de água durante os períodos de alta temporada.

Para finalizar, seja em cidades menos populosas, seja na Grande Vitória, os desafios e as soluções de mobilidade no Espírito Santo se distinguem daqueles encontrados nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou São Paulo. Com população e quantidade de veículos menores, a realidade exige abordagens específicas para garantir um fluxo eficiente nas vias e estradas.

 

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