O deputado federal venezuelano fez o juramento e disse que promoverá eleições gerais. Brasil disse reconhecer o novo presidente
A Venezuela está enfrentando dias complicados desde que o presidente Nicolás Maduro assumiu o poder. Por conta disso, muitas pessoas foram às ruas nessa quarta-feira (23) para manifestar contra o governo.
Desta forma, o deputado federal e presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o Parlamento do país, Juan Guaidó, convocou a população a protestar e assumiu o poder interinamente.
“Hoje, 23 de janeiro de 2019, em minha condição de presidente da Assembleia Nacional, ante Deus todo-poderoso e a Venezuela, juro assumir formalmente as competências do Executivo nacional como presidente em exercício da Venezuela.”, disse o presidente interino.
Durante seu discurso, Guaidó afirmou que promoveria eleições gerais a fim de garantir a democracia no país. Ele é apontado como o maior líder da oposição na Venezuela. Além disso, ele confirmou que os militares que abandonarem Maduro serão anistiados.
Ele afirmou que é preciso reagir à “usurpação” do poder por parte do presidente da República, instaurar o governo de transição e eleições livres, e pediu que os militares se mantenham “ao lado do povo”.
Protestos
Durante os protestos, a população venezuelana fez denúncias de maus-tratos e violência, além de confrontos entre manifestantes e forças policiais. Segundo o Observatório Venezuelano de Conitividade Social (OVCS), um adolescentes de 16 anos foi baleado em uma das manifestações.
Imagens divulgadas pelas entidades civis organizadas mostram embates entre manifestantes e agentes do Estado, barricadas nas ruas e uso de coquetel Molotov.
Farhan Haq, porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que a entidade acompanha de perto os desdobramentos da crise na Venezuela e as manifestações. Ele disse que a entidade rechaça qualquer tipo de violência e aguarda pelo avanço de negociações.
Maduro X EUA
Diante do quadro instaurado na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro foi à janela do Palácio Miraflores, sede do governo, em Caracas, para discursar. Acompanhado da mulher e assessores, Maduro falou para manifestantes favoráveis a ele que cercavam o edifício.
Ele disse que resistirá e se manterá firme contra a “tentativa de golpe”. O venezuelano reforçou que a eleição que o colocou no poder foi legítima e anunciou rompimento de relações comerciais com outros países, como os Estados Unidos.
“Governar cada vez mais das ruas e perto do povo para resolver todos os assuntos. Peço a todos, vamos fortalecer a legitimidade e o poder do Estado em defesa da paz e da democracia venezuelana.”, disse Maduro em um discurso emocional.
O presidente venezuelano avisou que como representante do governo estava rompendo as relações diplomáticas e políticas com o governo dos Estados Unidos. Isso porque o presidente norte-americano, Donald Trump, foi um dos primeiros líderes estrangeiros a reconhecer Guaidó como presidente interino. “Por estar em curso um plano golpista [contra o nosso país]”, justificou.
Brasil
O Brasil também foi um dos países que logo reconheceu o governo de Juan Guaidó. O presidente Jair Bolsonaro publicou, por meio do Twiiter, que o apoia. “O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”, disse na rede social.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também divulgou comunicado sobre o reconhecimento de Guaidó.
Entenda o caso
Em 10 de janeiro, Nicolás Maduro tomou posse do cargo de presidente da República, perante a Suprema Corte. Para o Brasil, o Grupo de Lima, que reúne 14 países, e a Organização dos Estados Americanos (OEA), o mandato é ilegítimo e a Assembleia Nacional Constituinte deve assumir o poder com a incumbência de promover novas eleições.
Na linha de sucessão, quem deveria assumir o poder seria o deputado federal Juan. O parlamentar chegou a ser preso e liberado. Desta forma, a Assembleia Nacional, então, declarou “usurpação da Presidência da República” por Maduro.
*Da redação com informações da Agência Brasil