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sábado, 27 abril, 2024

Pobreza diminui mas permanece nas áreas periféricas e no extremo Norte do ES

Estado vem diminuindo os índices de pobreza e ocupa a 9ª posição entre os estados com as menores taxas de pessoas em vulnerabilidade do país

Por Kebim Tamanini

Nos últimos anos, o Espírito Santo tem registrado uma redução significativa, de 8,2% e 3,2%, respectivamente, na taxa de pobreza e extrema pobreza, posicionando-se entre os estados com as menores taxas do país. Segundo dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Anual (PNADC), o estado saltou da 11ª posição entre as Unidades Federativas em 2021 para a 9ª posição em 2022. No entanto, por trás desses números animadores, persistem desigualdades sociais que permeiam as microrregiões do estado.

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Em 2022, a estimativa do número de pessoas pobres no Espírito Santo foi de 1,1 milhão, representando uma redução de cerca de 325 mil em relação ao ano anterior. Com a pobreza em 26,8%, o estado fica abaixo da média nacional, que registrou 29,4% no mesmo período. São consideradas pessoas nesse grupo aquelas que ganham até R$ 665,02, conforme estabelecido pelo Banco Mundial.

No que diz respeito à extrema pobreza, que inclui pessoas que ganham até R$ 208,73, o Espírito Santo também apresentou uma diminuição nos anos de 2018 e 2019. Estima-se que, em 2022, havia 169.128 pessoas extremamente pobres no estado, o que representa uma redução de 128 mil pessoas em relação a 2021.

Estado tem reduzido os índices e está em 9ª posição entre os estados com as menores taxas de pessoas em situação de vulnerabilidade no país
Os Institutos Federais também exercem o papel de levar educação para as regiões carentes dos estados. Foto: Divulgação

Apesar desses avanços, a análise da distribuição da pobreza revela que as áreas periféricas da região metropolitana e o extremo norte do estado continuam enfrentando desafios consideráveis. Municípios próximos à divisa com a Bahia enfrentam problemas como estiagem e características rurais, contribuindo para taxas mais elevadas de pobreza.

Um fator importante a ser considerado é a disparidade no acesso à educação avançada. Historicamente, investimentos em grandes instituições de ensino não eram direcionados para essas áreas mais vulneráveis. “Nos últimos anos, tem-se observado uma mudança nesse panorama, com a expansão de polos do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), além do surgimento de instituições privadas de ensino superior, como a Universidade de Vila Velha (UVV), que está estabelecendo um campus no município de Linhares”, explicou o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira.

Esses investimentos em educação e o crescimento econômico estão contribuindo para a redução da pobreza na região. A expectativa é que, com a atração de grandes investimentos para áreas como Linhares, Colatina e São Mateus, aliado às políticas sociais como o Bolsa Família e o programa estadual Nossa Bolsa, haja um aumento das oportunidades de emprego e renda, resultando na diminuição das taxas de pobreza e extrema pobreza.

Estado tem reduzido os índices e está em 9ª posição entre os estados com as menores taxas de pessoas em situação de vulnerabilidade no país
Professor, pesquisador e novo diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira. Foto: Divulgação

No entanto, ao comparar as regiões Sul e Norte do estado, observa-se uma diferença marcante em termos de desenvolvimento econômico. “Enquanto o Sul, com sua produção agrícola e potencial turístico, tende a ser mais próspero, o norte enfrenta desafios como a falta de investimentos e a conexão mais distante com grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em contraste com a proximidade da Bahia, que enfrenta seus próprios problemas socioeconômicos”, enfatiza Lira.

Essa disparidade geográfica também é refletida na distribuição de renda e na segregação socioespacial, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais específicas e direcionadas para as áreas mais vulneráveis do estado.

Esforços para reduzir a pobreza no ES

No Espírito Santo, tanto o governo quanto a sociedade têm se mobilizado para enfrentar as adversidades da pobreza, concentrando esforços na proteção social e na mitigação dos impactos da crise sobre os mais vulneráveis. Em 2021, o governo estadual implementou um programa semelhante ao Auxílio Emergencial do Governo Federal, denominado Cartão ES Solidário, destinando mais de R$ 140 milhões a mais de 87 mil famílias em situação de pobreza e extrema pobreza durante o período pandêmico.

Anualmente, o estado enfrenta fortes chuvas que afetam principalmente as regiões mais pobres e menos desenvolvidas. Em resposta a essas tragédias, o governo capixaba lançou, no final de 2022, o programa Cartão Reconstrução, visando fornecer recursos às famílias desalojadas e afetadas pelas enchentes. Até o primeiro semestre de 2023, mais de R$11 milhões foram transferidos para mais de 3 mil famílias.

Estado tem reduzido os índices e está em 9ª posição entre os estados com as menores taxas de pessoas em situação de vulnerabilidade no país
Fonte: Mapa da Pobreza no Brasil e no Espírito Santo entre 2012 e 2022

O compromisso do governo do Espírito Santo em combater a pobreza transcende as ações emergenciais, refletindo-se também na expansão das políticas de transferência de renda e no fortalecimento da rede socioassistencial. Projetos e iniciativas futuras demonstram um compromisso contínuo com a promoção da justiça social e o bem-estar de todos os capixabas.

A reformulação da Bolsa Capixaba pelo governo estadual em 2022 resultou em um aumento significativo tanto no valor quanto no número de famílias atendidas. Cerca de R$ 58 milhões foram transferidos, quatro vezes mais do que em 2021. Além disso, aproximadamente 75 mil famílias extremamente pobres foram beneficiadas, quase triplicando o número do ano anterior.

Paralelamente, em 2023, o governo federal iniciou o Programa de Fortalecimento Emergencial do Atendimento do Cadastro Único no Sistema Único de Assistência Social (PROCAD-SUAS) com o objetivo de revisar e qualificar o cadastro único, o que pode impactar os programas de transferência de renda em todo o país.

Essas iniciativas, alinhadas entre os governos federal e estadual, visam reduzir a pobreza e promover o bem-estar da população capixaba, especialmente nas áreas periféricas da região metropolitana e do extremo Norte do estado.

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