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domingo, 28 abril, 2024

Indústria do ES: a diversificação da base produtiva

Análises do IJSN e da Findes avaliam o desempenho da indústria do ES ao longo da última década

Por Amanda Amaral

Com a atração de novos investimentos e diversificação da base produtiva, a indústria no Espírito Santo se prepara para um novo cenário. Com a chegada de empresas de bens de maior valor agregado, o setor industrial espera ganhar fôlego.

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De 2010 em diante, é possível observar a maior atração de indústrias de bens finais para o Estado, entre elas: a Weg, a Marco Polo e a Itatiaia. A chegada ao Estado da fábrica de eletrodomésticos da Britânia e da Olan, de café solúvel, são outros destaques.

“A partir deste período, apesar dos impactos sofridos pela indústria extrativa e de transformação, observamos uma maior atração de indústrias de valor agragado. A própria industria extrativa expandiu nos últimos 12 anos. Houve a expansão com as usinas da Vale e da Samarco, o alto forno mais moderno da ArcellorMital e os investimentos da Suzano em suas plantas de Cachoeiro de Itapemirim e Aracruz. A indústria capixaba passou por gigantescas tragédias no período, mas não ficou parada”, comenta o diretor-presidente do Instituto Jones Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.

Agroalimentar e energia

Há um conjunto de projetos em andamento que buscam fortalecer a economia por meio da ampliação e construção de novas instalações da base produtiva capixaba, segundo Marília Silva, gerente-executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). 

De acordo com a Bússola do Investimento do Observatório da Indústria/Findes, estão previstos em um horizonte de 5 anos (2023-2028) investimentos na ordem de R$ 36,5 bilhões distribuídos em 289 projetos, sendo que grande parte destes projetos são oriundos do setor industrial com a participação significativa de grandes investidores, como a Vale (R$ 5,7 bi), a EDP (R$ 4,0 bi), a Imetame (R$ 3,0 bi), a Suzano (R$ 2,3 bi) e a Petrobras (R$ 2,3 bi).

“Além disso, é importante destacar os investimentos recentes nos setores agroalimentares e de energia renováveis, como o aumento da capacidade produtiva da Blend Coffe em Linhares; a construção de usinas solares em Mucurici e Pinheiro por parte da EDP; e os investimentos para a construção de fábrica de beneficiamento de café em Linhares pela Maratá”, ressalta Marília Silva. 

Mecanismos de atração

Para Pablo Lira, a continuidade do desenvolvimento industrial no Espírito Santo ao longo da última década foi possível devido a mecanismos de atração. “Houve a expansão da Sudene com a inclusão de novos municípios capixabas, além do Compete-ES, Investe-ES e o Fundo Soberano, que está diversificando a atração de empresas com a indústria 4.0. O cenário é promissor para o setor industrial. Serão R$ 50 bilhões em investimentos até 2026, 93,7% deles previstos por empreendimentos industriais. Temos novos investimentos e estamos expandindo a base produtiva, iniciamos a nova década com dificuldades, mas olhando para o futuro”, afirma.

Na última década, adversidades marcaram a produção industrial no Espírito Santo. Entre elas: a queda da produção dos campos de petróleo e gás a partir de 2010; a crise política e econômica, em 2016, que provocou a revisão dos planos de investimentos da Petrobrás; os desastres de Brumadinho, em 2015, e de Mariana, em 2019; além da pandemia da Covid-19 que afetou abruptamente as relações comerciais capixabas.

Indústria do ES
Pablo Lira, diretor-presidente do IJSN, comenta sobre as novas perspectivas da indústria. Foto: Divulgação/IJSN

Trajetória da indústria

Tal desempenho é refletido na participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, de acordo com dados do IJSN. Em 2011, o setor chegou a representar 43,2% do PIB do Espírito Santo, o que se manteve estável até 2014, quando registrou 38,9% de participação. Em 2015, o setor representou 31,1% e em 2016, 24,5%. Em 2018, essa representatividade aumenta, 32,4%. Porém, em 2019, cai novamente para 26,5%. No primeiro ano da pandemia, 2020, a indústria representava 27,4%.

“No início dos anos 2000, o setor de petróleo e gás contribuía com menos de 2% da produção brasileira. Com a expansão da prospecção e extração no Estado, dez anos depois, a contribuição passou para 15%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Espírito Santo se tornou o segundo maior produtor do país. O setor contribuiu para alavancar o desenvolvimento do Estado até meados da década de 2010, quando os campos começam a alcançar seus limites de produção. Em 2015 e 2016, houve uma grave crise política econômica no Brasil que afetou a Petrobras e também seus investimentos nessa cadeia”, analisa o diretor-presidente do IJSN, Pablo Lira.

Análise do desempenho

Na opinião dele, uma análise do desempenho da produção industrial no Espírito Santo não é possível sem uma avaliação mais complexa sobre as condições que influenciaram a trajetória do setor nos últimos dez anos.

“Não podemos negligenciar a importância dos impactos negativos na indústria, Brumadinho e Mariana estão entre os maiores desastres ambientais do Brasil. A Samarco só voltou a funcionar em 2021, e com 26% da sua capacidade. O preço do minério de ferro teve seu auge em 2012 e 2011, só voltou a subir durante a pandemia. Além disso, o Espírito Santo possui uma economia muito mais dependente do mercado internacional do que o Brasil, o grau de abertura da economia capixaba é o dobro da nacional”, pontua.

Adensamento da cadeia

Apesar dessas adversidades, na última década, houve um adensamento da cadeia produtiva da indústria de transformação capixaba, ou seja, esse setor aumentou o valor entre as suas etapas de produção, de acordo com Marília Silva. 

Ela cita que, nesse período, ocorreram diversos investimentos no estado, como os feitos pela WEG, Marcopolo, Imetame, Jurong, Oxford Porcelanas, Itatiaia, entre outros.

“É por isso, que apesar dessas adversidades, o Espírito Santo continua a ser um estado industrial forte, uma vez que a indústria permanece indispensável para a sua economia. Hoje, o setor responde por 27,4% do PIB estadual, por 17% da arrecadação total do estado e mais de 232 mil trabalhadores com carteira assinada ao final de 2022”, pontua.

 

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