Em construção no Norte do Espírito Santo, o porto vai operar com tecnologias para otimizar a cadeia logística de seus terminais
Por Larissa Avilez
No cenário de inovação, os portos adotam soluções informatizadas e tecnológicas. A proposta insere o conceito de porto 4.0. Em construção no Norte do Espírito Santo, o porto da Imetame foi planejado para operar com essas tecnologias.
A gestão será por meio de um TOS (Terminal Operating System), que visa a otimizar toda a cadeia logística do terminal, desde o planejamento do pátio até a alocação de recursos, incluindo o agendamento inteligente de caminhões.
“O ponto principal para se ter um excelente fluxo operacional é a integração de todos os processos, incluindo um sistema que vai permitir que a entrada de veículos no porto seja praticamente automatizada. Os motoristas serão identificados pela digital ou pela face, e os contêineres serão reconhecidos automaticamente, pelo OCR (Optical Character Recognition)”, explicou Anderson Carvalho, diretor de operações da Imetame Logística Porto.
Além disso, os gates (portões) serão automatizados e um operador, à distância, vai poder fazer a retirada do contêiner e a pesagem do caminhão, contribuindo para ações fiscalizatórias. “São equipamentos de última geração, com operação remota, o que traz muito mais segurança, confiabilidade e transparência”, garantiu.
Com um calado de 17 metros de profundidade, o novo terminal permitirá a atracação de navios de grande porte, que, segundo a empresa, ainda não operam no Brasil. Para efeito de comparação, os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) – os dois principais do país – têm calados de aproximadamente 15 metros.

Segundo a Imetame, no primeiro ano de operação (2026), a expectativa é movimentar 80 mil contêineres e 500 mil toneladas de carga. Apesar da quantidade ser considerada baixa, a projeção é que ela aumente com a chegada de linhas de navegação para a Europa, a Ásia e a costa leste dos Estados Unidos – impulsionando mais investimentos em tecnologia.
“O Espírito Santo já tem uma vocação para o comércio exterior, mas hoje sofre com a falta de capacidade portuária e não consegue atender à demanda crescente dos navios. O que estamos fazendo é criar uma estrutura portuária para suprir essa necessidade. Isso pode fazer com que o estado volte a ser atrativo e competitivo”, projetou Anderson.


Com um grande potencial de crescimento no país, o comércio exterior por meio dos portos é capaz de impactar de forma direta e indireta na geração de emprego e renda, ao fomentar uma longa cadeia de produtos e serviços atrelados à operação portuária. Um efeito que só cresce ao passo que terminais precisam investir para serem mais eficientes.
“Quanto mais informatizado é o terminal, maior o percentual de utilização. No entanto, existem etapas e pré-requisitos importantes. Não adianta, simplesmente, despejar dinheiro em tecnologia. Tem que ter carga, infraestrutura, os investidores adequados, o pensamento tecnológico… Dependendo disso, o processo flui ou não. É assim no mundo todo”, concluiu Alexsandro Lima.
*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 226, especial de Portos, que circula em abril de 2025.