Por Arilda Teixeira
Após conhecer o conteúdo do discurso de posse de Marcio Pochmann como Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não tem como não se incomodar.
Inclusive a Ex-Diretora de Pesquisa do IBGE (1999-2004), em artigo do O Globo, criticou, como deveria, o tom autocrata da fala do Presidente empossado.
Contudo, essa crítica não chega a ser uma surpresa para o cotidiano político brasileiro.
Até as pedras dos calçamentos paulistas sabem que, tendo sido treinado no sindicalismo, Pochmann carrega herança endêmica da hierarquia e da camuflagem. Assim sendo, está vendo o Cargo que lhe foi entregue como meio para alterar a relação do IBGE com a sociedade em favor dos interesses de seu grupo.
Entretanto, não é papel de Presidente de Instituto de Geografia e Estatística (que é o que o IBGE é) estabelecer esse vínculo.
Assim como não é seu papel ingerir sobre a estrutura hierárquica desse Instituto, e de quaisquer outro, dessa natureza.
Por isso, o fato de Pochmann questionar/ingerir sobre técnicas de divulgações de estatísticas reconhecidas mundialmente, usadas pelo IBGE, é totalmente fora de propósito.
Assim como o argumento do Presidente Marcio Pochmann de que o IBGE precisa ter controle de seus Superiores, porque disponibiliza suas estatísticas na mídia.
Oras, bolas! E onde mais o IBGE deveria expô-las?
No Sindicato dos Trabalhadores Paulistas? Haja vista que as mídias são canais para transmissão de informação?
E para que servem as mídias, se não são para divulgar informações?
Estatísticas são parâmetros para orientar tomadas de decisões de agentes econômicos e públicos.
Então…. Onde está a razão da crítica ao modelo atual, Presidente Pochmann?
Resposta simples: está no fato de que autocratas também não têm consciência coletiva como dissimulam ter. De perto, são tão convenientes, egoístas e dissimulados, como os demais agentes econômicos e políticos – de países subdesenvolvidos – que vivem e sobrevivem dos apoios, subsídios, e indicações para cargos de Estado.
E que, de quando em vez, ao alçarem a um cargo público de Estado, perdem a dimensão do decoro que seu cargo impõe.
No caso de Marcio Pochmann, o decoro que lhe cabe como Presidente de Instituto de Geografia e Estatística do Brasil(IBGE) é preservar a cidadania, porque não cabe ao Poder Executivo (que ele agora ocupa) mudar as diretrizes dos órgãos de Estado.
A única explicação que justifica toda essa ladainha do atual Presidente do IBGE é que, como sindicalista de carteirinha que sempre foi, e continua sendo, quer bloquear o acesso da Imprensa às informações para a sociedade. Imprensa Livre é sinal de que os cidadãos terão mais acesso à informação. Portanto, menos espaço para as jogadas de interesse político que, invariavelmente, prejudica o cidadão-contribuinte.
Quanto mais informação os meios de comunicação divulgarem, menores serão os espaços para negociações convenientes entre membros do Estado e seus asseclas.
O Presidente Pochmann ainda não se deu conta de que IBGE é órgão de Estado. E não dos Sindicatos de trabalhadores.
Arilda Teixeira é economista e escreve todas às terças-feiras em ES Brasil.