Curta-metragem será lançado em sessão de cinema gratuita nesta sexta-feira (8), às 19h, na Praça 3 de Maio, Goiabeiras Velha, Vitória
Por Mariah Friedrich
A tradição e o conhecimento transmitido por gerações de benzedeiras foi foco do novo documentário da websérie “Griôs de Goiabeiras”, projeto comunitário de registro e difusão da memória de mestres e mestras dos saberes e fazeres tradicionais da comunidade de Goiabeiras Velha.
O lançamento do curta-metragem “Benzedeiras”, de Jamilda Bento e Beatriz Lindenberg, acontece em sessão gratuita nesta sexta-feira (8), às 19h, na Praça 3 de Maio, em Goiabeiras Velha.
Com 17 minutos de duração, o filme destaca a sabedoria das mulheres na comunidade, focando em práticas de cura tradicionais para alívio de dores físicas e espirituais. Apesar de enfrentar desafios devido ao preconceito e à intolerância religiosa, as benzedeiras da região persistem, mantendo viva a espiritualidade, o cuidado e a compaixão em relação ao próximo.
Financiado pelo Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult), o documentário integra a série “Griôs de Goiabeiras”, projeto que destaca personalidades marcantes, histórias de vida e a rica cultura tradicional do bairro. A produção é realizada pelo Instituto Marlin Azul em colaboração com a Banda de Congo Panela de Barro.
O curta aborda experiências das benzedeiras em rituais e métodos populares de cura, enfrentando desequilíbrios físicos e aflições espirituais, como cobreiro, erisipela, espinhela caída, dor de ouvido, desencanto e mau-olhado.
Elas compartilham uma variedade de práticas envolvidas nos trabalhos, como o uso de facas, tesouras, galhos, folhas, orações aos anjos, santos, banhos e chás de ervas medicinais, além de simpatias específicas para cada situação.
A diretora Jamilda Bento destacou a importância de promover a partir do registro e da difusão do curta a memória viva de pessoas que como ela vivenciaram a prática tradicional do benzimento.
“Dona Jenette, uma das mulheres que tece as suas vivências referentes ao mal olhado, deu a luz a sua primeira filha Jamilda acompanhada da parteira Lúcia Florinda, minha avó materna, que também era Paneleira. Todas que estão no documentário foram benzidas por antigas benzedeiras que estão no Orún e que nos presentearam com essa forma peculiar de estar no mundo cuidando da/do outra/a e recebendo às vezes um agrado. São memórias de benzimento que estão em nós nascidas a partir da década de 1939, como é o caso da paneleira Jenette”, expressou a artista.
Sobre as Diretoras:
Jamilda Bento, nascida em Goiabeiras Velha e filha e neta de benzedeiras, é bibliotecária e mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Além de coordenar a Banda de Congo Panela de Barro, faz parte do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). A autora do livro “Benzedeiras de Goiabeiras” (2004) traz sua expertise para o documentário audiovisual.
Beatriz Lindenberg, formada em Comunicação Social pela Ufes e com especialização em Cultura e Educação pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso-Brasil), é fundadora do Instituto Marlin Azul. Ela coordena diversos projetos, incluindo Revelando os Brasis, Projeto Animação/Núcleo Animazul, Cine Animazul, Curta Vitória a Minas, Cine Quilombola, Cinema de Griô, Memória do Barro e Griôs de Goiabeiras. A websérie “Griôs de Goiabeiras”, com direção de Beatriz Lindenberg e Jamilda Bento, está disponível em: imacultural.org.br
Assista a seguir o Episódio 5 da websérie Griôs de Goiabeiras: Minha Terra Natal – Manguezal:
Serviço:
Lançamento do Curta-Metragem “Benzedeiras”
Sexta-feira (8), 19h
Praça 3 de Maio, Goiabeiras Velha, Vitória
Evento aberto ao público
Classificação livre