23.8 C
Vitória
sexta-feira, 17 maio, 2024

Riqueza capixaba inexplorada, mas que demanda cuidados

Maior jazida de sal-gema na América Latina, reserva em Conceição da Barra tem grande potencial, mas também preocupa.

Por Gustavo Costa

Descoberta pela Petrobras ainda nos anos 1970, a maior jazida do sal-gema na América Latina fica no Espírito Santo. Apenas décadas depois, o mineral viria a ser realmente considerado – e cobiçado. E assim, a região de Conceição da Barra e adjacências, com 110 mil hectares e quase 20 bilhões de toneladas, passou a ser a nova bola da vez em termos de potenciais econômicos.

- Continua após a publicidade -

O sal-gema do Estado está em camadas com até 2 mil metros de profundidade e apresentam boa pureza. Enquanto o sal marinho tradicional é normalmente utilizado no consumo humano, o sal-gema é usado na indústria química, principalmente.

No entanto, o problema ocorrido na extração do mineral de minas em Maceió – onde literalmente um bairro da cidade afundou e fez com que mais de 60 mil pessoas tivessem que abandonar suas casas – ligou o alerta na cabeça dos capixabas. Seria uma boa ideia a exploração? E como evitar que o mesmo problema de instabilidade após anos de mineração em Alagoas se repita em solo capixaba?

Para o engenheiro florestal e professor Luiz Fernando Schettino, o potencial do sal-gema é inegável, mas demanda cuidados em sua extração. “O sal-gema no Espírito Santo tem um potencial muito grande em termos econômicos e creio que também social. Basta que se tome as medidas certas, se aplique à legislação vigente, haja um processo transparente e principalmente a participação da população ampla, mas especialmente a todos os setores envolvidos, ambientais, povos originários, quilombolas, que ocupam a região que vai ser trabalhada”, disse ele, que também foi secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e diretor geral da Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado (Aspe).

Grupo de representantes da sociedade

Segundo Schettino, é fundamental que o licenciamento ambiental da atividade seja feito de forma efetiva, com a participação da sociedade, do Ministério Público e de todos os setores envolvidos, com base na lei, na transparência e nos princípios do direito ambiental. “É preciso prevenção e precaução, isso é, tomar todas as medidas científicas disponíveis para mitigar, reduzir ou eliminar qualquer impacto. E a precaução aquelas áreas, aquelas situações em que não devemos mexer, que não façam”, explicou ele, lembrando que a exploração pode ser feita de forma segura, de forma segura, sendo feito o licenciamento ambiental da forma correta.

A criação de um grupo de debate com membros da sociedade, Ministério Público e agentes que estarão envolvidos no licenciamento da exploração do sal-gema é defendido pelo professor, uma vez que é um debate que interessa a todos os capixabas. “Inclusive incluindo os parlamentares federais que são a favor e os que são defensores dos povos originais, do meio ambiente, para que visitem os países onde está sendo feita a extração de sal-gema e se tirem as lições do que ocorreu, das atitudes que tomaram, assim como se visite Maceió. Dessa forma, o sal-gema no Espírito Santo poderá ter um grande potencial econômico, social, e os seus produtos, que são importantes para a sociedade, são muito importantes, poderão ser usados e dar novas oportunidades de desenvolvimento ao Espírito Santo”, falou.

O Estado, no ponto de vista de Schettino, só tem a ganha toda atividade econômica, se feita de forma adequada e sustentável, “Poderá gerar empregos, tributos, investimentos em infraestrutura na região. E poderá, com certeza, beneficiar uma grande quantidade de pessoas que vivem naquela região e, consequentemente, o desenvolvimento estadual, bastando para isso que se tenha os cuidados devidos, como já foram feitos, e bastando para isso que as pessoas sejam ouvidas e observando o que está ocorrendo em Maceió e em países do mundo”, disse.

As vantagens para o Estado, sobretudo no longo prazo, é algo que poderá fazer total sentido, afirma o professor. “É uma atividade que deverá durar 50 anos. Que possamos fazê-lo com segurança e o meio ambiente continue a ter a sua proteção, o seu respeito”, finalizou ele.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 221

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA