O bloco europeu representa 42,7% do volume de café exportado por produtores capixabas até o mês de julho deste ano
Por Otávio Gomes*
No primeiros sete meses de 2024, o Espírito Santo bateu o recorde de volume de café exportado para países da União Europeia (UE) na comparação com qualquer ano da série histórica. O número de sacas do complexo cafeeiro exportado para o bloco saiu de 316,6 mil para 2,3 milhões de sacas este ano, um aumento de quase 800%. Os números são da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
Até julho deste ano, o volume de café embarcado para os 26 países da UE, considerando café cru em grãos, café solúvel e café torrado e moído, representa 42,7% do total vendido pelo Estado ao exterior, mais de três vezes maior do que os 15,6% em 2023. Com o aumento da participação europeia nas vendas, o valor das divisas com a UE no ano somou US$ 442,7 milhões, em contraste com os US$ 57,9 milhões do ano passado.
A Bélgica se destacou como o principal comprador do café capixaba, com um aumento de quase nove vezes no volume importado na comparação com o ano passado, passando de 43,9 mil para 805,7 mil sacas. A Itália ficou com o segundo maior mercado, com a compra de 462,9 mil sacas, seguida pela Alemanha, que aumentou as exportações de 49,3 em 2023 mil sacas para 349,9 mil sacas este ano.
Os dez principais países importadores do bloco no período são Bélgica, Itália, Alemanha, Espanha, Polônia, Países Baixos, Estônia, França, Grécia e Croácia.


Segundo o titular da Seag, Enio Bergoli, o desempenho de 2024 reflete a crescente demanda e valorização pelo café capixaba no mercado europeu, consolidando o bloco como um dos principais destinos do café produzido no Espírito Santo. “Esse desempenho extraordinário é resultado direto da evolução da qualidade dos nossos cafés, sobretudo, do conilon, fruto de investimentos em tecnologias avançadas e capacitação dos nossos produtores. Fatores externos, como a quebra de safra no Vietnã e conflitos internacionais que afetaram a logística de outros países produtores, também favoreceram essa expansão, além, é claro, das incertezas decorrentes do regulamento europeu de commodities livres de desmatamento. Continuamos com o planejamento de Estado, temos o programa de cafeicultura sustentável mais robusto do Brasil que norteia o rumo onde queremos consolidar o café capixaba no mundo”, pontuou Bergoli.
“O resultado das exportações é reflexo de um trabalho altamente profissional em toda a cadeia do café no Espírito Santo, desde os produtores até o segmento exportador e a indústria, e reforça que o trabalho desenvolvido no Estado por diversas organizações que fazem parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura está gerando resultados expressivos e contribuindo para consolidar o Estado como uma das principais origens produtoras de cafés sustentáveis do mundo”, complementou o subsecretário de Estado Desenvolvimento Rural, Michel Tesch.
O gerente de dados e análises da Seag, Danieltom Vandermas, comentou qu os números também indicam uma oportunidade para os produtores capixabas diversificarem as exportações. “É fundamental observar que, embora a Bélgica, Itália e Alemanha sejam os maiores destinos, o aumento exponencial das exportações para mercados menores, como Polônia e Estônia, revela oportunidades estratégicas para diversificação e expansão em países emergentes dentro do bloco europeu. Essa diversificação é crucial para mitigar riscos e garantir resiliência econômica no longo prazo”, informou Vandermas.
*Sob supervisão de Erik Oakes