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sábado, 27 abril, 2024

Enio Bergoli fala sobre o atual panorama do cacau no ES

“O cacau passa pela sua fase de preços mais altos da história”

Por Gustavo Costa

Nesta terça-feira, 26 de março, é celebrado o Dia do Cacau. O secretário de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Estado, Enio Bergoli, fala sobre os destaques e gargalos acerca do cacau para a economia do Espírito Santo, um dos maiores produtores no país.

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ES Brasil – Qual é o cenário do cacau em 2024 no Espírito Santo?

Enio Bergoli – O Espírito Santo é o terceiro maior produtor do país, nós temos quase três mil propriedades de cacau aqui no Estado, sendo que 7 a cada 10, são propriedades da agricultura familiar. Temos uma área de 17,5 mil hectares plantados, e grande parte dessa área está sob o sistema de produção que nós chamamos de cabruca, que consiste no plantio dos cacaueiros debaixo da sombra de árvores nativas da Mata Atlântica, contribuindo com a preservação desta. Nós temos hoje 44 municípios produtores de cacau, sendo que Linhares responde por 70% da produção. O cacau passa pela sua fase de preços mais altos da história, com tonelada acima dos US$ 9 mil dólares. 

ES Brasil – Como se encontra a produção de cacau capixaba?

Enio Bergoli – Aqui no Espírito Santo já tivemos, na década de 1980, uma produção de 17 mil toneladas de cacau. E então tivemos o problema com a vassoura de bruxa, nos anos 1990, que derrubou a produção para 4,4 mil toneladas. Aí os produtores, junto com o apoio do governo do Estado, passou a agir para renovando essas lavouras, fazendo com que ficassem mais tolerantes e resistentes. Resultado, voltamos para uma produção na casa dos 13,5 mil toneladas. Então, o setor vive um ótimo momento não apenas de preço, mas de retomada da produção.

ES Brasil – Qual a situação das empresas do setor no Estado?

Enio Bergoli – Bom, um outro ponto importante é que aqui no Espírito Santo nós vivenciamos um crescimento do número de marcas de chocolate muito grande. Nós temos mais de 40 produtores processando e fazendo chocolate, isso é muito interessante. Há 15 anos, nós tínhamos a Garoto. Hoje é a Nestle, chocolate Vitória e as pequenas marcas, mas que fazem uma diferença muito grande para venda dos segmentos exigentes da sociedade, com composições de alta qualidade. O que é muito bom, está agregando emprego e renda aqui no Espírito Santo. É algo muito favorável.

ES Brasil – Quais os maiores gargalos no setor hoje e como isso está sendo trabalhado?

Enio Bergoli – No final do ano passado, lançamos um plano de desenvolvimento estratégico da agricultura capixaba, onde nós estudamos as 30 principais atividades agrícolas. Fizemos um planejamento até o ano de 2030 para diversas cadeias e o cacau está inserido. O Governo do Estado, junto com seus parceiros públicos e privados, conduz o programa e a gente segue reforçando a assistência técnica, o desenvolvimento tecnológico. O cacau enfrenta a ameaça da monilíase, uma doença que embora não tenha atingido os três principais produtores – no caso, o Pará, a Bahia e o Espírito Santo – mas é uma preocupação por já estar no Brasil. Estamos cada vez mais orientando os produtores para ir renovando suas lavouras já com o clones de cacau, que são resistentes a essa enfermidade. Se a vassoura de bruxa nos pegou de calça curta no passado, o mesmo não acontecerá agora com a monilíase. Temos uma ameaça, mas o desenvolvimento científico já avançou muito e estamos preparados.

ES Brasil – Quais ações e parcerias no Estado destacaria a respeito do cacau neste ano?

Enio Bergoli – Estamos ampliando a assistência técnica à cultura. Temos indicadores tecnológicos, produtividade cada vez melhor, utilização de variedades adequadas que são produtivas e que também toleram e resistem a pragas e doenças. Também será anunciada em breve uma parceria entre o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) e a Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) que tem uma unidade regional em Linhares. O Incaper deve nos próximos 30 dias contratar mais 100 profissionais para atuar em pesquisa assistência técnica e extensão rural. Não apenas para o setor de cacau, mas para todas as atividades. Vamos treinar uma parte desses profissionais para que possam atuar na assistência técnica. E também vamos desenvolver cooperações com a Ceplac para multiplicação de materiais para os produtores aqui no Espírito Santo, de modo que a gente fique sempre com nossos sistemas de produção competitivos, com produtividade, com custos baixos de produção e sobretudo com materiais que tenham aroma, sabor agradáveis. E que sejam também, tolerantes a pragas e doenças que sempre são ameaças para o cacau e outros cultivos. 

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