As aves localizadas em Marataízes e em Vitória são os primeiros casos de gripe aviária no Brasil
O Brasil entrou em estado de alerta após registrar os primeiros casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), também conhecida como Gripe Aviária. A doença foi identificada em aves silvestres no Espírito Santo, segundo divulgação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na tarde desta segunda-feira (15). O país continua livre da doença e o comércio internacional deve ser mantido.
Na quarta-feira (10), o Serviço Veterinário Oficial (SVO) iniciou a investigação de suspeita de influenza aviária após notificação recebida pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), em Cariacica.
Foram resgatadas duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando), uma localizada no município de Marataízes e outra no bairro Jardim Camburi, em Vitória, ambas no litoral do Espírito Santo.
Material para diagnóstico, amostras biológicas foram colhidas pelo SVO e enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), que confirmou se tratar de IAAP de subtipo H5N1. Esses foram os primeiros casos de IAAP registrados no Brasil.
Produtos brasileiros
A divulgação realizada pelo Ministério da Agricultura afirma que os demais países membros da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) – que já foi notificada pelo órgão, não devem impor proibições aos produtos avícolas brasileiros.
Contudo, a depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas pelos órgãos estaduais de sanidade agropecuária para evitar a disseminação de IAAP e proteger a avicultura nacional.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já declarou estado de alerta para aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial para incrementar a preparação nacional, aumentando a vigilância sobre a pandemia de IAAP.
O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) foi procurado pela reportagem e informou que aguarda as orientações do MAPA. Nas redes sociais, o ministro Fávaro agradeceu a colaboração do Governo do Espírito Santo para a identificação da doença.
A divulgação do Ministério da Agricultura também destaca que as medidas de prevenção serão intensificadas no sentido de conscientizar e sensibilizar a população, particularmente, os criadores de aves quanto a imediata notificação de casos suspeitos e o reforço das medidas de biosseguridade na produção avícola, incluindo orientações aos diferentes segmentos da sociedade, tanto no meio rural quanto urbano.
Organizações no Espírito Santo já haviam solicitado que os produtores capixabas redobrassem a atenção, em março de 2022, após recomendação de medidas preventivas para evitar a entrada da doença no território capixaba pelo MAPA.
Grupo Especial de Prevenção
Após confirmação oficial sobre a existência de um caso de IAAP em aves marinhas migratórias no Brasil, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que a entidade e todo o setor produtivo, juntamente com a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) seguem mobilizados para o monitoramento da situação identificada no Espírito Santo, por meio do comitê de crise denominado Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária (GEPIA).
A nota da Associação informa que não há qualquer mudança em relação ao abastecimento interno de produtos e que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.
Sobre a gripe aviária
A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Atualmente o mundo vivencia a maior pandemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais. De acordo com o MAPA, infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas) e não se deve tocar nem recolher aves doentes.
A primeira primeira morte em humanos por gripe aviária no mundo foi confirmada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em abril de 2023. Quem avistar aves doentes, pode acionar o serviço veterinário local ou realizar a notificação por meio do e-Sisbravet.
