ES: crise no setor e alerta contra a Gripe Aviária

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O Espírito Santo se destaca nacionalmente na produção de ovos. Foto: Guilherme Nascimento/Agência Pública

A produção das granjas capixabas caiu em 2022, além disso, o setor reforçou a adoção de medidas preventivas contra a gripe aviária

Por Amanda Amaral 

Além da redução da produção em 2022, o setor de avicultura no Espírito Santo redobrou a atenção em razão de preocupações com a Influenza Aviária ou Gripe Aviária, como também é conhecida. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) recomendou aos produtores medidas preventivas para evitar a entrada da doença no território capixaba.

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A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) ressalta que o Brasil é um país livre da Influenza Aviária, que é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves domésticas e silvestres. Segundo a entidade, a redução na produção está ligada aos custos, que tiveram elevação desde 2020, e refletiram em alguns segmentos da cadeia de proteína animal em todo o Brasil.

Em 2021, a produção foi de 14,5 milhões de ovos por dia no Espírito Santo. Já em 2022, houve uma queda, e foram produzidos 12 milhões de ovos por dia, redução de 17%. Segundo a AVES, a produção do frango de corte também foi impactada. Em 2021, o volume de abate foi de 142 mil toneladas contra 137 mil toneladas em 2022, uma variação de -3,5%. 

Origem da queda

“Isso aconteceu, fundamentalmente, porque o produtor e as indústrias não conseguiram repassar, na mesma medida, os custos de produção para o preço final dos produtos – destaco aqui ovos e frango – e isso acabou gerando a necessidade de se ajustar a produção”, explicou o diretor executivo da Aves, Nélio Hand.

A Associação também se preocupa com outra adversidade como a saída de alguns produtores da atividade. “A estimativa é de que na postura comercial nós tenhamos perdido cerca de 40 produtores aqui no Espírito Santo, a grande maioria de pequeno porte, de atividade familiar. Isso é um agravante muito forte e não se existe a perspectiva de recuperar essa produção em curto prazo”, disse Nélio Hand.

Para se ter uma ideia, Santa Maria de Jetibá concentra a maior produção de ovos de galinha do país. Para 2023, de acordo com o diretor executivo da AVES, os custos seguirão elevados e a produção, de maneira geral, deve ter uma recuperação, a expectativa é maior para o setor de carnes. “Mas dependemos de outros aspectos que, nós enquanto associação, estamos trabalhando. Se considerarmos somente os custos de produção, não existe uma perspectiva de grande recuperação”, disse.

Gripe Aviária

Para além da queda na produção, a Influenza Aviária, devido ao crescimento de casos do vírus em animais da América do Sul, ascendeu um alerta para o setor de avicultura capixaba. Em fevereiro, a AVES em conjunto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e o Ministério da Agricultura uniram esforços para diversas ações que buscam informar e reforçar a adoção de medidas preventivas para evitar a entrada da doença no Espírito Santo.

Hoje, o alojamento de aves no Estado só é permitido para as granjas que cumprem as medidas descritas na Instrução Normativa 56/2007 do Ministério da Agricultura, de acordo com o Idaf. Entre elas: telamento completo dos galpões de produção (impedindo o acesso de aves silvestres); cercamento dos núcleos de produção; desinfecção de veículos; controle de pessoas com restrição de acessos desnecessários; e outros.

O Idaf também faz o atendimento de notificação de casos suspeitos, coletando amostras quando necessário, e também controla o comércio de aves vivas em lojas agropecuárias. Segundo o órgão, a vigilância em aves de subsistência é executada como todos os programas de animais de subsistência do Idaf, com cadastramento obrigatório, vigilância com coletas de amostras seguindo o calendário nacional e atendimento de notificações de casos suspeitos.

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Nélio Hand, diretor executivo da AVES, comenta sobre os custos da produção do setor de avicultura capixaba. Foto: LinkedIn

Fator de transmissão

A auditora fiscal federal agropecuária, da Superintendência Federal de Agricultura Pecuária e Abastecimento no Espírito Santo (SFA/MAPA), Letícia Meireles Alves, explica que a exposição direta a aves silvestres infectadas é o principal fator de transmissão da Influência Aviária. Estas aves atuam como hospedeiro natural e reservatório do vírus, por isso, o MAPA tem comunicado as organizações ligadas ao meio ambiente, para ficarem atentas aos sinais clínicos nesses animais.

“Outros fatores de risco que contribuem para a transmissão da influenza aviária são a globalização e o comércio internacional, mercados e feiras de vendas de aves vivas, falhas de biosseguridade nas granjas, e as criações de aves para consumo próprio, que acabam estando mais desprotegidas. Os produtores de aves comerciais e de criações domésticas devem estar em alerta para notificar qualquer suspeita de Influenza aviária na sua criação”, explica Letícia Meireles Alves.