As importações capixabas subiram +17,33% em junho, um recorde histórico em valores, US$ 1,05 bilhão
Por Amanda Amaral
A quantidade do que é importado pelo Espírito Santo para outros países subiu +17,33% entre maio e junho, recorde histórico em valores, totalizando US$ 1,05 bilhão. O Espírito Santo agora ocupa o oitavo lugar no ranking entre os estados com maior participação nas importações brasileiras, com 4,41% neste mês.
Na comparação com junho de 2021, o crescimento foi de +78,65%, e no acumulado do primeiro semestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, foi de +63,87%. As informações são do Instituto Jones Santos Neves (IJSN).
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O grupo Combustíveis, Óleos minerais e Matérias betuminosas (+29,78) foi o principal responsável pela elevação ocorrida na variação mensal, sendo composto basicamente por carvão mineral.
Elevação dos preços
Enquanto o valor desse grupo aumentou +105,96%, no período, o volume cresceu +65,48%, correspondendo a um incremento de +24,46% em seus preços. O grupo responde por 97,91% das compras originadas na Austrália, país número um nas relações comercias do Estado em junho.
O aumento dos preços foi um movimento observado em todo o mundo, segundo a pesquisadora em Estudos Econômicos do IJSN, Paula Rubia Simões Beiral.
Setor produtivo
“Por aqui importamos bastante carvão mineral – combustível dos altos-fornos metalúrgicos, que pode ser recomposição de estoque ou indicação de uma possível retomada do setor, que no futuro pode corresponder a um aumento nas exportações. As importações capixabas respondem bastante ao setor produtivo”, comentou.
Isso ocorre porque dentre os produtos importados estão aqueles utilizados para a produção de outros produtos, que futuramente podem ser vendidos tanto no mercado interno quanto no externo, de acordo com a pesquisadora.
Na pauta importadora capixaba de junho de 2022, apenas o grupo Adubos (fertilizantes) tive queda em seus preços (-8,93%) frente ao mês anterior.
Exportações
Em contrapartida, houve queda (-31,52%) do que é exportado do Estado para outros locais do mundo, totalizando US$ 735,35. Paula Beiral avalia que a questão pode ser uma correção pontual, visto que em maio, o valor exportado estava muito acima da média histórica, total de US$ 1,07 bilhão, alta de +22,71%, frente à abril.
“Algumas empresas no exterior que compram os produtos capixabas trabalham com estoques, então alguns meses eles refazem estoques e nos meses seguintes, com estoques altos, a demanda pode cair”, explica.
Mesmo com a queda em junho, as exportações se encontram em patamar superior aos valores de 2019 e 2020, e ainda superior aos valores do início desse ano, ressalta a pesquisadora. Paula Beiral destacou ainda que no mês passado a queda foi puxada por “minério de ferro e seus concentrados”, principalmente, o que pode estar atrelado a uma menor demanda da China, que se encontra em uma crise imobiliária. “Lembrando que o Espírito Santo exporta pelotas e não minérios de ferro”, disse.
Contexto de longo prazo
Sobre a diferença quantitativa entre as importações e exportações no Espírito Santo, Paula Beiral frisou que ainda não é possível afirmar sobre mudanças estruturais nessa dinâmica.
“Esse movimento mensal é bastante conjuntural e um movimento não explica trajetórias estruturais, ou seja, é preciso ver o contexto de longo prazo da tendência das exportações e importações nos valores acumulados trimestral e anualmente”, afirma.