Os pais que detinham mando de campo para acompanhar os filhos na execução das tarefas escolares analógicas, agora precisam dominar também a linguagem da tecnologia
Por Arilda Teixeira
Que o mando de campo em termos de Ensino e Educação está sob nova direção, até as areias das praias sabem. O que parece estar inerte – por isso preocupa – é o comportamento dos responsáveis pelo Ensino que está sendo dado para essas crianças pelos professores. E o apoio familiar dos pais acompanhando o(s) filho(s).
Por razão simples: a quarta revolução tecnológica modificou, sem retirar significância, o padrão de acompanhamento do desempenho dos filhos pelos pais.
1º – Pela inclusão do uso de tecnologia no processo de ensino: exige mais presença dos pais e dos educadores no acompanhamento da execução das tarefas dadas aos alunos pelos professores. Ambos precisam ter algum domínio tecnológico. O “Para Casa” está mais complexo. E esses pais – que detinham mando de campo para acompanhar os filhos na execução das tarefas escolares analógicas – precisam dominar também a linguagem da tecnologia.
2º – Cabe lembrar que a qualidade do Ensino Básico do Brasil, para ficar ruim ainda tem que melhorar muito. Os pais, analógicos e de baixa qualificação, não conseguem orientar e acompanhar seus filhos em idade escolar nessa era tecnológica. Portanto, também precisam se ajustar ao padrão de comportamento que lhes cabe nesse novo contexto. Os pais também precisam se dar conta de que também estão “defasados” diante da extensão das mudanças que a revolução lhes causa – menos pela dificuldade de lidar com a tecnologia e mais pelo que essa mudança representa para o sistema de ensino brasileiro – que para ficar ruim ainda tem que melhorar muito.
3º – Na 2ª década do século XXI, os indivíduos, nascidos e criados no Século XX, com raras exceções, dominam o universo da tecnologia. Por enquanto, a maioria copia o que vê, a partir do que lhe foi indicado executar. O mando de campo é da máquina. “Os humanos”, por enquanto, são seus usuários. E é aí que entra a preocupação com o papel dos pais na educação de seus filhos – as crianças brasileiras do século XXI – haja vista que a maioria desses pais, além de serem do século XX, não receberam Ensino com qualidade adequada para dar-lhes o domínio cognitivo que os permite identificar o ambiente em que estão.
Cioso mencionar as estatísticas do IDEB. Fica aqui o alerta aos pais dessa geração de crianças, de que cabe-lhes acompanhar e orientar seus filhos em fase de alfabetização para que se alfabetizem e, com essa alfabetização, desenvolvam conhecimentos que lhes deem discernimento para decidir – empregabilidade – e conhecimento para usar e desenvolver tecnologia.
Atenção Srs Pais: Estão em suas mãos as capacidades de seus filhos serem tecnológicos. Não se omitam. Permaneçam aos seus lados até que estejam alfabetizados, adquiram capacidade para decidir e/ou identificar o que fazer com a tecnologia disponível. Att.: permanecer ao lado do filho é para prepará-lo para vencer desafios, por isso os pais precisam atualizar suas compreensões do que é alfabetização. Ainda há muito para se aperfeiçoar.
Está nas mãos dos pais e das instituições de ensino públicas o rumo que essa questão seguirá.
Arilda Teixeira é doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestra em Economia pela Universidade Federal Fluminense, coordenadora dos cursos de Gestão Estratégica de Negócios e de Gerenciamento de Projetos, da Pós-Graduação da Fucape Business School, e coordenadora do Projeto PIBIC FUCAPE.