Olhando os indicadores do 3º trimestre para a economia brasileira de 2012 a 2021(IBGE), com boa vontade, é possível ser otimista.
A mediana da taxa de crescimento do PIB foi de 1,25%. Nesses 10 anos, em quatro, o crescimento foi negativo – 2014, 2015, 2016 e 2020. Nos outros seis, pífios – 2,2% em 2013; 1,4% em 2017; 1,3% em 2018; 1,9% em 2019; e 4% no terceiro trimestre de 2021 – insuficientes para compensar as quedas anteriores.
Os resultados da atividade econômica do terceiro trimestre de 2021 não sinalizam crescimento próximo; mas também não eliminam a possibilidade de havê-lo.
Quando a economia insinuava uma possível recuperação em 2017 – volume de importação aumentara 5,7%; e em 2018 (13,5%) – teve seu pretenso crescimento abortado em 2019 – boa parte é explicada pela falta de iniciativa do Ministro de Economia para interagir com o da Saúde e, juntos, definirem estratégia conjunta para enfrentarem a pandemia do COVID-19. Uma desatenção que cerceou a economia, encareceu a assistência médica, e aumentou número de óbitos.
Esse duvidoso cenário, reforçou tendência à baixa atividade econômica – PIB de 1,2% em 2019, e negativo (-3,7%) em 2020. O crescimento do PIB no 3º trimestre de 2021 (4,0%) pode até dar algum alento aos otimistas. Mas a prudência sugere ir devagar com o andor, porque esse santo é de barro.
O percentual de aumento do Investimento Direto no País (IDP), entre 2012 e 2018 foi, respectivamente de, 26,2%; 25%; 24,9%; 23,6%; 25%; 27,2%, e 30,6%. Porém o País precisa viabilizá-lo. E isso inclui: oferecer ambiente de negócio com segurança jurídica, e mercado de trabalho qualificado, para reter o investidor estrangeiro, sem desamparar o doméstico. Cumprir esta tarefa não é trivial.
A agenda de mudanças estruturais está parada; enquanto o País, rico em recursos, empobrece perdendo oportunidades de negócios. Erros que colocaram 25% da população abaixo da linha de pobreza. E a população ocupada, com baixa qualificação, recebendo baixos salários. As taxas de desemprego em duas casas decimais desde 2016, quando chegou a 12,2%. Em 2017 foi 12,1%; 2018, 11,7%; 2019 11,8%; 2020 14,9%; e 2021, de 12,6%.
Além da injustiça social, há o desperdício do recurso mão-de-obra desempregada que, se fosse qualificada, geraria demanda, produção, renda e progresso técnico. Sem qualificação não há Capital Humano e, sem ele, o País continuará desperdiçando oportunidade de desenvolvimento. Este é o cenário que 2022 projeta.
Trazendo o foco da interpretação para o Espírito Santo, temos um contexto análogo ao do País – baixo potencial de mercado.
O Ranking de Competitividade dos Estados de 2021 mostra que o potencial de mercado do Espírito Santo em termos de taxa de crescimento está negativo em -0,9%. Em 2020 era positivo em 6,68%. No ranking geral, passou da 6ª posição em 2020, para a 63ª este ano.
Muito dessa queda explica-se pelos efeitos da pandemia. Mas, não elimina o fato de que, antes dela, o ritmo de crescimento estava desacelerado. Este status quo cerceou suas capacidades para impulsionar o crescimento.
O ES conta com o benefício de ter uma máquina pública eficiente nos procedimentos para o gasto. Mas, é nada eficiente nos procedimentos da prestação do serviço que estão incumbidos de executar – 63,17% dos processos judiciários represados nas gavetas.
Tem ainda uma economia pouco diversificada e com baixa intensidade tecnológica. Ou seja, precisa desenvolver seu potencial de mercado para atrair investimentos que farão sua economia desenvolver-se.
As obras das rodovias são um impulso para melhorar a atratividade econômico-financeira. Mas não são suficientes. Precisa de Capital-Humano não. Este dever de casa ainda não foi concluído pelo ES.
Arilda Teixeira é economista e professora da Fucape Business School