21 C
Vitória
domingo, 28 abril, 2024

Dignidade para os idosos, sempre

A quem cabe exercer e promover este valor humano, direito individual e que distingue uma sociedade socialmente saudável?

Por Robson Melo

A Dignidade é um direito humano muito falado, pouco entendido e muito pouco respeitado, embora o princípio seja um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito e tem sua previsão no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal.

- Continua após a publicidade -

Mas a quem cabe exercer e promover este valor humano, direito individual e que distingue uma sociedade socialmente saudável?

Dignidade é qualidade moral que infunde respeito, consciência do próprio valor. É honra, é nobreza, é brio. Por outro lado, a perda da dignidade, isto é, a indignidade, implica não poder exercer o amor-próprio, não se dar o devido valor ou ser impedido de tudo isso. Até aos condenados à pena capital, deve-se uma morte digna, assegurando cuidados paliativos e a oportunidade de “confessarem” seus pecados, as últimas coisas do seu orgulho humano.

Neste mês, no dia 15, celebramos o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Por isso, as questões que envolvem os idosos têm me ocupado de forma especial. E acho que escrever, debater sobre este tema tão relevante sempre é necessário.

E com certeza, há muito o que discutir sobre os idosos. Afinal, são constantes e diversos os tipos de violência cometidos contra essas pessoas. Mas, hoje, quero registrar uma história emocionante que envolve envelhecer com paixão e compaixão.

Esta história me veio à memória quando soube, na semana passada, da morte de uma idosa que, junto com seu marido, estava asilada em instituição de longa permanência (ILPI). Trata-se de um caso sobre o que é e quem promove a dignidade, concreta e muito real por causa da humanidade salientada ao fim de uma vida.

Este casal não teve filho gerado da sua união. Ela acolheu o filho dele. Mas, depois de 43 anos de um casamento sólido e feliz, ela teve problemas de saúde, precisou de cuidados e ficou acamada. O marido, sempre apaixonado, não abriu mão de ser o seu cuidador. Ele disse à época que “não permitiria que outros cuidassem do seu amor”.

Assim foi até que, anos depois, ele acometido de alzheimer moderado, também precisou de cuidados. Mas, saibam, como todo apaixonado é um teimoso, não ficou um dia sequer sem vê-la na ala das mulheres, nas consultas médicas ou mesmo nas eventuais internações hospitalares. Sempre, em todo esse tempo, foi a sua companhia.

Este é um exemplo de amor e dignidade. Amor de casal, amor de Deus, amor ao direito humano a esse valor básico, a dignidade, praticados pelo casal, na melhor expressão do amor divino; e apoiado pelo amor ao ser humano, este que é a missão genuína dos que militam nas instituições de longa permanência, abrigos, albergues e casas de acolhida.

Por isso, neste mês em que chamamos a atenção da sociedade para os idosos, optei por uma história de amor e dignidade, homenageando aqui este casal e todos os outros que até ao fim da vida, vão cuidar dos idosos e necessitados.

Isso é dignidade.

Robson Melo é gestor no Terceiro Setor e Presidente Executivo da Fundaes, a Federação do Terceiro Setor Capixaba.

Mais Artigos

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Fique por dentro

ECONOMIA

Vida Capixaba