Este dia é uma celebração das enormes contribuições dos afrodescendentes em todos os campos da atividade humana
Por Manoel Goes Neto
Em 31 de agosto, as Nações Unidas celebram o Dia Internacional de Pessoas Afrodescendentes. O secretário-geral da ONU, António Guterres, destaca que a data é um lembrete de que milhões de pessoas de ascendência africana ainda estão sujeitas ao racismo e à discriminação racial profundamente enraizada e sistêmica.
Acredito que datas como essa são importantes para definir a consciência coletiva. Os afrodescendentes são uma parte da humanidade que habita este planeta e que necessita, merece e deve ter o direito à Justiça no sentido lato – justiça racial, econômica e climática; onde o racismo e a xenofobia inviabilizam a democracia, que não pode conviver com ideias de violência, exclusão e perseguição.
Para construir a democracia, temos que derrotar o racismo. E para derrotar o racismo temos de entender que cada ato antirracista é um ato de amor à humanidade, e um ato de desamor à repressão e à violência. Até hoje, muitas pessoas não entendem que nós somos habitantes da Terra, independentemente da nossa cor. Esse trabalho de conscientização sobre o racismo é para que todo o mundo possa entender que todos nós temos importância para o desenvolvimento sustentável do mundo.
Após resolução liderada pela Costa Rica em dezembro de 2020, é celebrado em todo o planeta o Dia Internacional das Pessoas Afrodescendentes para promover um maior reconhecimento e respeito pela diversidade de herança, culturas e contribuições das pessoas afrodescendentes para o desenvolvimento das sociedades e para promover o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais de afrodescendentes.
Este dia é uma celebração das enormes contribuições dos afrodescendentes em todos os campos da atividade humana. É um reconhecimento muito esperado das profundas injustiças e discriminação sistêmica que os afrodescendentes têm sofrido por séculos e continuam a enfrentar hoje. E é um apelo urgente à ação de todos, em todos os lugares, para se comprometerem a erradicar o mal do racismo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Os capítulos mais graves da história humana mostram o que acontece quando esses direitos são negados e violados. Até hoje, essas abominações continuam em todo o mundo.
Devemos nos manter resistentes, fortalecidos, e a nossa luta não deve parar até que esses capítulos de discriminação cheguem ao fim necessário. Reconhecer o legado entrincheirado da escravidão, reparar os erros da história e destruir a mentira maligna da supremacia exige persistência e ação todos os dias, em todos os níveis, em todas as sociedades.
Manoel Goes Neto é produtor cultural, escritor e diretor no IHGES.